O Banco de Desenvolvimento do Novo (NDB), conhecido como o Banco dos Brics, emitiu pela primeira vez obrigações no mercado de títulos da África do Sul, utilizando a moeda local, o Rand. A iniciativa está alinhada com o propósito estabelecido para a nova presidente da instituição, Dilma Rousseff, que pretende promover as moedas dos países membros e buscar uma maior autonomia em relação ao dólar.
Ao realizar operações na África do Sul, o banco se tornou o emissor com a classificação mais elevada a ingressar nos mercados desde 2015, em Rands. Esse movimento ocorre pouco antes da cúpula dos Brics, que acontecerá na África do Sul. Na pauta dos presidentes, serão abordados dois tópicos principais: o aumento do uso de moedas locais, em substituição ao dólar norte-americano, e o estabelecimento de critérios para a expansão da aliança a novos membros.
Foram disponibilizados 2,5 bilhões de Rands em títulos com vencimentos de 3 e 5 anos. Segundo o banco, a “demanda foi amplamente diversificada, com 71% das ofertas sendo alocadas para investidores institucionais e o restante para instituições bancárias locais”.
“O NDB está buscando aumentar sua presença nos mercados de capitais locais de seus países membros, para financiar seu robusto portfólio de empréstimos em moeda local”, declarou o vice-presidente e diretor financeiro do NDB, Leslie Maasdorp.
“Os recursos serão usados para financiar projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável na África do Sul e o resultado bem-sucedido estabelece o padrão para futuras emissões do NDB”, afirmou. Atualmente, o banco ostenta um rating de emissor AA+ pela S&P e AA pela Fitch. A emissão foi realizada na Bolsa de Valores de Johanesburgo.
Dilma segue a linha política de Lula e Xi Dilma Rousseff assumiu a presidência do banco em março
Durante sua primeira conferência de imprensa, deixou bem claro que fortalecer as moedas locais seria sua principal prioridade, uma diretriz reforçada por líderes como Xi Jinping e o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.
Conforme destacou Dilma, uma das suas metas é ampliar o fornecimento de crédito em moedas locais. “Minha principal missão é contribuir para que, primeiro, o banco se fortaleça. As nossas moedas, de cada um dos países”, comentou.
“Assim sendo, quando tomam emprestado, tomam em moedas que não são relativas a eles. Como o dólar ou euro. E estão sujeitos aos problemas derivados de crises, baseada em questões cambiais e sujeitos a absorver todos os choques e flutuações que possam ocorrer quando a política monetária mude de direção”, afirmou a ex-presidente.
De acordo com suas declarações, a operação com moedas locais visa conferir maior resiliência às empresas da região. Quando questionada sobre a viabilidade de estabelecer uma moeda única, Dilma não descartou a ideia, comentando que é uma proposta que não pode ser descartada. “Tem que ser considerada. O mundo está passando por transformação. Não é uma moeda contra outra. Não é discutir. Queremos somar. Vamos continuar a buscar mercado de dólar. Mas vamos considerar que é muito importante o mercado asiático e de moedas locais”, disse.
No Brasil, o banco investiu até o momento US$ 5,9 bilhões em créditos destinados a diversos projetos desde 2018. No corrente ano de 2023, a instituição financiou apenas um projeto no Brasil, que consiste na ampliação da infraestrutura de água e saneamento em Pernambuco, totalizando um montante de US$ 202 milhões.
Dilma enfatiza que a tendência de utilizar moedas locais ganhou impulso após a crise financeira de 2008 e a regionalização do comércio. Além disso, ela destaca que tanto a China quanto a Arábia Saudita já firmaram acordos para possibilitar o comércio de petróleo, proveniente do principal exportador global de combustíveis, em yuan.
A ex-presidente também lembrou que em 1945 um acordo entre os Estados Unidos e a Arábia Saudita para adquirir petróleo em dólar contribuiu para a hegemonia da moeda norte-americana. Contudo, ela observa que atualmente a situação é diferente.
No ano de 2021, o NDB deu início à expansão de seus membros, admitindo Bangladesh, Egito, Emirados Árabes Unidos e Uruguai como novos países membros.
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