O Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela interveio no Partido Comunista, tradicional aliado do chavismo desde o início da revolução bolivariana de Hugo Chávez. De acordo com a sentença da Sala Constitucional divulgada recentemente, uma nova junta diretiva ad hoc foi nomeada, na qual pelo menos cinco dos sete membros são militantes do governante Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV). Esta decisão segue uma tendência observada com outros grandes partidos de oposição no país.
Os líderes comunistas vinham alertando sobre essa possibilidade há meses. Eles têm sido críticos de algumas decisões do governo de Maduro, especialmente em relação a medidas econômicas e à exploração do Arco Minero del Orinoco. Além disso, solicitaram uma investigação sobre o próprio presidente no contexto de uma iniciativa anticorrupção liderada pela Procuradoria. O partido tem apoiado constantes protestos de sindicatos de professores e outros trabalhadores públicos, reivindicando melhores salários.
Após a decisão do Tribunal Supremo de Justiça, o partido declarou: “Rejeitamos o ataque ao Partido Comunista da Venezuela por meio de uma sentença judicial arbitrária que endossa a imposição de uma diretoria composta por mercenários a serviço da cúpula que lidera o PSUV”. Eles também mencionaram que essa estratégia já foi usada contra outros partidos, como Acción Democrática, onde um grupo de cidadãos age em nome da diretoria e cria uma estrutura paralela.
O Partido Comunista da Venezuela (PCV) possui dois deputados na Assemblea Nacional. Oscar Figuera, secretário-geral do partido, afirmou que seu direito de falar nos debates foi suprimido várias vezes. Em um comunicado, o partido expressou: “Este ato, que viola os direitos políticos do PCV e do povo trabalhador venezuelano, não apenas estabelece um grave precedente na história política e jurídica do país, mas também revela a natureza do Governo-PSUV”. O partido também indicou que buscará mobilizar uma resposta internacional de seus aliados contra essa judicialização.
Líderes comunistas apontaram diretamente para Diosdado Cabello, vice-presidente do PSUV, pelas manobras contra o partido. Na mesma semana em que ocorreu a intervenção judicial no PCV, Cabello visitou Havana, assinou um acordo de cooperação com o Partido Comunista de Cuba e teve reuniões com Miguel Díaz-Canel.
Em declaração, um líder chavista expressou que “Cuba e Venezuela são sobreviventes de todas as tentativas de derrubar projetos sociais, que iluminam outros povos que desejam ser livres” e que com a assinatura do acordo entre os dois partidos “o apoio mútuo em trabalho conjunto a nível internacional é institucionalizado”.
Paulo
13/08/2023 - 10h54
Não entendi. Se os “comunas” de lá são opositores, por que os daqui apoiam Maduro?