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PT bate o martelo: apoiará Boulos em SP

Num passo sem precedentes, o Partido dos Trabalhadores (PT) está prestes a formalizar hoje o seu endosso ao deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) na corrida pela prefeitura de São Paulo em 2024. Esta medida marca a primeira vez em que o partido liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva opta por não lançar um […]

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Num passo sem precedentes, o Partido dos Trabalhadores (PT) está prestes a formalizar hoje o seu endosso ao deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) na corrida pela prefeitura de São Paulo em 2024. Esta medida marca a primeira vez em que o partido liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva opta por não lançar um candidato próprio na metrópole paulista, que já teve três prefeitos petistas: Luiza Erundina (1989-93), Marta Suplicy (2001-04) e Fernando Haddad (2013-16). Essa estratégia de ceder a posição de destaque se estende a outras capitais, como Rio de Janeiro e Recife, onde a agremiação planeja formar alianças com os atuais prefeitos, Eduardo Paes (PSD) e João Campos (PSB), respectivamente.

Além disso, o PT está avaliando a possibilidade de não lançar um candidato próprio em Salvador. A legenda nunca teve sucesso em eleger um prefeito na capital baiana, mesmo em períodos de alta popularidade de Lula. Na cidade, as figuras em destaque na corrida incluem o presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado (Conder), José Trindade (PSB), e o vice-governador Geraldo Júnior (MDB). Em Belo Horizonte, também está sendo considerado o apoio à reeleição do prefeito Fuad Noman (PSD), embora lideranças do partido não descartem outras opções.

Segundo o senador Humberto Costa (PT-PE), coordenador do Grupo de Trabalho Eleitoral do PT, a prioridade do partido em 2024 será liderar a chapa nas cidades com mais de cem mil eleitores e onde existam candidatos competitivos.

Essa decisão de ceder o protagonismo nas grandes cidades é uma resposta à campanha frustrante de 2020, quando o PT não conseguiu eleger nenhum prefeito nas 26 capitais do país. “Apoiar Boulos tem coerência com a estratégia que deu certo na eleição de Lula, de construir uma frente ampla para derrotar o bolsonarismo”, declarou o presidente do diretório da capital paulista do PT, Laércio Ribeiro.


Conflitos internos

A aliança entre o PT e Boulos foi edificada no transcurso do ano anterior. Naquele momento, o membro do PSOL retirou sua pré-candidatura ao governo de São Paulo a fim de endossar Fernando Haddad na disputa estadual. Em contrapartida, o partido liderado por Lula se comprometeu a apoiar o deputado do PSOL em 2024, contudo requereu a nomeação para a vice. A principal concorrente para o cargo é Ana Estela Haddad, a atual secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde e esposa de Haddad, que agora ocupa o cargo de ministro da Fazenda. No ano anterior, Haddad perdeu a corrida para o governo paulista no segundo turno para Tarcísio de Freitas (Republicanos) e foi recompensado com uma posição na Esplanada.

A cerimônia para formalizar o apoio a Boulos tem a perspectiva de amenizar as contendas internas. Uma fração do PT, ligada ao secretário nacional de Comunicação do partido, Jilmar Tatto, publicamente defende a manutenção de uma candidatura própria da legenda: “Vamos apoiar o Boulos. Teve um acordo, né? Mesmo eu considerando um erro. Um acordo que foi feito à revelia da militância, da base. Mas teve, fazer o quê?”.

Tatto solicita que Boulos amplie suas interações com a equipe de vereadores do PT, visando persuadi-los a se envolverem ativamente em seu projeto eleitoral. Os vereadores estão apreensivos quanto à possibilidade de não conseguirem manter a atual bancada composta por oito membros — a maior na Câmara Municipal, juntamente com o PSDB. Tatto advoga pela atuação de Boulos como um “membro do PT” quando se trata de defender a legenda contra possíveis críticas e insiste em ter um representante autêntico do PT como candidato a vice.

“Defendo um diálogo honesto, em que o fortalecimento do PT na cidade de São Paulo e do governo Lula sejam prioridades. Precisamos ter uma candidatura em 2024 que esteja comprometida com a defesa do governo no Congresso e a reeleição do presidente em 2026”, disse o deputado, pelas redes sociais.

“Boulos vai ter que defender os governos da Erundina, da Marta, do Haddad. Ele não pode mais aparecer em outro vídeo com o Datena xingando o PT e ficar quieto. Estamos numa fase de namoro, que pode dar casamento ou divórcio”, comentou Jilmar, mencionando um vídeo que aparentemente veio a público, no qual o apresentador encoraja Boulos a “peitar o PT” para assegurar sua posição como candidato a vice no próximo ano.

Luna Zarattini, vereadora pelo PT, subestima as possíveis consequências da decisão marcante. Ela argumenta que o partido não enfraquece em âmbito municipal ao renunciar à candidatura, uma vez que o objetivo primordial é “derrotar o bolsonarismo”. “Não é puro adesismo ao que o Boulo vai dizer. O PT não vai aderir sem propor. O programa de governo vai ter contribuição do PT e do PSOL”, declarou.

De acordo com líderes do PT, um dos obstáculos para o líder dos sem-teto será conquistar votos do espectro político central, já que seus oponentes tendem a associá-lo ao radicalismo. Além disso, ele terá de enfrentar rivais que também terão membros do governo Lula em suas campanhas. A deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) está prevista para receber o apoio do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), enquanto o prefeito Ricardo Nunes (MDB) poderá contar com a ministra do Planejamento Simone Tebet (MDB).

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