O senador Marcos do Val (Podemos-ES), em seu depoimento à Polícia Federal (PF), reconheceu ter mentido ao ex-deputado federal Daniel Silveira. Ele havia afirmado, em uma conversa pelo WhatsApp, que estava em contato com a “inteligência americana” e compartilhado informações sobre um suposto plano para gravar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). No entanto, diante dos investigadores, o parlamentar admitiu que se tratava de um blefe. Sua justificativa foi que utilizou essa estratégia para ganhar tempo e informar o magistrado sobre a trama golpista.
“QUE, ato contínuo a reunião com o Ministro, contatou DANIEL por mensagem, informando-o que não aceitaria a “missão” porque isso prejudicaria suas relações com a Inteligência Americana; QUE essa justificativa, no entanto, foi apenas para afastar as novas tentativas de contato de DANIEL; QUE, indagado se houve alguma orientação de órgão de inteligência externa para tomada de sua decisão e se isso a influenciou, respondeu que não, reiterando que quando referiu “Inteligência Americana” falou dessa forma apenas como justificativa para ter tempo de reportar ao Ministro ALEXANDRE os fatos”, afirmou em uma parte do depoimento.
Uma perícia realizada no celular do senador pela PF revelou que sua declaração sobre a “inteligência americana” era um blefe, não sendo verídica sua suposta comunicação com os Estados Unidos.
Na conversa com o ex-deputado Daniel Silveira, o senador alegou que relatou informações à “inteligência americana” devido à sua “outra função” como instrutor da Swat, grupo de elite da polícia dos EUA. O relatório da PF sugere que essa afirmação pode ter sido feita apenas como um blefe.
As mensagens entre Do Val e Silveira ocorreram em dezembro do ano passado e estão inseridas em um contexto em que Silveira teria tentado convencê-lo a gravar o ministro Alexandre de Moraes, com a intenção de anular o resultado da eleição que deu a vitória a Lula. De acordo com essa versão, Jair Bolsonaro também participou de uma dessas reuniões no Palácio da Alvorada.
Após o episódio vir à tona, Do Val deu informações contraditórias, o que o levou a ser investigado e alvo de uma operação da PF que resultou em mandados de busca e apreensão. Ele licenciou-se do mandato no Senado, e Bolsonaro prestará depoimento no inquérito que apura a suposta trama golpista.
A PF também notou a atuação ambígua de Marcos do Val, utilizando prints de conversas com altas autoridades da República para angariar prestígio pessoal e político.
Em um novo depoimento prestado nesta quarta-feira, o senador admitiu ter feito “acusações infundadas” em um momento de raiva, envolvendo Bolsonaro na suposta “trama golpista”. Ele também acusou Silveira de planejar uma gravação com a intenção de sabotar Moraes.
No depoimento, Do Val reafirmou a realização de uma reunião com Silveira e Bolsonaro no Palácio da Alvorada, onde assuntos políticos foram discutidos, incluindo sua possível filiação ao Partido Liberal (PL). O ex-deputado interrompeu a conversa para tratar sobre a gravação do ministro com o objetivo de invalidar as eleições.
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