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Nobel de economia diz que EUA esnobou potencial econômico e global da China

O economista e vencedor do prêmio Nobel, Joseph Stiglitz, discute as mudanças e os desafios contínuos da globalização e das políticas econômicas. Durante uma entrevista ao Valor, onde foi pedido que suas perguntas fossem enviadas antecipadamente, Stiglitz expressou otimismo sobre a mudança na percepção global em relação às regras comerciais, um tema central em sua […]

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Joseph Stiglitz/REUTERS

O economista e vencedor do prêmio Nobel, Joseph Stiglitz, discute as mudanças e os desafios contínuos da globalização e das políticas econômicas.

Durante uma entrevista ao Valor, onde foi pedido que suas perguntas fossem enviadas antecipadamente, Stiglitz expressou otimismo sobre a mudança na percepção global em relação às regras comerciais, um tema central em sua crítica ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e à globalização.

Em um contexto onde a inflação nos Estados Unidos mostrou sinais de estabilização, o economista apontou para a validação de sua visão de que a alta dos preços era uma condição “transitória”, relacionada a problemas nas cadeias de abastecimento, contrariando outras perspectivas que previam um necessário aumento no desemprego para controlar a inflação.

Stiglitz, que já atuou como presidente do conselho de assessores econômicos do presidente Bill Clinton e como economista-chefe do Banco Mundial, também refletiu sobre os desafios enfrentados pelos Estados Unidos e outros países ocidentais na adaptação a um mundo em que a China se tornou uma potência comercial importante.

Ele critica a falta de transparência no sistema chinês e a ineficácia do sistema de comércio global, exacerbada pela recusa dos EUA em aprovar novos juízes para o órgão de apelações da Organização Mundial do Comércio (OMC).

“Em muitos aspectos, devido à pouca transparência do sistema deles, não sabemos totalmente”, disparou.

O Nobel também admitiu que mesmo sem subsídios, a China “poderia vencer a concorrência simplesmente em razão da escala de sua economia e do número de engenheiros que tem. Investimos pouco em engenharia e eles investem muito, e isso não é uma violação comercial.

É um erro estratégico [nosso]. Eles se colocaram em uma vantagem comparativa e ainda não aceitamos isso”, completou.

A entrevista também abordou questões de desindustrialização no Ocidente e as políticas para a criação de empregos industriais verdes nos EUA, como a fabricação de carros elétricos e painéis solares, enfrentando o desafio das importações chinesas.

Stiglitz vê a política climática como um campo em que regulações podem ser mais eficazes do que subsídios, citando o exemplo da China e seu rápido avanço na produção de veículos elétricos.

Além disso, o economista analisou a recente política econômica dos EUA sob a administração de Joe Biden, que adotou medidas pró-trabalhadores, refletindo algumas das visões de Stiglitz sobre a necessidade de um maior foco no bem-estar dos cidadãos em detrimento dos interesses corporativos.

“Se não tivéssemos feito nada a não ser normalizar as taxas de juros para 3%, 3,5%, 4%, a inflação hoje seria um pouco diferente do que é”, declarou.

“Inevitavelmente haverá variações mês a mês… Mas a inflação caiu dramaticamente – como ‘o lado da tese transitória’ havia previsto -, sem que o desemprego aumentasse como economistas que defendiam outra tese diziam que era necessário”, emendou.

Stiglitz está atualmente promovendo seu novo livro, “The Road to Freedom“, que examina a concepção de liberdade nos Estados Unidos, contrastando-a com as práticas econômicas europeias que, segundo ele, oferecem melhores condições de vida, apesar de menor crescimento econômico e inovação tecnológica quando ajustados demograficamente.

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