Novas mensagens obtidas pelo UOL indicam que o ex-juiz Sergio Moro, quando ainda atuava como juiz da 13ª Vara Federal em Curitiba, teria pressionado os procuradores da Operação Lava Jato para retardar o pedido de extradição de um executivo da Odebrecht que havia sido preso na Suíça e era considerado peça-chave na investigação.
De acordo com as mensagens, Moro teria concordado em atrasar o pedido de extradição para auxiliar os investigadores brasileiros e suíços, que estavam trocando informações e documentos por canais não oficiais, o que é irregular. As revelações surgem em colaboração com a newsletter A Grande Guerra.
Os diálogos ocorreram entre o ex-magistrado e hoje senador, Orlando Martello, um dos procuradores envolvidos na operação, e autoridades suíças. O caso envolvia Fernando Migliaccio, responsável pelo departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht, detido em Genebra em 2016 e posteriormente extraditado para o Brasil para colaborar com a Justiça.
A prisão de Migliaccio foi considerada crucial para a Lava Jato ao identificar pagamentos ilícitos da Odebrecht a políticos em diversos países. As mensagens indicam que Moro tinha grande interesse no executivo, mas concordou em atrasar o pedido de extradição.
As trocas de mensagens revelam ainda que os procuradores da Lava Jato foram informados extraoficialmente sobre informações na Suíça envolvendo Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empresa, que teria ordenado pagamentos ilícitos em diferentes partes do mundo.
As conversas entre procuradores suíços e brasileiros ocorriam quase diariamente, antecipando documentos, decisões e coordenando estratégias antes mesmo de usar os canais oficiais para cooperação internacional. Essa prática é irregular, uma vez que as informações devem ser transmitidas oficialmente por meio de convocações formais de um Estado ou do Poder Judiciário.
Procurados, a assessoria de imprensa de Sergio Moro informou que ele não faria comentários sobre o assunto. O procurador suíço Stefan Lenz não respondeu às perguntas da reportagem. Orlando Martello afirmou não reconhecer ou se recordar das mensagens, mas destacou que a troca de informações com autoridades estrangeiras é comum.
Essas revelações, obtidas a partir das mensagens do aplicativo Telegram, fazem parte do material apreendido pela Polícia Federal na operação Spoofing, que investigou o hackeamento das contas de Moro e dos procuradores da Lava Jato.
Alexandre Neres
06/07/2023 - 15h29
Que máfia!
A República de Curitiba está mais suja do que pau de galinheiro.
serjumorto se encaminha para o patíbulo.