A oportunidade para que Mauro Cid vendesse o relógio presenteado ao ex-presidente Jair Bolsonaro seguiu a agenda presidencial do então chefe do Executivo: o ex-ajudante de ordens aproveitou o encontro do ex-capitão com Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, para vender o Rolex por US$ 68 mil.
No vídeo publicado pelo jornal Metrópoles, é possível traçar uma linha do tempo de mais um episódio do escândalo das jóias envolvendo a família Bolsonaro e Cid.
Na ocasião em específico, o tenente-coronel Mauro Cid aparece desembarcando do avião presidencial no dia 9 de junho de 2022, ao lado do de Arthur Lira, o presidente da Câmara dos Deputados, Jair Bolsonaro, e a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
Três dias antes da venda do Rolex, no dia 10 de junho de 2022, Bolsonaro participou de uma reunião bilateral com Joe Biden, Presidente dos EUA. Isso ainda no primeiro dia em que o ex-presidente do Brasil esteve na Cúpula das Américas.
Dois dias depois, dia 11, já na Flórida, Cid não é mais visto com o ex-presidente, que cumpria agenda no exterior. Em 12 de junho, o pai de Mauro Cid, general Mauro César Lourena Cid, envia dados de uma conta bancária ao filho no aplicativo de mensagens WhatsApp. Em seguida, já no dia 13, Mauro Cid vai até a loja Precision Watches e vende o Rolex por US$ 68 mil, equivalente a R$ 334.085,36 atualmente – valor da venda foi depositado na conta bancária de Mauro Lourena Cid.
Em março de 2023, após a divulgação da imprensa reportagens acerca dos presentes recebidos por Jair Bolsonaro, Frederick Wassef, ex-advogado do ex-presidente, viajou para os EUA e recomprou um Rolex idêntico ao que foi vendido por Cid, quase nove meses depois.
Já em São Paulo, Wassef entregou em uma mochila o relógio a Mauro Cid. O ex-ajudante de ordens foi flagrado por câmeras no aeroporto de Brasília no dia 28 de março de 2023, quando recebeu outros itens recuperados pelo Tribunal de Contas da União.
As joias vendidas ilegalmente podem ter angariado mais de R$ 1 milhão, conforme indicam as autoridades responsáveis pelo caso. Conforme indica a legislação brasileira, é proibida a venda de presentes recebidos pelo chefe do Executivo. Os itens devem ser incorporados ao patrimônio do Estado e não podem ser vendidos ou apropriados ao patrimônio pessoal.
Desta forma, a venda do Rolex e o leilão de outros presentes efetuados por Mauro Cid, Mauro Lourena Cid e Jair Bolsonaro podem ser classificados nos eventuais crimes de lavagem de dinheiro e uso de contas bancárias para ocultação de valores.
Inclusive, a apuração do caso será feita no Brasil e no exterior, uma vez que as autoridades brasileiras pediram ajuda ao FBI para investigar o esquema das joias.
Veja o vídeo na íntegra
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