Lula irá conversar com líderes de países presentes na Cúpula em Paris, participar de festival a convite do Coldplay e almoçar com Emmanuel Macron.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarcou nesta segunda-feira (19) para a Europa, onde cumprirá agenda na Itália, Vaticano e França.
Lula é considerado um dos principais convidados para o evento em Paris, capital francesa. A Cúpula para um Novo Pacto Global de Financiamento, organizado pelo presidente da França, Emmanuel Macron, irá ocorrer na próxima quinta (22). O encontro reúne dezenas de chefes de estado e ministros do primeiro escalão de governos como China e Estados Unidos, segundo as informações da Agência Brasil.
O presidente francês deseja “fazer um balanço de todos os meios de formas de aumentar a solidariedade financeira com o Sul”. A partir disso, Lula irá defender a ampliação dos mecanismos de cooperação entre os países para além das questões climáticas.
“A questão principal, em termos de posição brasileira, é você, nas diversas iniciativas, levar em conta questões de desenvolvimento sustentável como um todo”, afirmou o embaixador Philip Fox-Drummond Gough, diretor do Departamento de Política Econômica, Financeira e de Serviços do Ministérios das Relações Exteriores. “Tem que ver as questões de maneira mais holística e interdependentes. Não adianta só fazer ações para o clima se não combater a pobreza e a fome, por exemplo, ou se não der condições de saúde. Esse é o ponto que, em todas as negociações, estará sobre a mesa”, continuou. A fala do diretor foi feita durante a coletiva de imprensa para detalhar os aspectos da viagem presidencial nesta semana.
Em declaração no programa semanal “Conversa com o Presidente”, transmitido pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC), ao lado do jornalista Marcos Uchôa, Lula entrou no assunto da preservação da região amazônica e o bem-estar da população residente ali.
“Para cuidar do meio ambiente, é necessário cuidar do povo pobre que mora nessas regiões. Normalmente, a gente fala da Amazônia, da Mata Atlântica, que é normal, mas é importante a gente lembrar que deve se discutir as palafitas. A gente deve discutir a degradação onde mora o ser humano. Sempre que a gente falar da questão ambiental a gente tem que lembrar das pessoas que moram nessas regiões que precisam viver dignamente”, disse o presidente.
A agenda
Conforme as informações divulgadas pelo governo, Lula irá se encontrar com o Papa Francisco, com os presidentes da Itália e da França, além de discursar em um festival em Paris.
Na terça-feira (20), o presidente inicia a programação no exterior em Roma, com o sociólogo italiano Domenico de Masi, que criou o conceito de “ócio criativo”.
Na quarta (21), estão marcados: reunião com o presidente da Itália, Sergio Mattarella, em Roma; audiência com o Papa Francisco, no Vaticano; e encontro com o prefeito de Roma, Roberto Gualtieri.
Quinta (22), os compromissos são: Cúpula para um Novo Pacto Financeiro Global, em Paris; discurso no evento Power Our Planet, no Campo de Marte, também em Paris; e jantar oferecido por Macron aos chefes de delegação participantes da cúpula.
Na sexta (23), Lula irá participar no Diálogo de Alto Nível da Cúpula, em Paris, e no almoço de trabalho oferecido por Macron ao presidente brasileiro.
Segundo o Palácio do Planalto, a programação de Lula na Europa ainda pode sofrer alterações, por se tratar de uma previsão.
No terceiro dia da agenda, na Cúpula em Paris, o governo brasileiro irá participar de seis mesas-redondas previstas, entre elas, questões sobre novos instrumentos de financiamento, reforma dos bancos multilaterais de desenvolvimento e participação de iniciativa privada.
Além de Lula, outros presidentes e ministros irão discursar no evento. São eles: o primeiro-ministro da China, Li Qiang; da secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen; do chanceler da Alemanha, Olaf Scholz; do príncipe da Arábia Saudita, Mohammed Bin Salman; do presidente de Barbados, Mia Mottley; do presidente do Egito, Abdul Fatah Khalil Al-Sisi; entre outros.
Ainda na noite de quinta-feira, o presidente irá fazer o discurso de encerramento do evento Power Our Planet, a convite da banda Coldplay. Também estarão presentes líderes do Timor Leste, Barbados, Gana e Quênia, além da prefeita de Paris, Ane Hidalgo.
“Vou participar de um evento público, na frente da Torre Eiffel, convocado pelo pessoal do Coldplay para fazer um ato público com vários dirigentes políticos, vários artistas. Eu serei o orador final desse encontro para falar da questão ambiental”, disse Lula.
No último dia, durante o almoço com o presidente francês, o governo adiantou alguns temas em discussão, por exemplo, questões econômicas. Será debatida a aprovação da resolução contra a ratificação do acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul, aprovada na semana passada, pela Assembleia Nacional da França.
“Vou almoçar com [Emmanuel] Macron [presidente da França]. Quero discutir a questão do parlamento francês que aprovou o endurecimento do acordo entre Mercosul e União Europeia. A União Europeia não pode tentar ameaçar o Mercosul, de punir se o Mercosul não cumprir isso ou aquilo. Se somos parceiros estratégicos, não se tem que fazer ameaças”, disse.
O acordo UE-Mercosul vem sendo negociado há 20 anos, teve um anúncio de conclusão em 2019, porém ainda não entrou em vigor. O tratado ainda precisa passar por uma série de detalhes para ser ratificado e internalizado nos países dos dois blocos econômicos – ou seja, o acordo precisa ser aprovado pelos parlamentares e governos dos 31 países envolvidos, o que pode significar muitas resistências. Uma delas foi feita por Lula, que se posicionou contra a flexibilização das regras de compras governamentais previstas no acordo.
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