A nova dinâmica imposta pelos streamings no mundo do audiovisual continua a causar discussões e consequências reais em Hollywood. A consolidação desses serviços e a pandemia trouxeram à tona embates entre estúdios, produtoras e criadores acerca da liberação mais rápida de filmes para essas plataformas, colocando em xeque a ideia estabelecida do que é cinema.
Empresas com a Warner e a Disney, ambas com streaming próprio, mudaram algumas vezes seu posicionamento, principalmente por discordância com os criadores das obras, detentores oficiais dos direitos criativos. Duna, filme de Denis Villeneuve lançado no fim de 2021, gerou polêmica entre estúdio e diretor, por exemplo. Enquanto a Warner desejava que o tempo de espera entre cinema e streaming fosse menor, Villeneuve não concordava com a ideia e brigou para que o tempo de exclusividade nos cinemas permanecesse inalterado.
Esse ano, a influência das plataformas de streaming na lógica de produção audiovisual de Hollywood gerou mais uma consequência. O Sindicato de Roteiristas da América (WGA, na sigla em inglês) decretou greve a partir de hoje (2).
O roteiristas, que já negociavam aumentos salariais e garantia de direitos, não ficaram satisfeitos com os acordos propostos pelos estúdios, decidindo repetir o movimento que paralisou a indústria do entretenimento estadunidense em 2008.
A greve decretada há 15 anos durou 100 dias, custando 2 bilhões de dólares à economia da Califórnia. Com a paralisação, a produção de filmes, séries e talk shows foi interrompida até que os roteiristas tivessem seus pedidos atendidos.
A associação dos roteiristas, composta por mais de 11 mil trabalhadores, argumenta que as temporadas de séries de TV mais curtas e pagamentos residuais menores, agora uma realidade da era dos streamings, não correspondem com a realidade e o trabalho realizado pelos escritores.
“As respostas dos estúdios às nossas propostas foram totalmente insuficientes, dada a crise existencial que os escritores estão enfrentando”, disse a WGA em comunicado.
Em resposta, a Aliança de Produtores de Cinema e Televisão (AMTPT, na sigla em inglês), representante de estúdios como a Disney e a Netflix, afirmou que ofereceu “aumentos generosos” durante a negociação.
Segundo a AMTPT, o ponto de maior discordância nas negociações se encontrava em propostas que exigiam “que uma empresa contratasse um certo número de escritores para um programa por um período de tempo especificado, seja necessário ou não”.
Os primeiros programas afetados pela greve serão os talk shows, como Jimmy Kimmel Live e The Tonight Show with Jimmy Fallon. Enquanto isso, plataformas como a Netflix serão afetadas em suas produções estadunidenses, mas conseguirão manter o catálogo renovado devido às produções originais de outros países.
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