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O homem que sabia de menos

O antigo chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias, deu seu depoimento para a Polícia Federal nesta sexta-feira (21), entre vários pontos falados pelo general, um me chamou a atenção: o depoimento da a impressão de que Dias era um homem completamente perdido em suas funções, mesmo tendo trabalhado na pasta por […]

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O antigo chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias, deu seu depoimento para a Polícia Federal nesta sexta-feira (21), entre vários pontos falados pelo general, um me chamou a atenção: o depoimento da a impressão de que Dias era um homem completamente perdido em suas funções, mesmo tendo trabalhado na pasta por quase 10 anos entre 2002 e 2010.

Também mostra que o militar pode ter pago caro pela decisão de manter os mesmos quadros da gestão Heleno na pasta, vide o trecho abaixo onde ele alega não ter conhecimento sobre qualquer relatório de avaliação de risco antes de 8 de janeiro.

Já em outro momento, ainda mais alarmante, Dias afirma que não tinha conhecimento sobre ações radicais que ocorreriam em manifestações em Brasília entre 6 e 8 de janeiro.

A afirmação do militar é inacreditável, pois no dia 6 de janeiro a “festa da Selma”, que era como os golpistas chamavam os atos em Brasília, já eram divulgados por parte da imprensa, também já era de amplo conhecimento as convocatórias para ações de vandalismo e violência na capital do país. Não faltam bravatas sobre tomada de poder e até mesmo ameaças de morte contra o presidente Lula.

Em outro momento, Dias afirmou sequer saber se haviam agentes monitorando o acampamento em Brasília e que tampouco ordenou que fosse realizado algum monitoramento, tampouco sabia sobre o fluxo de ônibus em direção à Brasília.

Em que pese o fato do general não ter mais de uma semana no cargo, é injustificável que o chefe do GSI tenha atuado com tamanha inércia, afinal de contas, o mesmo afirma não saber de qualquer coisa e ao julgar pelo depoimento, tampouco se preocupou em saber.

Se o general não fosse demitido por conta do vazamento das imagens da antessala da presidência, poderia ser demitido facilmente por esse depoimento onde se mostrou alguém completamente alheio ao que se passava ao seu redor.

Reafirmo, Dias já tinha trabalhado no GSI entre 2002 e 2010, não era um novato na pasta ou alguém sem experiência. É escandaloso que o ex-chefe da área de segurança do presidente faça tais afirmações, principalmente sobre o desconhecimento da magnitude das aç~eos que levaram ao fatídico 8 de janeiro.

O depoimento só reforça a incapacidade dos militares em fazer com que a pasta cumpra as suas funções, não é de hoje que a pasta vem falhando miseravelmente. O GSI permitiu que dois presidentes fossem grampeados (Dilma e Temer) e permitiu que quase 40 quilos de cocaína fossem transportados numa comitiva presidencial.

Mudam-se os presidentes e os problemas mas os personagens são os mesmos, os militares das forças armadas.

Está mais do que na hora de desmilitarizar o GSI!

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Cleber Lourenço

Defensor intransigente da política, do Estado Democrático de Direito e Constituição. | Colunista n'O Cafézinho com passagens pelo Congresso em Foco, Brasil de Fato e Revista Fórum | Nas redes: @ocolunista_

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Comentários

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Luise

22/04/2023 - 15h47

PQP, não dá para acreditar mesmo que ele não sabia. O que ele estava fazendo no GSI nos dias antes de 8/1? Ele foi realmente tão ingênuo de acreditar nos milicos que estavam lá no GSI? Tomara que Lula acabe com a militarização do GSI. Abraços

EdsonLuíz.

22/04/2023 - 11h46

Mas não cabe apontar e nem sugerir culpados.

Sobre este General, aquela situação lhe era muito difícil. E seria difícil para qualquer um. Foi até uma grande sorte ali estar uma pessoa madura e experiente.

Aquela situação teve aspectos de surpresa e o General estava de volta ao GSI em uma conjuntura de atropelos, com todo o setor de segurança sendo contestado.

Não era fácil se MOVER em meio a um quadro como aquele em que estava o país, de uma eleição legítima sendo fortemente contestada, e que se refletiu e culminou exatamente ali.

Os movimentos desorientados e perplexos do General no ambiente, para mim, mais mostram que ele não estava ali em colaboração de um lado nem de outro, mas até corajosamente avaliando medidas para iniciar a tomada de controle sobre o ambiente e salvaguardar o que fosse possível e mais importante.

O que era mais importante ali se não o gabinete da presidência? E se o General agisse com o uso da força, no que isso poxeria resultar ali dentro?

Não estou afirmando inocência do General. Mas também não estou afirmando culpa. Só a apuração poderá esclarecer.


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