A recente operação da Polícia Federal que vasculhou residências de militares associados ao ex-presidente Jair Bolsonaro reverberou intensamente nos corredores do Exército, gerando choque e perplexidade na cúpula da instituição. A surpresa foi acentuada pela diligência realizada na casa do tenente-coronel Mauro Cid, um ex-ajudante de ordens de Bolsonaro que já se encontra detido desde 3 de maio. O cenário atual aponta para um desligamento do Exército de Mauro Cid, uma vez que os altos comandantes estão decididos a se afastar da situação e abandonar qualquer respaldo a ele.
A apreensão e inquietação da alta patente militar estão intrinsecamente ligadas às investigações que envolvem o pai de Mauro Cid, o coronel Mauro César Lourena Cid, e também o tenente Osmar Crivelatti. Os líderes do Exército chegaram à conclusão de que qualquer indivíduo que tenha orbitado ao redor de Bolsonaro é agora considerado suspeito pela Polícia Federal. Essa percepção carrega consigo o potencial de manchar a reputação das Forças Armadas como um todo.
Ainda é visível a diferença no posicionamento inicial das Forças Armadas em relação ao caso de Mauro Cid. No início dos escândalos, a instituição manifestou apreço e respeito à história do general Cid, pai do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Entretanto, a evolução das investigações alterou essa perspectiva. Agora, parece que todos os envolvidos serão deixados à sua própria sorte, uma vez que a instituição busca se desvincular de possíveis repercussões negativas.
A expectativa é de que a relação entre as Forças Armadas e o governo atual, já tensa, se deteriore ainda mais. Muitos militares veem as recentes ações do Judiciário como abusivas, gerando um clima de descontentamento. Essa insatisfação pode se intensificar com a percepção de que há uma tentativa de minar a imagem do Exército e prender Jair Bolsonaro a qualquer custo.
Um aspecto notável nas investigações é a inclusão de um ex-integrante do Alto Comando do Exército (ACE), uma posição altamente prestigiada e emblemática. Isso representa uma mudança significativa, já que é a primeira vez que um membro desse calibre está envolvido em denúncias desse tipo. No caso específico do general da reserva Mauro César Lourena Cid, cuja residência foi alvo de busca e apreensão, sua trajetória foi marcada por sua participação no oficialato até 2019, destacando-se como um dos nomes mais respeitados nas últimas décadas.
As relações próximas de Lourena Cid com Bolsonaro, que incluem não apenas coleguismo na Academia Militar das Agulhas Negras, mas também a ascensão de seu filho como ajudante de ordens do presidente, agora estão sob intensa investigação. A notícia de seu possível envolvimento no caso das joias e relógios presenteados a Bolsonaro causou um grande desconforto no Exército. Apesar das acusações, os generais inicialmente expressaram apoio a Cid, mas a situação se complicou rapidamente.
Vale ressaltar que um respaldo anterior já não existe mais. No passado, generais do Exército afirmaram que Mauro Cid mantinha respaldo dentro das Forças Armadas, apesar das acusações e processos contra ele. Agora, com a progressão das investigações e a ampliação do escopo, esse apoio foi retirado, e o isolamento de Mauro Cid se tornou iminente.
À medida que as investigações continuam, o Exército se vê diante de uma encruzilhada delicada. A busca por justiça e responsabilidade se contrapõe à necessidade de preservar a imagem das Forças Armadas. O desdobramento desse caso não apenas afetará os envolvidos, mas também terá implicações mais amplas para a relação entre o Exército, o governo e a sociedade.
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