O cenário político cearense tem sido palco de um racha entre os irmãos Ferreira Gomes, Cid e Ciro, ambos do PDT, desde as eleições de 2022. Na ocasião, Ciro Gomes não conseguiu um bom resultado na disputa pela Presidência, amargando o quarto lugar. De acordo com Ciro, seu desempenho eleitoral foi prejudicado pela falta de apoio de seu irmão Cid, que, na época, preferiu apoiar a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva, do PT.
Atualmente, o conflito entre os irmãos se intensifica em torno da presidência do PDT no Ceará, seu berço eleitoral. Cid Gomes busca liderar o partido no estado, enquanto Ciro defende a manutenção do deputado federal André Figueiredo na posição.
Em meio a essa situação, Ciro acusa Cid de traição por ter priorizado alianças com o PT e com o ex-governador do Ceará e atual ministro da Educação, Camilo Santana. Em resposta, Cid argumenta: “Não foi traição. Traição é algo que você faz e não avisa. Eu avisei que não me manifestaria sobre a eleição estadual.”
O racha entre os irmãos se tornou público durante a indicação do PDT do candidato do partido ao governo do Ceará. Ciro defendia a escolha do ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, enquanto Cid apoiava a então governadora, Izolda Cela, cuja candidatura era também apoiada pelo PT. Essa divergência encerrou uma aliança de mais de duas décadas entre os dois partidos no estado.
Agora, outro conflito surge no horizonte, relacionado à eleição municipal do próximo ano. Cid defende o retorno das alianças com os petistas para conquistar o apoio à um candidato pedetista à prefeitura de Fortaleza, hoje ocupada por José Sarto, do PDT. Em contrapartida, membros do PDT mais próximos a Ciro, André Figueiredo e Roberto Cláudio, defendem que o partido mantenha a independência em relação ao PT.
Figueiredo e aliados veem a tentativa de Cid de assumir a liderança do PDT no Ceará como uma forma de transformar o partido em um “puxadinho do PT”. Contudo, Cid nega essas alegações e sustenta que tem apoio majoritário para retomar a aliança.
Para resolver o impasse, foi convocada uma reunião do PDT cearense para o dia 7 de julho. No entanto, o encontro gerou controvérsia, com adversários alegando falta de legitimidade. Cid, no entanto, afirma que a convocação respeita o estatuto do partido.
Rumores sugerem que Cid poderia deixar o PDT. Ele chegou a ser sondado pela presidente nacional do Podemos, Renata Abreu, mas negou a proposta. “Nunca falei que sairia do PDT. O que eu fiz foi dar justamente um argumento de que não sairia. Tanto não quero sair que me disponho a ser presidente [do partido no Ceará].”
Carlos Lupi, ministro da Previdência e presidente licenciado do PDT, viajou a Fortaleza para tentar acalmar os ânimos. A expectativa é de que até o início da próxima semana seja definido quem comandará o diretório do PDT no Ceará.
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