Dados divulgados pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo nesta segunda-feira, 29, indicam um aumento significativo no número de pessoas mortas por policiais militares em serviço no estado.
Foram registradas 179 mortes nos primeiros três meses de 2024, um aumento de 138% em relação ao mesmo período do ano passado, que teve 75 casos.
Este é o maior número de fatalidades em ações da PM desde 2020, que contabilizou 218 vítimas. Uma das principais causas apontadas para o súbito aumento é a Operação Verão, realizada na Baixada Santista, que culminou em 56 mortes e terminou no dia 1º de abril.
A operação, que se intensificou após a morte do soldado Samuel Wesley Cosmo, atraiu críticas significativas, incluindo uma queixa ao Conselho de Direitos Humanos da ONU por parte da Conectas Direitos Humanos e a Comissão Arns.
Questionado pela Folha sobre as denúncias de abusos, o governador Tarcísio de Freitas disse que não se importa com as críticas internacionais ou qualquer outra acusação.
Cláudio Aparecido da Silva, Ouvidor da Polícia Militar, não escondeu sua preocupação com os números. “É alarmante e exige uma reflexão sobre o tipo de policiamento que desejamos”, comentou ao jornal.
Eduardo Viveiros de Freitas, cientista político da PUC-SP, criticou a liderança dentro da polícia, afirmando que há uma confusão entre oferecer apoio e tolerar a truculência. “É necessário estabelecer um comando claro e uma política de segurança que garanta tanto o suporte quanto o controle”, afirmou.
Adicionalmente, o Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial (Gaesp) do Ministério Público de São Paulo iniciou uma investigação sobre alegações de que vítimas fatais da Operação Verão foram levadas como vivas aos hospitais.
A Operação Verão é considerada a segunda mais letal na história policial de São Paulo, superada apenas pelo massacre do Carandiru em 1992.
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