No programa ‘Bom Dia, Ministra’ desta quarta (5/6), ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação cita investimento de quase R$ 1 bilhão em laboratório e lembra ações voltadas ao RS
O Brasil será o primeiro país da América Latina a ter um laboratório de máxima contenção biológica, conhecido como NB4, e o primeiro do mundo conectado a uma fonte de luz síncrotron. O laboratório vai permitir condições inéditas para o monitoramento e o desenvolvimento de pesquisas com agentes biológicos das classes 3 e 4 (capazes de causar doenças graves e com alto grau de transmissibilidade).
O novo laboratório vai receber recursos de R$ 1 bilhão, previstos no Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Este foi um dos temas do programa Bom Dia, Ministra desta quarta-feira (5/6), que recebeu a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos. Para a ministra, o investimento demonstra que o setor é uma prioridade do Governo Federal.
“A primeira singularidade do nosso equipamento é ele será o único do mundo que vai se ligar a luz síncrotron, que permite olhar o microrganismo em escala nanométrica. E com isso você tem uma possibilidade de identificar um alto grau de transmissibilidade de doenças graves, se antecipando aos fenômenos que nós assistimos, das doenças endêmicas que ocorreram, como é o caso por exemplo da Covid-19”, afirmou a ministra.
“Então você tem a condição de se antecipar e tomar providências em um equipamento e ferramenta de pesquisa singular. São dois equipamentos, o acelerador de partículas, e o laboratório NB4, que vão ter essa importância na área da saúde.”
Em relação ao acelerador de partículas Sirius, maior e mais complexa infraestrutura científica do país, a fase 2 do projeto vai receber R$ 800 milhões do Novo PAC. Até 2026, a máquina vai ter 10 novas estações de pesquisa e 38 linhas de luz.
A luz síncrotron é usada para investigar a composição e a estrutura da matéria em variadas formas, possibilitando o desenvolvimento de soluções para saúde, agricultura e meio ambiente. No total, o Novo PAC vai investir quase R$ 8 bilhões em seis programas estratégicos para impulsionar a ciência e beneficiar toda a população brasileira entre 2023 e 2026.
Apoio ao RS
Durante a conversa com radialistas de várias regiões, Luciana Santos citou as ações do ministério para apoiar a população gaúcha e reconstruir o Rio Grande do Sul. Ela destacou a abertura da linha de crédito emergencial no valor de R$ 1,5 bilhão para empresas de inovação atingidas e investimentos de R$ 65 milhões para reparos de equipamentos de centros de pesquisa.
O conjunto de iniciativas do ministério para o estado inclui a antecipação do pagamento de bolsas e auxílios do CNPq e Capes, e a prorrogação do prazo de 5.532 bolsas a pesquisadores.
“Nós fizemos uma antecipação do pagamento para os pesquisadores bolsistas de mestrado, doutorado, e até as bolsas dos cientistas. Nós fizemos a prorrogação de dois meses da bolsa e antecipação também de um mês, disponibilizando os recursos das bolsas da ciência para quem desenvolve”, informou Luciana.
“Também nós fizemos um financiamento específico para as empresas do Rio Grande do Sul, podendo qualquer empresa utilizar 40% disso como capital de giro. Ou seja, ele pode até fazer reservas para pagamento de pessoal como um planejamento de reconstrução. 60% dos recursos são para micro e pequenas empresas, e podem se candidatar todas as empresas que praticam algum tipo de inovação. Também tem um pacote para os institutos de pesquisa para equipamentos e tem um pacote para o pesquisador, porque muitas vezes o pesquisador tem equipamento pessoal, até mesmo nas universidades”, explicou Luciana Santos
A ministra também citou como funciona o monitoramento por satélites, em parceria com outros países, para mapear regiões atingidas, e como isso pode auxiliar a prevenir os impactos das mudanças climáticas entre a população. O mapeamento por satélite também foi usado para definir as regiões onde a população gaúcha passou a ter direito ao Auxílio Reconstrução de R$ 5,1 mil.
Luciana Santos relata que as evidências científicas revelam que há um fenômeno do aquecimento global e isso causa esses eventos extremos. “A ciência existe exatamente para poder não só mostrar essas evidências, mas também para mitigá-las, e principalmente ter os dados de como isso acontece”, explica.
“O papel do nosso ministério, por exemplo, na previsão meteorológica. Nós temos o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), que usa dados de satélite e também de equipamentos em campo, com estações hidrológicas, estações geológicas, que medem do deslizamento de terra às enchentes.”
A chefe do MCTI informa contar com um pool de satélites e de dados, tarefa que não se limita ao Cemaden. “Nós usamos o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, que faz o monitoramento do desmatamento, usa dados de 270 satélites (de 17 agências) no mundo. A gente pede a eles e isso nos ajuda a dimensionar as enchentes, a prever o que vai acontecer”, relata.
“Agora mesmo, para poder providenciar as bolsas de ajuda da reconstrução de R$ 5,1 mil para as pessoas que foram atingidas pelas enchentes, a gente precisa ter a mancha, ou seja, qual é a região, qual é o espaço geográfico, e bater com os outros dados do Ipea, do Dataprev, que tem os dados do Bolsa Família, da Previdência, para exatamente não haver alguém que precisa que não está sendo atendido”, explicou a ministra.
A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação também citou que o Governo Federal vem ampliando a capacidade de monitoramento diário na Região Amazônica, o que permitiu a redução de 40% de desmatamento da Amazônia nos primeiros três meses deste ano, na comparação com o mesmo per[iodo do ano passado, contribuindo para o compromisso do país de zerar o desmatamento da floresta até 2030.
Publicado originalmente pela Agência Gov em 05/06/2024 – 11h54
Por Eduardo Biagini
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