Vítima de uma campanha covarde de fake news: é assim que o advogado Frederick Wassef se designou à imprensa. Nesta quinta-feira (31), ele foi um dos oito convocados pela Polícia Federal para depor em conjunto a respeito do caso das joias.
“Quero aproveitar o momento para dizer o seguinte: Eu tenho sido vítima de uma campanha covarde de fake news, eu estou absolutamente tranquilo, jamais cometi qualquer irregularidade ou ilícito”, disse Wassef na porta da superintendência da PF em São Paulo, aos jornalistas.
O advogado, que se apresenta como o “oficial” de Jair Bolsonaro, se esquivou de perguntas de esquemas polêmicos que os envolve, como a compra do relógio de luxo da marca Rolex e um arsenal de armas em seu nome.
“Eu, Frederick Wassef, jamais mudei de versão, jamais voltei atrás. Olha, tem 30 jornalistas aqui e eu sozinho, eu desafio um dos senhores, me mostre uma gravação, uma fala minha, onde eu disse que eu neguei que eu comprei o relógio, jamais”, afirmou.
Ao ser questionado sobre as 32 armas, sendo 12 fuzis, registradas em seu nome, Wassef trocou de assunto. Os itens já foram alvo de buscas da Polícia Federal, mas, ainda que as autoridades já tenham procurado em vários endereços dos advogados, nenhum deles foi encontrado.
“Eu acho que vocês deveriam focar nas pautas de armas nas comunidades, que têm um verdadeiro exército armado com armas de guerra, esse tipo de coisa. A pauta daqui é joias, se vocês querem falar de outra coisa, marcamos uma coletiva de imprensa”, continuou.
O delegado responsável pela oitiva de Wassef fez perguntas enviadas pela sede da PF em Brasília ao advogado, onde os outros 7 depoentes são ouvidos. São eles: o ex-presidente Jair Bolsonaro e sua esposa Michelle Bolsonaro; o tenente-coronel e ex-ajudantes de ordem de Bolsonaro, Mauro Cid, e seu pai, general Mauro Lourena Cid; os militares da Ajudância de Ordens, Marcelo Câmara e Osmar Crivelatti; e, por fim, o ex-secretário de Comunicação, Fábio Wajngarten.
Durante a oitiva de Wassef, ele afirmou que não poderia se manifestar sobre o inquérito, uma vez que ainda está sob segredo de justiça. “Sobre hoje, não tenho nada a declarar”, afirmou.
Nos primeiros momentos, o advogado negava relação com o caso das joias árabes dadas de presente ao governo brasileiro durante a gestão Bolsonaro. Depois, Wassef admitiu ter recomprado um dos itens que foram vendidos no exterior, neste caso, o relógio Rolex.
O item de luxo havia sido negociado ilegalmente nos Estados Unidos e é o nome do advogado que aparece no recibo de recompra do mesmo relógio vendido por Mauro Cid.
Com o intuito de se defender, Wassef disse que comprou o Rolex de US$ 49 mil, cerca de R$ 24.706,80, com dinheiro próprio, apenas para “presentear o governo brasileiro”. Ele também negou que tivesse feito o resgate da joia a mando de Cid.
O advogado insistiu que só soube do episódio das joias através da imprensa, quando foi procurado pelo jornal Estadão em março deste ano. “Estou sendo perseguido por alguns jornalistas que não agem com compromisso com a verdade”, completou.
Em Brasília, Bolsonaro, Michelle e Wajngarten ficaram em silêncio no depoimento, enquanto Mauro Cid falou aos policiais. O objetivo da PF é apurar mais informações no âmbito da Operação Lucas 12:2, que investiga o ex-presidente por supostos crimes de peculato e lavagem de dinheiro. O ministro responsável pelo inquérito é Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
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