Segundo reportagem da Folha assinada por Marcelo Rocha, o ex-presidente Jair Bolsonaro teria simulado um atrito com o TCU (Tribunal de Contas da União) com o objetivo de ganhar tempo para recuperar joias que estavam nos Estados Unidos.
Em março, sua defesa alegou que a demora na entrega de presentes recebidos de autoridades estrangeiras se devia à “burocracia” do TCU. Esses presentes estão atualmente sob investigação da Polícia Federal.
Enquanto Bolsonaro e sua equipe reclamavam dos procedimentos do TCU, estavam finalizando os trâmites para recuperar os itens e entregá-los ao Estado brasileiro. Essas joias haviam sido previamente levadas para os EUA.
No final de março, a defesa de Bolsonaro disse em documento ao TCU: “Registre-se, aqui, que a delonga na entrega efetiva dos bens se deu, a despeito da forma como os veículos de imprensa optaram por noticiar, unicamente em razão da burocracia desta Corte”. Afirmaram ainda que a deliberação da corte quanto a local apropriado para o depósito dos bens e a expedição de ofícios demorou mais do que o previsto. “Descabido, portanto, o tratamento da questão como se houvesse por parte do peticionário [Bolsonaro] alguma tentativa maliciosa de escamotear determinados bens desta corte e de qualquer outro órgão”, afirmou a defesa do ex-presidente na época, conforme destacado pela Folha.
A PF, por outro lado, descreveu a operação de recuperação das joias como “escamoteada”, indicando que os bens foram secretamente retirados do país. A investigação em andamento no STF (Supremo Tribunal Federal) revelou que, enquanto o TCU estava analisando o caso, uma “operação resgate” estava em andamento para recuperar os bens, conforme apontado pela Folha.
Após a revelação do escândalo das joias, a equipe de Bolsonaro agiu para recuperar os itens. Na última sexta-feira, a PF realizou buscas visando pessoas próximas a Bolsonaro, incluindo o general da reserva Mauro Lourena Cid e o advogado do ex-presidente, Frederick Wassef.
Os investigados são acusados de usar a estrutura governamental para desviar bens valiosos, entregues por autoridades estrangeiras em missões oficiais. Bolsonaro, por sua vez, negou qualquer irregularidade e ofereceu seu sigilo para investigação.
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