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Deputado do PT protocola denúncia contra Campos Neto

Uma denúncia contra o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, por “desempenho insuficiente” para cumprir com os requisitos da função foi feita pelo deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ). O parlamentar enviou ao Conselho Monetário Nacional (CMN), na última quinta-feira (22), um relatório que embasa sua denúncia contra o presidente do BC. Lindbergh, no documento, […]

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Lindbergh Farias, deputado federal pelo PT-RJ - Foto: Agência Câmara

Uma denúncia contra o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, por “desempenho insuficiente” para cumprir com os requisitos da função foi feita pelo deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ). O parlamentar enviou ao Conselho Monetário Nacional (CMN), na última quinta-feira (22), um relatório que embasa sua denúncia contra o presidente do BC.

Lindbergh, no documento, pede que o Senado Federal avalie a exoneração de Campos Neto baseado em alguns argumentos. De acordo com o parlamentar “o artigo 1º da Lei Complementar 179 aponta que os objetivos do Banco Central são assegurar a estabilidade de preços, zelar pela estabilidade e pela eficiência do sistema financeiro, suavizar as flutuações do nível de atividade econômica e fomentar o pleno emprego”, logo, segundo “o artigo 5º da lei complementar 179” Campos Neto poderia ser exonerado se comprovado um “desempenho insuficiente” na busca dos objetivos do Banco Central.

O parlamentar reforça que “a decisão do Conselho de Política Monetária (Copom) de manter a taxa Selic em 13,75% é inaceitável. Fica parecendo, cada vez mais, que Roberto Campos Neto e o Banco Central não estão agindo de forma técnica ao manter, pela sétima vez consecutiva, os juros em patamar tão elevado, mas sim, agindo politicamente para travar a economia brasileira e sabotar o governo do presidente Lula”.

Por fim, Lindbergh lembrou que o presidente do BC não cumpriu com o que foi proposto em 2021 e em 2022, estourando a meta de inflação. “Em 2022 a meta era de 3,5% e a inflação foi de 5,8%, em 2021 a meta era de 3,75% e a inflação foi de 10,06%, ficando em ambos os anos acima do teto”, diz o documento.

O deputado do PT pede que se tome uma “decisão enérgica” dada a “intransigência de Campos Neto em reduzir a taxa básica de juros”. Segundo ele, não há mais espaço para “paciência com um presidente do Banco Central que está comprometendo de forma direta o futuro do país”.

No congresso nacional, Lindbergh é o presidente da frente parlamentar contra juros abusivos. Após documento do BC que comentava o resultado do Copom pedindo “paciência”, o deputado criticou a postura da instituição, classificando-a como um “acinte à sociedade brasileira”.

Confira o relatório de Lindbergh enviado à CMN e o documento do BC sobre o resultado do Copom, divulgado na última quarta-feira (21), na íntegra.

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Alexandre Neres

23/06/2023 - 13h20

Seita banco-centralista exige a honra – REINALDO AZEVEDO – Folha de São Paulo

O BC, com juros aloprados, tornou-se a única e última esperança da direita

Ninguém sabota mais a autonomia do Banco Central do que os atuais membros do Comitê de Política Monetária. Dava-se como certa a manutenção da Selic em 13,75% -afinal, a forma de ser do autonomismo compreende, como é mesmo?, não contrariar expectativas- , mas até os fundamentalistas da seita dos Devotos dos Santos do BC do Todos os Tempos esperavam que os profetas fossem acenar com a possibilidade de uma queda em agosto. Que nada! Nem indício. Mesmo gente que se obriga a frequentar o culto dizia na intimidade que os juros poderiam cair já. Como sabem os leitores, penso que isso deveria ter ocorrido faz tempo.

“Você é ignorante em economia; não sabe nada!” Hummm… E quem se propõe a me ensinar? Na hipótese de não saber, uma coisa ao menos é certa: não erro como sabujo de especialistas na própria teologia. Convenham, todas as antevisões dos expertos (sempre com “x”) e fanáticos estavam erradas. E um erro não passa a ser um acerto porque eivado por jargões, vocabulário específico e certezas inabaláveis. Com frequência, não é a falta de convicção que produz desastres, mas o excesso -na hipótese de que haja algo além de interesse argentário.

Ainda bem que essa gente não luta uma guerra, não constrói prédios, não abre abdomens, não faz a papa do bebê nem se ocupa de logística. Imaginem os descalabros. Os valentes profetizaram sobre inflação, crescimento, câmbio, déficit, dívida e o que mais vocês quiserem. Erraram tudo. Flagrados, mandam os números às favas se estes contradizem suas adivinhações. Mas cuidado ao questionar suas predições! Você pode ser acusado de herege ou apóstata. Há nesses ambientes um verdadeiro clima de terror religioso. Citar a Standard & Poor”s, que viu o que nativos não viram, pode render o Tribunal do Santo Ofício do Monetarismo Gagá.

A reação de Lula foi suave. Descesse o porrete, os juros futuros de 300 anos poderiam subir 0,1%, e é certo que seria acusado de responsável pela, como é mesmo, deterioração das expectativas do fim do mundo. Afinal, convém não contrariar uma outra doxa de certos círculos: tudo o que acontece de ruim na economia brasileira é culpa do petista e “dessa gente”, e o bem, se algum há, se deve a fatores externos. Até a tese de que ele tem “sorte” andou sendo ressuscitada. Creio que é chegada a hora de o mandatário dividir essa carga com Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), respectivos presidentes da Câmara e do Senado – a Casa à qual a dita autoridade monetária deve um tantinho de satisfação.

Adicionalmente, é preciso um esforço para fazer chegar aos gentios o impacto em 12 meses de cada ponto percentual da taxa: R$ 38 bilhões. Se tudo andasse desarranjado, seria um custo a se pagar pelo desgoverno. Se, no entanto, os fundamentos – sem exceção – justificam a queda e se esta não vem, com acenos de que não virá em horizonte plausível, então é preciso dialogar com quem paga a conta. Ademais, pergunte-se: o empresariado assistirá, em silêncio obsequioso, ao despropósito de juros reais beirando os 9%? E pobre daquele que ousar falar em mudança do sistema de metas de inflação, colocando o país em linha, por exemplo, com as 10 maiores economias do mundo! Nessa área, os bravos são mais nativistas do que John Dutton no governo de Montana – refiro-me ao seriado “Yellowstone”.

Sempre acho interessantes os momentos em que os hierarcas levam as seitas que comandam ao colapso teológico, exigindo dos crentes um exercício adicional de devoção. Os do banco-centralismo já entregaram tudo à causa. Só falta a honra. Darão mais um passo ou escolherão “detox” e “rehab”? Acho que já sei…

PS: Cristiano Zanin se saiu muito bem. Os 58 votos indicam que parte considerável veio de parlamentares que estão em legendas de oposição. Há inequívoco mérito do sabatinado, mas parece evidente que o governo começa a se acertar no Congresso. Convenham: quem não tem nem liderança nem eixo, e as indagações o revelaram, são os oposicionistas. Havendo os sensatos, inclusive no PL, só uma torcida faz sentido: pela inelegibilidade de Bolsonaro, aquele que havia encontrado grafeno nos testículos e ovários de vacinados e depois recuou. O BC é, no momento, a única e última esperança da direita.


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