Na busca incessante por alternativas energéticas menos poluentes, a China dá um passo significativo com o desenvolvimento de um motor a amônia, marcando uma potencial virada na indústria de combustíveis.
O anúncio feito pelo Guangzhou Automobile Group Co. (GAC) no Tech Day 2024 revela um motor de 2.0 litros projetado para queimar amônia líquida de forma segura e eficiente, segundo a Bloomberg.
Esta inovação promete uma redução de até 90% nas emissões de carbono em comparação com os combustíveis fósseis tradicionais.
Historicamente, a amônia é utilizada em diversos setores, principalmente como fertilizante agrícola, mas sua aplicação como combustível em veículos é relativamente recente.
O motor da GAC não é o pioneiro nessa frente; há uma década, pesquisadores do Instituto Coreano de Pesquisa de Energia já haviam testado o AmVeh, um carro que operava com uma mistura de 70% de amônia e 30% de gasolina, reduzindo as emissões de carbono em 70%. No entanto, a GAC agora explora o potencial da amônia pura como combustível.
O motor apresenta uma potência de 120 kW (161 hp) e, apesar de ainda produzir dióxido de carbono, a emissão é drasticamente menor. Esta inovação surge num momento crucial, dado que a amônia pode ser produzida de maneira mais limpa do que outros combustíveis e transportada com mais eficiência.
Contudo, a manipulação da amônia exige cuidados devido à sua natureza corrosiva e perigosa para seres humanos e o meio ambiente.
Outras iniciativas estão explorando a ‘descomposição’ da amônia em hidrogênio e nitrogênio, utilizando células de combustível para produzir energia elétrica, enquanto outras se concentram em motores de combustão modificados. A estratégia da GAC, contudo, aposta na queima direta de amônia líquida.
A transição para a amônia como combustível não envolve apenas a inovação no design do motor. É necessária a construção de uma infraestrutura robusta para produção, armazenamento e distribuição de amônia. Este desafio logístico é amplificado pela necessidade de garantir a segurança no transporte e armazenamento deste combustível altamente volátil.
A aposta da China na amônia como substituto ao hidrogênio e combustíveis fósseis reflete uma mudança de paradigma na busca por soluções energéticas sustentáveis.
Enquanto o mercado global de hidrogênio continua a crescer, previsto para superar os 200 bilhões de dólares até 2025 segundo a CAS, a amônia emerge como um competidor viável com potencial para redefinir as normas de emissões e eficiência energética no setor de transportes.
O desenvolvimento e implementação de tecnologias como o motor a amônia da GAC são cruciais para alcançar reduções significativas nas emissões de carbono.
Este avanço tecnológico, juntamente com o compromisso em construir a infraestrutura necessária, poderá ser um marco na jornada global em direção a um futuro mais sustentável.
A inovação contínua e a colaboração entre setores comercial, acadêmico e governamental serão fundamentais para o sucesso dessa transição energética.
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