Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Joe Biden, em reunião bilateral durante a Assembleia-Geral da ONU em Nova York, concordaram em emitir um comunicado conjunto nesta quarta-feira (20). No comunicado, eles enfatizam a importância de “priorizar os interesses dos trabalhadores nas decisões políticas”. Esta iniciativa visa destacar um tema de convergência entre Brasil e Estados Unidos, ao mesmo tempo em que evita abordar questões delicadas, como o conflito na Ucrânia.
Os dois governos compartilham a preocupação com a crescente precarização do trabalho em escala global. O comunicado, intitulado “Coalizão Global pelo Trabalho”, resulta de uma colaboração entre os dois países para enfrentar esse desafio. Lula e Biden contam com o apoio dos sindicatos como parte essencial desse esforço conjunto.
“Os trabalhadores e os seus sindicatos lutaram pela proteção no local de trabalho, pela justiça na economia e pela democracia nas nossas sociedades – eles estão no centro das economias dinâmicas e do mundo saudável e sustentável que procuramos construir para os nossos filhos. Face aos complexos desafios globais, desde as alterações climáticas ao aumento dos níveis de pobreza e à desigualdade econômica, devemos colocar os trabalhadores no centro das nossas soluções políticas”, diz trecho do texto.
Existe um consenso compartilhado de que o surgimento da extrema direita tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos está vinculado à diminuição do apoio dos partidos progressistas, como o PT e o Partido Democrata americano, entre os trabalhadores em situação de empobrecimento.
Essa colaboração faz parte de uma estratégia adotada por Washington para limitar a influência da China no Sul Global. Na Assembleia-Geral da ONU, Lula e Biden proferiram discursos alinhados em vários aspectos, destacando a convergência de suas posições.
Confira na íntegra do documento, que também foi divulgado em inglês:
“Declaração Conjunta Brasil-EUA sobre a Parceria pelo Direito dos Trabalhadores
Nossos governos afirmam o compromisso mútuo com os direitos dos trabalhadores e a promoção do trabalho digno.
Os trabalhadores construíram os nossos países – desde as nossas infraestruturas mais básicas e serviços críticos, à educação dos nossos jovens, ao cuidado dos nossos idosos, até as nossas tecnologias mais avançadas. Os trabalhadores e os seus sindicatos lutaram pela proteção no local de trabalho, pela justiça na economia e pela democracia nas nossas sociedades – eles estão no centro das economias dinâmicas e do mundo saudável e sustentável que procuramos construir para os nossos filhos. Face aos complexos desafios globais, desde as alterações climáticas ao aumento dos níveis de pobreza e à desigualdade econômica, devemos colocar os trabalhadores no centro das nossas soluções políticas. Devemos apoiar os trabalhadores e capacitá-los para impulsionar a inovação que necessitamos urgentemente para garantir o nosso futuro.
Hoje, os Estados Unidos e o Brasil anunciam o lançamento da nossa iniciativa global conjunta para elevar o papel central e crítico que os trabalhadores desempenham num mundo sustentável, democrático, equitativo e pacífico. Já compartilhamos a compreensão e o compromisso de abordar questões críticas de desigualdade econômica, salvaguardar os direitos dos trabalhadores, abordar a discriminação em todas as suas formas e garantir uma transição justa para energias limpas. A promoção do trabalho digno é fundamental para a consecução da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Também estamos preocupados e atentos aos efeitos no trabalho da digitalização das economias e do uso profissional da inteligência artificial no mundo do trabalho.
Com esta nova iniciativa, pretendemos expandir a nossa ambição e reforçar nossa parceria para enfrentar cinco dos desafios mais urgentes enfrentados pelos trabalhadores em todo o mundo: (1) proteger os direitos dos trabalhadores, tal como descritos nas convenções fundamentais da OIT, capacitando os trabalhadores, acabando com exploração de trabalhadores, incluindo trabalho forçado e trabalho infantil; (2) promoção do trabalho seguro, saudável e decente, e responsabilização no investimento público e privado; (3) promover abordagens centradas nos trabalhadores para as transições digitais e de energia limpa; (4) aproveitar a tecnologia para o benefício de todos; e (5) combater a discriminação no local de trabalho, especialmente para mulheres, pessoas LGBTQI e grupos raciais e étnicos marginalizados. Pretendemos trabalhar em colaboração entre os nossos governos e com os nossos parceiros sindicais para fazer avançar estas questões urgentes durante o próximo ano, vislumbrando uma agenda comum para discutir com outros países no G20 e na COP 28, COP 30 e além.
Saudamos o apoio e a participação dos líderes sindicais dos nossos países e das organizações globais, bem como da liderança da Organização Internacional do Trabalho, e esperamos que outros parceiros e aliados se juntem a este esforço. Juntos, podemos criar uma economia sustentável baseada na prosperidade compartilhada e no respeito pela dignidade e pelos direitos dos trabalhadores.”
Nenhum comentário ainda, seja o primeiro!