Conversas entre o tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, e o coronel Jean Lawand Junior, então subchefe do Estado Maior do Exército, foram analisadas pela Polícia Federal e revelam discussões sobre planos golpistas envolvendo pessoas ligadas diretamente ao ex-presidente e membros do alto escalão militar.
De acordo com a revista Veja, o próprio Cid abordou o assunto com Lawand dias antes do término do mandato de Bolsonaro, expressando frases como “convença o 01 a salvar esse país”, “o presidente vai ser preso” e “pelo amor de Deus, faz alguma coisa”.
Após a derrota de Bolsonaro nas eleições, Lawand manteve contato frequente com Cid e pressionou repetidamente pela implementação de um plano para contestar o resultado eleitoral. O coronel, que foi designado pelo governo Lula para assumir o cargo de representante militar em Washington, afirmou que sua relação com Cid era de amizade e que suas conversas se limitavam a assuntos triviais, alegando não se lembrar de nenhum diálogo relacionado a planos golpistas. O general Rosty também afirmou não recordar de conversas desse tipo.
Cid encontra-se preso desde o início de maio, após uma operação da Polícia Federal sobre fraudes em cartões de vacina, na qual seu telefone foi apreendido.
As mensagens entre Cid e Lawand, obtidas pela Polícia Federal, trazem diálogos intensos. Em uma das conversas, Lawand implora a Cid para que o presidente não recue e enfatiza que Bolsonaro será preso, mencionando a possibilidade de ele ser enviado para a penitenciária da Papuda. Além disso, Lawand menciona a importância do apoio do Exército Brasileiro (EB) para a efetivação dos planos, enquanto Cid levanta a questão da confiança do presidente no Alto-Comando do Exército.
A análise dessas conversas e o conteúdo incisivo das mensagens revelam a existência de discussões sobre um possível golpe envolvendo Bolsonaro e membros do alto escalão militar. A repercussão desse caso tem sido significativa, pois evidencia a preocupação com a estabilidade democrática no país e levanta questionamentos sobre a conduta de autoridades envolvidas nesses planos.
Paulo
16/06/2023 - 22h37
Pelo que vi no JN, há pouco, inclino-me a pensar que houve ao menos “estudos prévios” sobre as circunstâncias em que um golpe poderia ser intentado, com arcabouços jurídico e militar aventados, sendo o jurídico risível (Ives Gandra da Silva Martins, notabilizado como tributarista, e não constitucionalista), e o militar, insuficiente, daí a possível desistência de Bolsonaro (não que não haja intentado)…Se houve tentativa ou não, na acepção jurídica do termo (começo dos atos executórios, ao menos), caberá às investigações elucidar…