No primeiro semestre deste ano, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu a quantia de R$ 17,2 milhões em transações via Pix. O valor adquirido por Jair, agora inelegível, é equivalente a 32 vezes o valor somado de seus salários e aposentadorias no mesmo período.
O rendimento bruto mensal do ex-presidente era de R$ 89 mil, totalizando R$ 534 mil entre janeiro e junho. Esse montante inclui duas aposentadorias: R$ 37 mil da Câmara dos Deputados e R$ 11 mil do Exército, além de um salário de R$ 41 mil na função de presidente de honra do PL, conforme anunciado pelo próprio partido.
O relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), responsável pelo combate à lavagem de dinheiro, revelou que as transações na conta do ex-presidente por meio do Pix foram consideradas “atípicas” e possivelmente destinadas a uma campanha de arrecadação para pagamento de multas decorrentes do descumprimento de regras sanitárias durante a pandemia de Covid-19.
Bolsonaro foi autuado em São Paulo por não usar máscara em público e acumula dívidas de quase R$ 1 milhão. A Procuradoria-Geral do Estado (PGE) levou esses casos à Justiça para bloquear recursos e garantir o pagamento das dívidas.
O Coaf identificou um total de 769.717 operações de Pix efetuadas para a conta de Bolsonaro em seis meses. Ex-ministros e aliados do PL chegaram a divulgar a chave Pix do ex-presidente nas redes sociais para impulsionar a campanha por dinheiro.
Dentre as pessoas que enviaram dinheiro a Bolsonaro, destacam-se uma empresária do agronegócio, com R$ 20 mil; um proprietário de uma empresa de construção civil, com R$ 10 mil; um escritor, com R$ 10 mil; entre outros.
O Coaf também registrou que foram realizadas aplicações em CDB/RDBs (investimentos em renda fixa) no valor total de R$ 17 milhões durante a análise dos débitos do ex-presidente.
Em resposta a esses relatórios, a defesa de Bolsonaro afirmou que os valores recebidos têm “origem absolutamente lícita”.
“Para que não se levantem suspeitas levianas e infundadas sobre a origem dos valores divulgados, a defesa informa que estes são provenientes de milhares de doações efetuadas via Pix por seus apoiadores, tendo, portanto, origem absolutamente lícita”, declara a nota, que foi assinada pelos advogados Daniel Tesser, Paulo Bueno e Fábio Wajngarten.
Além das transações por meio do Pix e dos rendimentos mencionados anteriormente, o ex-presidente Jair Bolsonaro possui direito a benefícios decorrentes de sua antiga função. Embora não haja uma aposentadoria específica para o cargo, ele pode receber reembolso das despesas com diárias e passagens quando realiza viagens internacionais. De acordo com informações disponíveis no Portal da Transparência, tais reembolsos já totalizaram R$ 731 mil neste ano, sendo custeados pelos cofres públicos.
No último sábado, Bolsonaro fez uma surpresa ao comparecer a um encontro estadual do PL Mulher em Florianópolis, onde expressou sua gratidão aos apoiadores pelas doações realizadas através do Pix.
“Muito obrigada a todos aqueles que colaboraram comigo no Pix há poucas semanas. Mais do que o valor depositado, quase um milhão de pessoas colaboraram. Dá para pagar todas as minhas contas e ainda sobra dinheiro para tomar um caldo de cana e comer um pastel com dona Michelle”, afirmou em meio a risadas.
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