Em um novo capítulo surpreendente que remonta a 1995, o ex-policial militar Ronnie Lessa, apontado como o autor dos disparos contra Marielle Franco, foi revelado como o responsável pela recuperação de uma moto e uma arma pertencentes ao então deputado Jair Bolsonaro, que haviam sido roubadas em um assalto há quase três décadas. As informações vieram à tona por meio da coluna de Juliana Dal Piva no UOL, trazendo à tona um episódio pouco conhecido até o momento.
De acordo com o ativista de direitos humanos, Wanderley Cunha, conhecido como “Deley de Acari”, a moto e a pistola Glock calibre 380 foram recuperadas graças a um traficante que teve conhecimento do roubo e soube que os itens estavam escondidos em sua área de atuação, na favela de Acari. Jorge Luís, líder do tráfico na comunidade na época, fez questão de devolver a moto e a arma ao político, temendo repercussões negativas decorrentes da ocupação do Exército na região.
“Ele [Jorge Luís] temia que, com a visibilidade que teve a matéria no jornal da região, da TV, se descobrisse que a moto e a pistola tinham ido parar na favela e existia uma ocupação do Exército. A moto foi oferecida para ele pelo rapaz que roubou e ele não tinha interesse porque era uma moto velha, com pneu careca”, relatou o ativista.
Em uma ação inusitada, o traficante entrou em contato com o 9º Batalhão da Polícia Militar e com o gabinete da então vereadora Rogéria Bolsonaro, esposa de Jair Bolsonaro na época, para negociar a devolução dos pertences roubados. Eventualmente, o traficante acabou preso e, posteriormente, foi encontrado morto em uma cela de uma delegacia do Rio de Janeiro, para onde foi transferido.
O papel de Ronnie Lessa no episódio foi revelado quando ele, à época soldado do Bope, foi encarregado de levar a moto até a residência de Bolsonaro, localizada na Vila Isabel. Mais tarde, a história tomou outro rumo, e os dois acabaram se tornando vizinhos no condomínio Vivendas da Barra. Lessa, inclusive, afirmou que recebeu apoio de Bolsonaro em um momento difícil de sua vida, quando precisou colocar uma prótese após perder uma perna em um atentado em 2009. O ex-PM recebeu assistência da ABBR (Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação), da qual Bolsonaro era patrono.
Em entrevista à revista Veja em março de 2022, Ronnie Lessa afirmou que o auxílio de Bolsonaro estava mais relacionado ao fato de ser um policial do que especificamente a ele: “A ABBR tem um convênio não é com o Ronnie Lessa, com o Jair Bolsonaro, não. É com a polícia, tanto com a Polícia Civil quanto com a Polícia Militar. Todos têm que ir pra lá. E o Bolsonaro por si só, como é palanque para ele, é uma questão. Ele gosta de ajudar a polícia porque na verdade é quem botou ele no poder. Então, se ele sabe de uma pessoa, ele vai interferir. Mas, na verdade, ele não estava ajudando o Ronnie, ele estava ajudando um policial que perdeu a perna”, explicou Lessa.
Esse episódio do passado ainda pouco conhecido pode levantar questionamentos e atrair a atenção do público, visto que revela uma relação inesperada entre um acusado de um crime de grande repercussão e um ex-presidente, que na época era deputado. A história complexa envolvendo o ex-policial Ronnie Lessa e os pertences roubados de Bolsonaro pode suscitar curiosidade e reflexões sobre os acontecimentos passados e suas conexões inesperadas com figuras públicas.
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