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Brasil e África do Sul se recusam a participar de “arapuca” da Otan na Suíça

Lula decide não comparecer à cúpula da paz sobre a Ucrânia, considerada unilateral por analistas O presidente Luiz Inácio Lula da Silva optou por não participar da Cúpula da Paz sobre a Ucrânia, marcada para os dias 15 e 16 de junho em Lucerna, na Suíça. A decisão foi confirmada ontem (16) pela Secretaria-Geral da […]

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Secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg. Reprodução.

Lula decide não comparecer à cúpula da paz sobre a Ucrânia, considerada unilateral por analistas

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva optou por não participar da Cúpula da Paz sobre a Ucrânia, marcada para os dias 15 e 16 de junho em Lucerna, na Suíça. A decisão foi confirmada ontem (16) pela Secretaria-Geral da Presidência da República.

Além de Lula, o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, também anunciou sua ausência devido a compromissos constitucionais pós-eleitorais. Da mesma forma, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, não deve comparecer ao evento, ocupado por questões eleitorais.

A cúpula, convocada em janeiro pelo presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e organizada pela presidente da Confederação Suíça, Viola Amherd, tem o apoio do Ocidente e atraiu a participação de mais de 50 dos 160 países convidados. Contudo, a ausência da Rússia tem gerado críticas quanto à imparcialidade do evento.

O professor Williams Gonçalves, da UERJ, considera que a decisão de Lula é coerente, visto que a cúpula começa com uma pauta favorável apenas à Ucrânia, sem considerar as posições russas. Ele destaca que a reunião se baseia em um documento ucraniano que exige a retirada total das tropas russas, o que inviabiliza um diálogo verdadeiro para a paz.

A doutoranda Nathana Garcez Portugal, do Programa de Pós-Graduação San Tiago Dantas, também vê a ausência da Rússia como um fator que limita a eficácia da cúpula. Segundo ela, sem a participação de uma das partes envolvidas, as resoluções do evento podem carecer de efetividade. Ela observa ainda que metade dos confirmados são países europeus, o que alinha o evento mais aos interesses da OTAN e da Ucrânia.

Hugo Albuquerque, jurista e editor da Autonomia Literária, reforça que a cúpula ocorre em um momento de crescente divisão entre os países ocidentais e o Sul Global. Ele critica as sanções ocidentais contra Rússia e China e o apoio a Israel, destacando que não há sinceridade nas intenções do Ocidente, que busca derrotar a Rússia a qualquer custo.

A Rússia, por sua vez, não foi convidada para a cúpula. O porta-voz da embaixada russa em Berna, Vladimir Khokhlov, afirmou que Moscou não participaria de qualquer forma, já que a conferência apresenta uma fórmula de paz inviável, desconsiderando os interesses russos. Analistas sugerem que a exclusão da Rússia se deve à estratégia ocidental de unificar seus aliados em torno da visão dos Estados Unidos, o que inclui a marginalização da Rússia.

O embaixador indiano reformado Anil Trigunayat sublinha que qualquer fórmula de paz será inútil sem a participação de todas as partes envolvidas. Ele menciona que a recente visita do presidente russo Vladimir Putin à China reforçou a aliança entre Moscou e Pequim, indicando que a inclusão de ambas as partes em conflito é crucial para uma resolução eficaz.

A falta de interesse dos países do BRICS na cúpula reflete um ceticismo em relação ao evento. Gonçalves acredita que a decisão de Lula está alinhada com a posição dos países do BRICS de não participar de uma cúpula vista como uma tentativa de legitimar a posição da Ucrânia e fragmentar a liderança do Sul Global.

Nathana Garcez Portugal aponta que poucos países africanos e sul-americanos confirmaram presença, o que indica preocupações quanto à efetividade do evento. Já Albuquerque conclui que a cúpula serve apenas para pressionar ou cooptar países não alinhados à OTAN a mudar sua postura em relação à Rússia, caracterizando o evento como uma “arapuca”.

Com informações da Sputnik Brasil.

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