O ministro responsável pela pasta de Minas e Energia, Alexandre Silveira, criticou as declarações discriminatórias do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, direcionadas ao Nordeste e ao Norte.
Nesta semana, Silveira participará de dois eventos públicos junto com Lula, com o propósito de defender a agenda de descarbonização da matriz energética nacional. Durante uma reunião realizada durante a Cúpula da Amazônia, o ministro fez uma crítica a Zema, a quem se referiu como “o governador separatista”, enfatizando que suas declarações causam vergonha e pediu desculpas em nome dos mineiros pelas atitudes do governador.
“É inaceitável que um governador de um Estado tão importante como Minas Gerais, estimule discursos preconceituosos. Somos um só povo e precisamos nos unir em busca de um mesmo objetivo: acabar com a injustiça social e construir uma sociedade mais empática”, continuou o ministro, através de suas redes sociais.
O ministro considera inadmissível a postura de Zema ao apoiar a formação de uma coalizão de direita entre os estados do Sul-Sudeste contra a esquerda representada pelos estados do Norte-Nordeste nas eleições de 2026.
“Chega de divisão. Chega de estimular Direita contra Esquerda e Esquerda contra Direita. Chega de estimular DIVISÕES REGIONAIS PRECONCEITUOSAS. O Brasil precisa urgentemente é da UNIÃO DE TODOS OS BRASILEIROS”, escreveu Silveira.
A fala de Zema
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), declarou que o Consórcio de estados do Sul e Sudeste (Consud) enfrenta desvantagens no Senado, mas continua buscando relevância política.
“Outras regiões do Brasil, com Estados muito menores em termos de economia e população se unem e conseguem votar e aprovar uma série de projetos em Brasília. E nós, que representamos 56% dos brasileiros, mas que sempre ficamos cada um por si, olhando só o seu quintal, perdemos. Ficou claro nessa reforma tributária que já começamos a mostrar nosso peso”, declarou o governador ao Estadão.
“Está sendo criado um fundo para o Nordeste, Norte e Centro-Oeste. Agora, o Sul e o Sudeste não têm pobreza? Aqui todo mundo vive bem, ninguém tem desemprego, não tem comunidade… Nós também precisamos de ações sociais. Então, o Sul e o Sudeste vão continuar com a arrecadação muito maior do que recebem de volta?”, disparou.
Na prática, as palavras de Zema foram interpretadas como um ataque às políticas de combate à fome e à pobreza nas regiões mais necessitadas do país: Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Explicação
No último domingo, 6, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, utilizou as redes sociais para tentar esclarecer sua posição após as declarações controversas sobre a região Nordeste durante uma entrevista ao Estadão. Suas declarações separatistas têm sido alvo de fortes críticas por várias lideranças políticas.
“A união do Sul e Sudeste jamais será pra diminuir outras regiões. Não é ser contra ninguém, e sim a favor de somar esforços. Diálogo e gestão são fundamentais pro país ter mais oportunidades. A distorção dos fatos provoca divisão, mas a força do Brasil tá no trabalho em união”, escreveu.
Reação do consórcio Nordeste
Em reação às declarações do governador de Minas Gerais, o Consórcio Nordeste afirmou que ele “demonstra uma leitura preocupante do Brasil” e ressaltou que as regiões Norte e Nordeste foram prejudicadas ao longo das décadas pelos projetos de desenvolvimento nacionais. A entidade também negou “qualquer tipo de lampejo separatista”.
“Enquanto Norte e Nordeste apostam no fortalecimento do projeto de um Brasil democrático, inclusivo e, portanto, de união e reconstrução, a referida entrevista parece aprofundar a lógica de um país subalterno, dividido e desigual. […] A união regional dos estados Nordeste e, também, os do Norte, não representa uma guerra contra os demais estados da federação”, escreveu o consórcio em nota.
O grupo fez um apelo enfático pela união nacional em áreas estratégicas fundamentais, como economia, segurança pública, educação, saúde e infraestrutura.
Leia a nota na íntegra:
O governador de Minas Gerais, em entrevista publicada no jornal O Estado de São Paulo em 05 de agosto, demonstra uma leitura preocupante do Brasil. Ao defender o protagonismo do Sul e Sudeste, indica um movimento de tensionamento com o Norte e o Nordeste, sabidamente regiões que vem sendo penalizadas ao longo das últimas decanas dos projetos nacionais de desenvolvimento.
O Consórcio Nordeste, assim como o da Amazônia Legal, valendo-se da profunda identidade regional, cultural e histórica, foram criados com o objetivo de fortalecer essas regiões, unindo os estados em torno da cooperação e compartilhamento de melhores práticas e soluções de problemas comuns, buscando contribuir com o desenvolvimento sustentável e a mitigação de nossas desigualdades regionais.
Negando qualquer tipo de lampejo separatista, o Consórcio Nordeste imediatamente anuncia em seu slogan que é uma expressão de “O Brasil que cresce unido”. Enquanto Norte e Nordeste apostam no fortalecimento do projeto de um Brasil democrático, inclusivo e, portanto, de união e reconstrução, a referida entrevista parece aprofundar a lógica de um país subalterno, dividido e desigual.
Já passou da hora do Brasil enxergar o Nordeste como uma região capaz de ser parte ativa do alavancamento do crescimento econômico do país e, assim, contribuir ativamente com a redução das desigualdades regionais, econômicas e sociais.
É importante reafirmar que a união regional dos estados Nordeste e, também, os do Norte, não representa uma guerra contra os demais estados da federação, mas uma maneira de compensar, pela organização regional, as desigualdades históricas de oportunidades de desenvolvimento.
Nesse contexto, indicar uma guerra entre regiões significa não apenas não compreender as desigualdades de um país de proporções continentais, mas, ao mesmo tempo, sugere querer mantê-las, mantendo, com isso, a mesma forma de governança que caracterizou essas desigualdades.
A união dos estados do Sul e Sudeste num Consórcio interfederativo pode representar um avanço na consolidação de um novo arranjo federativo do país. Esse avanço, porém, só vai se dar na medida em que todos apostarmos num Brasil que combate suas desigualdades, respeita as diversidades, aposta na sustentabilidade e acredita no seu povo.
Assim, nós, governadoras e governadores da Região Nordeste, além de defendermos um Brasil cada vez mais forte, próspero, apelamos pela união nacional em torno da reconstituição de áreas estratégicas para o nosso país, a exemplo da economia, segurança pública, educação, saúde e infraestrutura.
Valeriana
07/08/2023 - 18h47
O PT vive explorando a pobreza principalmente do NE, sem essa materia prima nao existem nem Lula e nem o PT.