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Argentina no BRICS aponta uma saída eleitoral à esquerda

Se Sérgio Massa for eleito presidente um novo caminho se abrirá para Argentina se libertar do FMI e da crise inflacionária por ele gerada. Fascistas e neoliberais se posicionam contra a adesão Bruno Falci, de Buenos Aires, para O Cafezinho O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, expressou sua “satisfação” pela entrada de mais […]

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Alberto Fernández, presidente da Argentina, em reunião com Dilma Rousseff, presidenta do Banco dos BRICS | Twitter

Se Sérgio Massa for eleito presidente um novo caminho se abrirá para Argentina se libertar do FMI e da crise inflacionária por ele gerada. Fascistas e neoliberais se posicionam contra a adesão

Bruno Falci, de Buenos Aires, para O Cafezinho

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, expressou sua “satisfação” pela entrada de mais países no BRICS e fez uma menção “especial” à Argentina e ao seu homólogo Alberto Fernández, a quem chamou de “um grande amigo do Brasil e do mundo em desenvolvimento”. E acrescentou: “Argentina é um país que tem que crescer junto com a gente”

Os líderes dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul), os cinco países que compõem o fórum que representa atualmente 36% do PIB mundial e 46% da população do planeta, anunciaram esta quinta-feira a admissão “histórica” de seis novos membros a partir do próximo ano, num momento em que esse bloco de países emergentes procura ganhar influência global. Argentina, Egito, Etiópia, Arábia Saudita, Irã e Emirados Árabes Unidos ingressarão no grupo a partir de 1º de janeiro de 2024.

No total, 67 países apresentaram a sua candidatura para aderir a este bloco econômico-comercial que compete com os Estados Unidos e a Europa. Uma das principais propostas da cúpula foi promover o comércio em moedas locais para reduzir a dependência do dólar. No documento final, o bloco destacou a importância de promover o uso de moedas locais no comércio internacional e nas transações financeiras, bem como entre outros países em desenvolvimento.

Para a Argentina, ingressar neste grupo representa a oportunidade de ampliar ainda mais seus horizontes comerciais e aumentar suas exportações, o que por sua vez contribuiria para a entrada de divisas em um contexto complicado marcado pela escassez de reservas do Banco Central, pela inflação elevada e pelo acordo com o FMI. Estar dentro do bloco permite o acesso a empréstimos com taxas acessíveis para áreas como infraestrutura, saúde e educação. Foi precisamente isso que motivou o governo argentino a adotar uma posição favorável em relação ao BRICS e ao seu papel no contexto geopolítico.


“É com satisfação que o Brasil dá boas-vindas à Arábia Saudita, Argentina, Egipto, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã”, disse o presidente Lula no último dia do encontro, que se realizou em Joanesburgo, com os presidentes Xi Jinping da China, o presidente da África do Sul Cyril Ramaphosa, o primeiro-ministro Narendra Modi da Índia e o Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov.
Lula foi um grande impulsionador da incorporação da Argentina ao bloco. Nesta mesma terça-feira, antes de participar na cúpula de presidentes dos países do BRICS na África do Sul, Lula manifestou-se a esse respeito: “Defendo que nossos irmãos argentinos possam participar do BRICS. Veremos na reunião se será agora, daqui a dois meses ou no futuro, mas é importante que a Argentina entre no BRICS. O Brasil não pode fazer uma política de desenvolvimento industrial sem esquecer que a Argentina é um país que tem que crescer junto com a gente, que tem poder de compra”, afirmou.

Declarando-se “profundamente impressionado com a maturidade” do grupo, cuja “relevância se confirma”, Lula destacou que “a diversidade fortalece a luta por uma nova ordem, que se adapte à pluralidade económica, geográfica e política do século XXI”.

“A presença nesta reunião dos BRICS de dezenas de líderes de outros países do Sul Global mostra que o mundo é mais complexo do que a mentalidade de Guerra Fria que alguns querem restaurar”, afirmou em declarações reproduzidas pela agência de notícias AFP.

Após a incorporação da Argentina ao bloco de economias emergentes, o presidente argentino Alberto Fernández fez um comunicado em rede nacional. Em seu pronunciamento, destacou que “fazer parte do BRICS nos fortalece” e considerou que ser membro desta aliança “abre um novo cenário para a Argentina”. E acrescentou:

“Vamos ser protagonistas de um destino comum num bloco que representa mais de 40% da população mundial. Continuamos a fortalecer relações fecundas, autônomas e diversificadas com outros países do mundo”, afirmou. Da mesma forma, o presidente considerou que a adesão aos BRICS “é um objetivo coerente com a nossa busca de projetar o nosso país como um interlocutor chave e um potencial articulador de consensos em colaboração com outras nações”.

A inclusão da Argentina no BRICS a partir do próximo ano, quando então já estará empossado o novo presidente do país, alterou os ânimos dos candidatos oposicionistas Patrícia Bullrich, da direita neoliberal, e Javier Milei, da extrema-direita. Ambos rejeitaram a novidade. Ambos não escondem sua forte aliança com os Estados Unidos ou, se preferir, com o mundo unipolar. Mas também expressaram imediatamente suas preocupações com a possível influência na corrida eleitoral, que apresenta um quadro de equilíbrio nas pesquisas, e com a possibilidade de fortalecimento da candidatura de Sergio Massa, ministro da Economia e candidato da esquerda peronista.

O cenário do país é de grave crise econômica, com saques a supermercados e lojas que ocorreram recentemente, consequência da dívida contraída junto ao FMI- Fundo Monetário Internacional pelo governo direitista de Mauricio Macri (2015-2019), Tudo começou com um empréstimo de 48 milhões de dólares ao organismo, tendo como objetivo, de fato, utilizar esse dinheiro para sua reeleição. Desta forma, a Argentina ficou subordinada às políticas econômicas determinadas pelo FMI, tais como arrojo salarial, privatizações, a redução dos programas sociais e enxugamento da máquina pública do Estado. Em consequência, gerou uma inflação descontrolada no país, provocando a desvalorização do salário e o aumento da pobreza.

A candidata do Juntos pela Mudança Patricia Bullrich, que foi ministra da Segurança do governo Macri disse em um evento de empresários: “Quero deixar uma coisa bem clara: somos contra a adesão ao BRICS”. Não há motivação econômica em sua fala, mas apenas uma busca de saída ideológica, misturando “invasão da ucrânia” com o BRICS. Ela prometeu aplicar um “capitalismo de regras”, sem explicitar o que, de fato, isso significa.

Por sua vez, o candidato do A Liberdade Avança, Javier Milei, também com uma receita ideológica, rejeitou a admissão da Argentina no BRICS, depois que Alberto Fernández anunciou a entrada do país no grupo: “Nosso alinhamento geopolítico é os Estados Unidos e Israel. Não vamos nos alinhar com os comunistas”,

O quem fica são as palavras de Alberto Fernández que, em seu pronunciamento ao país considerou a adesão ao BRICS como “um objetivo coerente com a nossa busca de projetar nosso país como um interlocutor-chave e um potencial articulador de consensos em colaboração com outras nações”. E finalizou afirmando que “a Argentina foi, é e será um país integracionista. É política de Estado buscar a integração”.

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Comentários

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Paulo

25/08/2023 - 22h50

Como assim, ” é política se integrar”? Com os que “vieram da selva”? Isso ninguém fala, isso ninguém diz…


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