Domingos Brazão, político experiente e atual conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, foi indicado pelo atirador Ronnie Lessa como um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes. Essa informação foi divulgada pelo site The Intercept Brasil.
Lessa, preso desde 2019, realizou recentemente um acordo de delação premiada com a Polícia Federal, revelando novos detalhes do caso. Este acordo ainda aguarda homologação pelo Superior Tribunal de Justiça.
Aos 58 anos, Brazão lidera um influente grupo político na zona oeste do Rio, conhecida como berço das milícias. Ele foi deputado estadual por cinco mandatos consecutivos, período marcado por controvérsias e acusações de corrupção, até ser afastado e posteriormente nomeado conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro. Em seu histórico, constam acusações de improbidade administrativa, fraude, envolvimento na ‘máfia dos combustíveis’ e associação com milícias para compra de votos.
Em 2011, Brazão teve seu mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral do RJ por suposta compra de votos, mas a decisão foi suspensa por uma liminar do Tribunal Superior Eleitoral no mesmo ano.
O envolvimento de Brazão no caso Marielle surgiu publicamente em 2019, após o depoimento do policial militar Rodrigo Jorge Ferreira, que acusou o vereador Marcello Siciliano e o miliciano Orlando Curicica como mandantes. A Polícia Federal suspeitou que as acusações contra Siciliano e Curicica visavam obstruir as investigações, e que Ferreira agia em nome do grupo ilegal “Escritório do Crime”, posteriormente associado a Brazão.
A Procuradoria Geral da República solicitou ao STJ a investigação de Brazão por suspeita de usar um policial federal aposentado, ex-funcionário de seu gabinete no TCE-RJ, para induzir Ferreirinha a um falso testemunho. A investigação indicou que o policial aposentado poderia ter ligação com o Escritório do Crime. No entanto, em 2023, a Justiça do Rio rejeitou a denúncia contra Brazão por obstrução da justiça.
Em outubro do ano passado, o nome de Brazão ressurgiu após a delação premiada de Élcio Queiroz, ex-policial militar que dirigiu o carro usado por Lessa no assassinato. A delação de Queiroz detalhou o crime, mas não citou Brazão nominalmente.
A principal hipótese nas investigações que envolvem Brazão, segundo sites de jornalismo que acompanham o caso, é uma possível vingança contra o ex-deputado Marcelo Freixo, então filiado ao PSOL. Brazão e Freixo tiveram disputas políticas na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Marielle trabalhou com Freixo por dez anos antes de ser eleita vereadora em 2016.
A rivalidade entre os dois parlamentares remonta a 2008, quando Brazão foi mencionado no relatório final da CPI das Milícias, presidida por Freixo, como um dos políticos autorizados a fazer campanha em Rio das Pedras. Em 2017, Freixo desempenhou um papel crucial na Operação Cadeia Velha, que ocorreu cinco meses antes do assassinato de Marielle e resultou na prisão de importantes políticos do MDB no Rio de Janeiro.
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