Segundo a base do próprio governo no Congresso Nacional, o Palácio do Planalto enfrenta cinco problemas profundos e é com base em várias conversas que a coluna teve com exclusividade com membros do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto, que elencamos os principais problemas levantados por eles:
Negociação – Está faltando fôlego para tantas frentes. O que se tem trabalhado é num meio termo. Na visão do agronegócio, por exemplo, Guajajara e Marina são “parciais” e “radicais” em suas causas. Então a decisão de assuntos delicados para o setor será compartilhada com ministérios mais “técnicos”.
O agro é pop – Segundo parlamentares, não está havendo qualquer censura contra a Ministra Marina Silva, na verdade o governo não tem como enfrentar o agro agora no Congresso. Além disso, eles oferecem um trabalho de lobby além do ideológico. É quase consultoria. Documentos e dossiês com argumentos e dados. O governo ainda não está conseguindo fazer o mesmo trabalho
Articulação – Que tem gente chateado com o desmonte do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o Ibama, tem. Isso é fato. A Marina tem suas razões e esteve ausente algumas semanas por motivos de saúde (esteve internada). Sônia Guajajara também, socorrendo os ianomâmis. Ter ido hoje ao Congresso foi um acerto, mas elas deviam ter buscado uma interlocução maior com o Congresso, como o Haddad fez.
Veja também: O que Lula pode ter aprendido no G7
Uma fonte declarou à coluna: “os tuites dos parlamentares (Nilto Tatto é o maior defensor do MMA), mostram que boa parte dos parlamentares da base defendem Marina e o MMA. Mas se você olha a Conab, não se fala quase no Paulo Teixeira (PT-SP) como protagonista”. Segundo estas fontes, “Ela [Marina] e Guajajara são da elite do governo. Eles acreditam que Lula não vai abrir mão de nenhuma das duas. Mas não é do feitio dele pegar ninguém pela mão. Já na avaliação de uma fonte próxima de uma importante liderança do senado, Marina não deve durar muito tempo na pasta e que “alguns petistas torcem para que isso ocorra”.
Cargos – Na avalição da base, Rui Costa (Casa Civil) é mais “problemático” que Padilha (Relações Institucionais) na articulação. Mas a visão no congresso é de que precisa entregar os anéis para começar a recuperar o Brasil. Além disso, membros do próprio Palácio do Planalto veem o Ministro das Relações Institucionais como um nome “fortalecido” nos últimos dias.
Falta de rumo – Embora a página do Partido dos Trabalhadores (PT) comemore a aprovação das alterações que deformam a configuração ministerial prevista por Lula e que desmontam o MMA, nos grupos de Whatsapp para assessores e lideranças da base governista seguem sendo enviados materiais e orientações para que a pasta seja defendida.
Veja também: A oposição é o centrão
Homem certo no lugar errado – Ainda segundo uma outra fonte próxima de uma importante liderança no Congresso Nacional, Padilha é um homem bom e um excelente articulador que entrou na hora errada, na avaliação desta fonte, o Ministro é vítima do próprio PT que, segundo ele, não deveria ter empoderado Arthur Lira (PP-AL).
Caronte
25/05/2023 - 09h35
PS:
Como é que um governo que já esteve no palácio por 14 anos (de 2003 até 2016) não consegue elaborar dados para contrapor o latifúndio (por favor, para de chamar de agro)?
Como é que não consegue atuar em várias frentes? Desculpa de papudo é friagem
Caronte
25/05/2023 - 09h32
É, em resumo é o seguinte: o capitalismo é ingovernável, ainda mais quando um presidente (frouxo) quer juntar a galinha e o tigre em uma sala para que conversem namorem e tenham filhos…não dá né?
Calabouço fiscal foi a gota d’água… vergonha de um dia ter militado (e acreditado) no PT como opção de esquerda, foram-se 30 anos de minha vida, jogados no lixo…
Volta Bozo, porque pelo menos, sabemos que o que é o inimigo, e o que ele pretende…com esse governo, o capital come nossos buracos sem que saibamos coo reagir…
EdsonLuíz.
24/05/2023 - 21h16
Quando qualquer força política no Brasil fala de questões climáticas e de preservação de meio ambiente em âmbito internacional, está falando da América do Norte, exceto México, da Europa Ocidental e pouco mais. Os outros muitos países ou não podem assumir responsabilidades de mitigar os danos causados pela exploração do meio ambiente a não ser ajudados pelas grandes economias mundiais ou não querem assumir compromissos ambientais, casos das ditaduras da China e Rússia.
Com as opções ideológicas feitas por Lula até aqui, tanto em economia como em geopolítica, de alinhamento maior com o obscurantismo político das ditaduras da China e da Rússia, o espaço internacional do Brasil está mais fechado que a expectativa inicial que se tinha antes de iniciado o mandato atual.
Nunca as portas políticas internacionais são todas fechadas para um país, porque as políticas comerciais (viva David Ricardo) dependem de pragmatismo político, mas para além disso, devido às orientações mais ideológicas do governo Lula na política externa, ideologusmo que já havia sido feito na área de polítjca internacional durante as outras gestões do PT e na gestão de Bolsonaro, o Brasil está com uma imagem um tanto comprometida nessa parte do mundo que inicialmente conta de fato para tratar de economia ambiental.
Mas, ao menos por enquanto, o Brasil ainda importa nessa questão ambiental para além de quem seja o presidente, se Lula ou Bolsonaro ou outro mais amigável à democracia.
Os ativos com que conta o Brasil para ser considerado na questão ambiental são dois ativos::
▪O próprio Brasil em si é, ele mesmo, o seu maior ativo ambiental, com sua vegetação amazônica e sua localização geográfica favorável à geração de energia renovável de origem eólica, vegetal e solar;
▪O outro grande ativo ambiental com que conta o Brasil é Marina Silva.
Se o governo Lula perder Marina Silva, fica mais melindroso para o Brasil tratar a questão ambiental, e por consequência a comercial, com a América do Norte e com a Europa Ocidental e demais grandes economias democráticas.
E ceder pasto político para o lado obscuro do agronegócio (agro cujo lado tecnológico e mais progressista é luminoso) ou ceder licença de exploração mineral de forma irrespinsável é se igualar mais ainda do que já vem se igualando ao governo Bolsonaro.
Licenciamento ambiental tem que ser concedido sempre que tecnicamente for possível, e com os cuidados necessários para manter o respeito das grandes economias progressistas do mundo. Ou se isolar em uma Órdem Política e Econômica Mundial autoritária, obscurantista, antidemocrática… e suja!