Durante um seminário no último final de semana, líderes do PT na Baixada Fluminense delinearam as primeiras metas do partido para as 13 cidades da região. Nos dois maiores municípios, a legenda defende a postulação do deputado federal Lindbergh Farias em Nova Iguaçu, enquanto considera o apoio a José Camilo Zito, pré-candidato do PV, em Duque de Caxias. Este último partido é parte da coalizão que também inclui o PT e o PCdoB.
O encontro, realizado no última sábado (5) em Nova Iguaçu, contou com a participação da presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann. Além de Duque de Caxias, que representa o segundo maior colégio eleitoral do estado, e Nova Iguaçu, que ocupa a quarta posição, o PT tem a intenção de apoiar Matheus Carneiro (Republicanos) em Belford Roxo.
Este último é sobrinho do prefeito reeleito Wagner Carneiro dos Santos, conhecido como Waguinho, e o apoio foi acordado como parte da negociação entre o governo federal e Waguinho, que culminou na saída de sua esposa, a deputada federal e ex-ministra Daniela Carneiro (União), do Ministério do Turismo. Por sua vez, em Nilópolis, o PT está considerando a possibilidade de lançar Leonel Brizola Neto, ex-vereador do Rio.
As candidaturas escolhidas
O deputado estadual Andrezinho Ceciliano, filho do secretário Especial de Assuntos Federativos da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, André Ceciliano, pretende concorrer à prefeitura de Paracambi. Em Japeri, o foco recai na busca pela reeleição da prefeita Fernanda Ontiveros, que migrou do PDT para o PT.
Em Queimados, onde o PT faz parte da base e apoia a gestão de Glauco Kaizer (SDD), o partido está em negociações para apoiar a reeleição. No entanto, a legenda também está em diálogo com o deputado federal Max Lemos (PDT). Max, que é ex-prefeito, considera lançar um aliado ou, dependendo dos resultados das pesquisas eleitorais, concorrer novamente ao cargo.
“Estamos construindo uma ampla aliança para apoiar nossa candidatura à reeleição. Conversamos com PV, MDB, DC e PMN. O deputado Lindbergh Farias tem estado próximo ao governo, o que pode resultar em apoio”, declarou.
O PT também está em processo de negociação com o prefeito reeleito de Mesquita, Jorge Miranda (PL), embora ele ainda não tenha definido um nome para a corrida eleitoral. No entanto, uma possível colaboração com os petistas enfrentaria obstáculos relacionados ao partido do prefeito, que é o mesmo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em Seropédica, Itaguaí, São João de Meriti, Guapimirim e Magé, as pré-candidaturas ainda não foram decididas.
Segundo Jorge Florêncio, um dos coordenadores da eleição municipal de 2024 na Baixada, que ocupa posições na diretoria nacional e estadual do PT, o partido busca lançar candidaturas para prefeito ou vice em todas as cidades da região e planeja aumentar o número de vereadores em todos os 13 municípios. Além disso, eles têm a intenção de diminuir a influência dos adeptos de Bolsonaro na área, que é conhecida por ser um bastião de apoiadores do ex-presidente.
“Começamos a avaliar as 13 candidaturas. Em Nova Iguaçu, Lindbergh, que é ex-prefeito, é o nome desejado pelo partido. O deputado afirmou durante o seminário que seguirá a determinação da Executiva Nacional e do presidente Lula. Caso não concorra, vai participar da campanha do nome escolhido”, declara Florêncio.
Zito, um ex-oponente do PT na Baixada, possui uma trajetória por partidos de orientação centro-direita. Com o intuito de fortalecer sua candidatura na eleição, o PV argumenta que a esquerda não apresenta uma figura de reconhecimento popular na região, o que dificulta a eleição de prefeitos e vereadores. Segundo o PV, Zito, que foi apelidado de “Rei da Baixada” nos anos 1990, preencheria essa lacuna.
“Esse encontro do PT mostra a importância da Baixada Fluminense, em especial Duque de Caxias, para o país. Somos a cidade mais rica da região, com um potencial imenso para crescer”, declarou o vice-presidente do PV, André Lazaroni.
Campanha política em peso na Baixada Fluminense
Após o prefeito de Belford Roxo, Waguinho, ter assumido uma posição de destaque na região durante a campanha de Lula na Baixada Fluminense, o PT está em busca de alianças com outros influentes líderes políticos na área. Esta região, com uma população de quase 4 milhões de habitantes, muitos dos quais são evangélicos, é de significativa importância para as eleições presidenciais no Rio. Nas duas vezes em que Jair Bolsonaro (PL) concorreu à presidência, obteve vitórias substanciais nesse território.
Essa estratégia está em sintonia com a abordagem do partido em âmbito nacional, à medida que o PT compreende que as eleições municipais do próximo ano desempenharão um papel crucial na potencial reeleição de Lula em 2026.
No início de agosto, a presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann, planeja visitar Nova Iguaçu, a segunda cidade mais populosa da Baixada, para se reunir com os diretórios municipais e coordenar os esforços de revitalização do partido na região.
No decorrer de 2022, o partido conseguiu vencer a corrida presidencial sem conseguir tingir o mapa do Rio de vermelho, algo que ocorria pela primeira vez. Em breve, Lula terá compromissos na Baixada, onde se espera que ele ratifique o apoio a projetos em Belford Roxo, os quais foram previamente discutidos com o prefeito Waguinho durante o processo de saída de sua esposa, Daniela Carneiro, do Ministério do Turismo.
No ano anterior, cinco dos dez parlamentares federais mais votados no Rio de Janeiro eram oriundos da Baixada. Conforme reportado por O GLOBO, nas maiores cidades da região – Duque de Caxias, Nova Iguaçu e Belford Roxo, liderada por Waguinho – existe um esforço para reestabelecer conexões com os principais líderes políticos. Em Duque de Caxias, o partido está em contato com o ex-prefeito Zito, que anteriormente fazia parte do PP e agora ingressará no PV, mas também está considerando o apoio ao deputado federal Marcos Tavares, do PDT.
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