A Polícia Federal, com o apoio da Polícia Militar de Roraima (PMRR), prendeu nesta sexta-feira (4) um garimpeiro suspeito de ter atirado em indígenas na Terra Indígena Yanomami.
O atentado de garimpeiros armados ocorreu em 29 de abril deste ano, na comunidade Uxiú. Na ocasião, dois indígenas de 24 e 31 anos ficaram feridos e recorreram a atendimento médico em Boa Vista, capital do estado. Outro indígena foi atingido na cabeça e, apesar de ter sido socorrido, morreu no local. Ilson Xiriana, de 36 anos, era agente de saúde comunitário da região.
Os relatos indicam que os garimpeiros chegaram à comunidade e abriram fogo contra os indígenas. Alguns ainda estavam encapuzados.
A PF informou neste sábado (5), além da identificação de dois suspeitos, que a apuração do caso foi conduzida no local com o apoio da FAB (Força Aérea Brasileira) e da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas).
O nome do preso nesta sexta não foi informado. Considerado foragido desde junho, o mandado de prisão contra ele foi expedido pela 4ª Vara Federal Criminal de Roraima.
Em nota da PF sobre a prisão de um dos dois suspeitos identificados, a instituição disse que as ações para retirar os garimpeiros da Terra Indígena Yanomami seguem ocorrendo através de operações integradas pela Polícia Federal, Ibama, Forças Armadas, Força Nacional de Segurança Pública e Funai.
O governo federal deu início em fevereiro desde ano uma série de operações para combater o garimpo ilegal em terras indígenas, com destaque para as Yanomami, e garantir a segurança e saúde das populações residentes ali, como a Operação Libertação. Segundo a FAB, a Operação Yanomami também é uma das mais importantes para o âmbito: em termos de logística, em 100 dias ela já ultrapassou o recorde de maior operação envolvendo as Forças Armadas e outros órgãos do governo.
A luta indígena é um ponto importante do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Desde o início da gestão ele reforça a importância de garantir os direitos dos povos originários e prometeu zerar as demarcações de terras pendentes.
“O que nós queremos ao final desse mandato é que os indígenas brasileiros estejam sendo tratados com a dignidade que todo ser humano merece nesse País”, disse o presidente em abril deste ano.
2023 também trouxe outra novidade: foi criada a Comissão da Amazônia e dos Povos Originários e Tradicionais na Câmara dos Deputados. A criação foi uma promessa do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL) como moeda de troca para a sua reeleição.
A chamada “bancada do cocar” é composta por indígenas, com liderança da deputada federal Célia Xakriabá (PSOL-MG). “Demoramos 523 anos para chegar a esse lugar que é nosso por direito. Mas esse dia chegou. Tramitará por nossas mãos o destino do Brasil. É tempo de mulherizar e indigenizar a política. Não sou da Amazônia, mas com a força do Cerrado carrego todos os biomas para esse chamado tão importante. O Brasil é terra indígena e com o reflorestar do Congresso passaremos com a força do nosso cocar”, declarou ela.
Estas mudanças na atual gestão do petista demonstram a preocupação e esforços do governo federal para a desintrusão de garimpeiros nas Terras Indígenas Yanomami após o decreto de emergência de saúde pública na região.
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