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Bolsonaro tenta explicar uso de Pix com familiares: ‘O dinheiro é meu’

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou justificar nesta segunda-feira (7) o uso dos R$ 17 milhões recebidos por apoiadores via Pix nos últimos meses. Parte dos repasses foi feita a familiares nesse período: “O dinheiro é meu”, afirmou. Bolsonaro afirmou que usou mais de R$ 14 mil do dinheiro em jogos na Mega Sena na […]

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Foto: AP Photo/Rebecca Blackwell

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou justificar nesta segunda-feira (7) o uso dos R$ 17 milhões recebidos por apoiadores via Pix nos últimos meses. Parte dos repasses foi feita a familiares nesse período: “O dinheiro é meu”, afirmou.

Bolsonaro afirmou que usou mais de R$ 14 mil do dinheiro em jogos na Mega Sena na lotérica de um sobrinho e que os recursos transferidos a integrantes de sua família não são das doações, mas, sim, da sua própria fonte de renda de duas aposentadorias e o salário que recebe do PL.

O ex-presidente tentou afastar a ligação dos repasses com os milhões de reais que recebeu com a vaquinha para pagar multas decorrentes de processos judiciais. Condenado à inelegibilidade por oito anos pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por ataques ao sistema eleitoral e uso indevido de meios de comunicação do governo federal, Bolsonaro ainda conta com mais de 15 processos em trâmite no TSE, além de mais cinco investigações no STF (Supremo Tribunal Federal).

De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, R$ 148,3 mil foram transferidos à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, a uma lotérica do irmão dele e à síndica do condomínio onde vive Eduardo, seu filho.

Nesta segunda, o ex-presidente citou uma quantia de “mais ou menos R$ 17 mil, se não me engano” destinados a jogos na Mega Sena. Nas redes sociais, Bolsonaro especificou que os repasses foram de R$ 14.268,04 ao sobrinho dono de uma casa lotérica em Eldorado, São Paulo.

“Eu jogo na Mega Sena, estou em casa, ligo para ele, repete o número”, contou. “Se vocês pegarem os valores de 17 Pix, um a um, são múltiplos de jogos de sete dezenas da Mega Sena. Agora está em R$ 35 o jogo de sete números”, continuou.

Em relação às transferências de somam R$ 77.994 à síndica do condomínio de Eduardo Bolsonaro, o ex-presidente indicou “coincidência” e nega qualquer ligação com seu filho: “Sim, por coincidência ela mora lá, mas ela é dona da casa que eu pago aluguel de mais ou menos R$ 13 mil mensais”.

Além disso, ele afirmou que um assessor que o acompanha também recebeu um valor para pagamento de contas, no total de R$ 11.543,94 para Osmar Crivelatti. “Cada ex-presidente tem direito a 8 assessores. Ele é um desses que 8 que pagam algumas contas minhas”, disse.

Já sobre os R$ 56.073,10 para Michelle Bolsonaro, a justificativa também é sobre pagamento de despesas, que, segundo o ex-presidente, são de responsabilidade dela. “acho que passei pouco. Ela paga as contas de quase tudo, da minha conta eu passo para a conta dela”.

No entanto, apesar dos argumentos de Bolsonaro, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou movimentações suspeitas envolvendo pequenas doações em Pix para o ex-presidente.

A mesma conta usada pelo político para pedir as doações – com a chave-pix sendo seu CPF – recebeu valores de R$ 0,01 até R$ 2 em transferências “atípicas”. O relatório do conselho destacou uma amostra de 16 pessoas que realizaram tais movimentações, que serão investigadas no âmbito da CPMI do 8 de janeiro.

A circulação de dinheiro na conta pessoal de Bolsonaro levanta suspeitas de “burla fiscal e lavagem de dinheiro”, aponta a Coaf. O órgão leva em consideração diferentes sinais de alerta para chegar a essa conclusão, como pequenos valores transferidos por pessoas “sem ligação aparente com o titular” e movimentações atípicas com a renda mensal. Os investigadores da CPMI irão apurar se essas doações podem servir como um obstáculo para o rastreamento de possível origem ilícita da fortuna obtida pelo ex-presidente neste ano.

A comissão irá investigar, também, se houve o uso de CPFs falsos para simular doações e se os supostos doadores tiveram os CPFs usados como “laranjas” para disfarçar a possível origem criminosa do recurso, explica o Estadão.

A defesa de Bolsonaro defendeu que “para que não se levantem suspeitas levianas e infundadas sobre a origem dos valores divulgados, eles são provenientes de milhares de doações efetuadas via Pix por seus apoiadores, tendo, portanto, origem absolutamente lícita. Por derradeiro, a defesa informa, ainda, que nos próximos dias tomará as providências criminais cabíveis para apuração da autoria da divulgação de tais informações”.

Os doadores

Entre os doadores dos pequenos valores que constam nos relatórios do Coaf, vários dizem não se lembrar das transferências. O Estadão entrevistou alguns nomes que supostamente fizeram uma doação a Bolsonaro, mas não se lembra, ou alegam que transferiram valores diferentes aos registrados pelo Coaf.

O eletricista Alirio Tavares Cavalcante, morador de Maracanaú, no interior do Ceará, aparece como autor de uma transferência de R$ 0,01 para a conta de Bolsonaro. De acordo com o comprovante enviado por ele, Cavalcante teria transferido R$ 0,07.

O mecânico Jaemsom Favoretto, de Curitiba, aparece como doador de R$ 1,42, masse recorda de ter enviado R$ 0,22. “Não me lembro, na verdade, disso [deste valor]. R$ 1,42 seria um negócio que não tem sentido. O 22, sim”

Parlamentares governistas querem aprovar requerimentos para que a Coaf investigue detalhadamente a movimentação financeira de Bolsonaro e Michelle.

“Bolsonaro surrupiou R$ 17 milhões da população, guardou, investiu e não pagou nem a multa que era devida. Isso é um crime contra a economia popular. Abusou da boa-fé, inclusive, de quem o apoia, além de ter nessa listagem um monte de Pix repetidos. Não foram todas essas pessoas, mas, sim, algumas que fizeram esses Pix”, disse a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).

O presidente CPMI, Arthur Maia (União-BA), porém, ainda não quis colocar em votação os pedidos de quebra de sigilo bancário do casal.

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