Estimativas realizadas pelo Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) indicam que, no terceiro trimestre de 2022, a Petrobras deverá registrar resultado financeiro positivo: (i) Lucro Líquido de R$ 47,5 bilhões; (ii) Geração de Caixa Operacional de R$ 76,3 bilhões; (iii) Fluxo de Caixa Livre de R$ 67,9 bilhões; e (iv) distribuição de dividendos entre R$ 45 bilhões e R$ 55 bilhões, caso seja mantida a mesma política de distribuição dos trimestres anteriores. A Petrobras divulga na próxima quinta-feira (03/11) o balanço dos seus resultados operacionais e financeiros do terceiro trimestre de 2022.
A projeção positiva dos resultados neste terceiro trimestre guarda forte relação com o aumento dos preços internacionais do barril de petróleo (Brent) e a elevação dos preços médios de venda dos derivados no mercado interno, em comparação com seus respectivos preços no 3T21, que impulsionaram o aumento das receitas de vendas. Segundo as estimativas do Ineep, os preços médios dos derivados cresceram 59,6%, nessa comparação anual, saindo de R$ 430,00 por barril no 3T21 para R$ 687,00 no 3T22. A queda de 9,6% no volume de vendas de derivados no mercado interno, na comparação anual, reforça o papel central da política de preços da Petrobras (PPI) nesse resultado positivo.
Os resultados do terceiro trimestre de 2022 não deverão ser fortemente impactados por lançamentos não recorrentes como no primeiro semestre, isto porque a companhia comunicou o recebimento de aproximadamente R$ 2,7 bilhões por quatro desinvestimentos: (i) venda de sua participação Deten Química S.A (R$ 585 milhões); (ii) a venda dos campos de águas rases de Peroá e Cangoá, no Espírito Santo (R$ 43,0 milhões); (iii) venda de campos terrestres de Fazenda Belém e Icapuí no Ceará (R$ 24,0 milhões); e, por fim, (iv) a venda de 51% das ações da Petrobras Gás S.A, a Gaspetro, por R$ 2,1 bilhões.
Em linhas gerais, os resultados positivos estimados para a companhia no 3T22 são fruto de dois elementos centrais, primeiro, do aumento das receitas de vendas no mercado interno decorrente dos preços dos derivados, que seguem a atual política de preços de paridade de importação (PPI), e, segundo, da manutenção de baixos custo de produção da companhia, fruto da elevada produtividade do pré-sal.
Aumento dos preços dos derivados garantem lucros
Segundo estimativas do Ineep para o 3T22, a receita de vendas da Petrobras foi de R$ 161,9 bilhões, crescimento de 33% em relação ao mesmo período do ano passado. Desse total, R$ 133,0 bilhões foram originários das vendas para o mercado interno, que cresceram 46% na comparação com 3T21 e representaram 82% da receita de vendas total. As vendas para o mercado internacional devem alcançar cerca de R$ 29,0 bilhões, o que significa uma queda de 4% e, com isso, passa a representar 18% das receitas no 3T22, ante 25% no 3T21.
As receitas de vendas de derivados para o mercado interno devem representar cerca de 68% do total das receitas da Petrobras no 3T22, o que evidencia como os preços domésticos e a adoção do PPI impactam diretamente os resultados financeiros da companhia. As estimativas do Ineep para o 3T22 reforçam essa percepção, visto que, a despeito da queda de 9,6% dos volumes comercializados dos derivados, o preço médio do total de derivados subiu 59,6% no 3T22, quando comparado com 3T21.
Cabe destacar que a privatização de refinarias, em especial da RLAM, além de reforçar movimento de ampliação da vulnerabilidade da companhia frente à oscilação dos preços internacionais, neste 3T22 aumentou em 4.950% da venda de petróleo, pela Petrobras, para o mercado interno, saindo de 4 mil de barris por dia (Mbpd) no 3T21 para 202 mil bpd neste trimestre. Essa receita, segundo estimativas do Ineep, deve alcançar um montante de R$ 9,6 bilhões, sendo influenciada pelo aumento do preço do petróleo Brent, que se elevou de US$ 73,5 por barril, na média do 3T21, para US$ 100,5 por barril, na média do 3T22 (elevação de 37%).
É possível afirmar que o aumento da receita de vendas da Petrobras para o mercado interno foi puxado, em grande parte, pela elevação dos preços dos derivados, decorrentes da adoção da atual política de preços de paridade de importação (PPI), e, em menor grau, pelo aumento dos preços e das vendas de petróleo para o mercado interno.
No que diz respeito às vendas da Petrobras para o mercado externo, na comparação dos resultados do 3T22 com o 3T21, verificou-se uma redução de 35,1% no volume de exportação de petróleo e derivados, decorrente, em parte, da redução de 6,5% da produção de petróleo neste trimestre, saiu de 2,79 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boe/d) para 2,60 milhões de boe/d. Em virtude de tal queda, estimou-se um redução de cerca de 4% nas receitas de vendas para o mercado externo, na comparação anual, a despeito da elevação nos preços do petróleo.
Por conta desses resultados das receitas e da atual estrutura de custos da Petrobras, o Ineep projeta que o lucro antes do resultado financeiro, participações e impostos (sem considerar a venda de ativos e os impairments) no 3T22 será de R$ 77,8 bilhões, valor 20% superior ao registrado no mesmo período em 2021. Somando esse lucro operacional estimado (considerando a venda de ativos e as compensações) com o resultado financeiro (R$ -10,1 bilhões) e os impostos (R$ 21,1 bilhões) estimados, obtém-se o lucro líquido estimado de R$ 47,5 bilhões, conforme apresentado anteriormente.
Geração de caixa e pagamentos de dividendos
Esse lucro estimado da Petrobras proporcionará uma Geração de Caixa Operacional ainda maior neste trimestre, cerca de R$ 76,3 bilhões, que é o resultado das entradas e saídas de caixa relacionadas as atividades operacionais (ver Tabela). De forma indireta, a geração de caixa operacional é calculada somando ou subtraindo itens (ajustes) do lucro líquido que afetam o fluxo de caixa operacional. Com essa geração de recursos, estimou-se um Fluxo de Caixa Livre (diferença entre a geração de caixa livre e gastos em investimentos imobilizados e intangíveis) da Petrobras no 3T22 da ordem de R$ 67,9 bilhões, crescimento de 44% em relação ao mesmo período do ano passado.
Com base nas estimativas da geração de caixa operacional e do fluxo de caixa livre e últimas distribuições de dividendos, o Ineep estimou também o montante da distribuição de remunerações para os acionistas entre R$ 45 bilhões e R$ 55 bilhões. Do total estimado de lucros a serem distribuídos, 36,6% irão para o governo federal e para o BNDES; 63,4% para acionistas privados, dos quais 45,4% para os acionistas não brasileiros (NYSE-ADRs, B3, CRGI e Blackrock) e 18% para os acionistas privados brasileiros.
Luiz Cláudio Pedroso da Fonseca
05/11/2022 - 23h38
“Em linhas gerais, os resultados positivos estimados para a companhia no 3T22 são fruto de dois elementos centrais, primeiro, do aumento das receitas de vendas no mercado interno decorrente dos preços dos derivados, que seguem a atual política de preços de paridade de importação (PPI), e, segundo, da manutenção de baixos custo de produção da companhia, fruto da elevada produtividade do pré-sal.” Mais do que leigo que sou enquanto possível acionista, penso que o trecho acima descreve muito bem o interesse da Lava Jato pela Petrobrás.
carlos
01/11/2022 - 17h36
Atenção colaboradores, do humor nacional, como Winderson Nunes , tirulipa e outros que já ajudaram em outras oportunidades na pandemia, que voltem a ajudar, com doação de oxigênio pros hospitais que não estão sendo abastecidos, por irresponsabilidade do presidente da República, que apoia a paralisação dos irresponsáveis caminhoneiros.
EdsonLuíz.
01/11/2022 - 16h51
O petróleo é um fóssil que continua vivo, mas que deveria já estar morto e enterrado.
Um planejamento ESG para a matriz energética deve ser fortemente baseada em desmobilização e alienação de ativos dessa energia maldita que é o petróleo, com todo o reconhecimento devido para o progresso que ela nos proporcionou enquanto não contávamos com opções viáveis.
Alguns não poucos usos o petróleo ainda pode ter, mas deve ser aceleradamente descontinuado, em nome do que hoje precisamos passar a chamar mais precisamente de progresso material.
Planejar o abandono do petróleo como importante já cumpre por si só o progresso obrigatório que é limpar a matriz energética. Mas o apelo por mudança que conta é sempre de órdem econômica, e o ganho econômico de amanhã, na questão da e energia, é fazer a antecipação imediata do desenvolvimento e adoção de opções de energia ambientalmente sustentável.
Adiantar a decisão de financiar a transição vai colocar o Brasil na fronteira da tecnologia e na cadeia econômica da energia limpa, resultando em vantagem comparativa que nos trará bons ganhos econômicos, ganhos que não virão se insistirmos em opções retrógradas, presos a interesses que são corporativos de certas empresas e empresários e de certos corporativismos trabalhistas.
Mas…será que uma força política retrógrada como o PT vai assumir o futuro? Ou vai continuar enganando na questão ambiental ao se dizer comprometido, mas remar contra.
O Brasil, após a catrástrofe econômica que foi construída gradativamente a partir de 2006/2007 e aprofundada depois por Dilma (com a contribuição recente de bolsonaro), não tem dinheiro sequer para obrigações de saúde e salário e precisará de reformas profundas para se recuperar. Na crise em que está o Brasil não tem dinheiro para limpar o ambiente. É com a venda de ativos da velha matriz de petróleo que o Brasil pode conseguir financiar o futuro da energia, com ganhos econômicos que os meninos do futuro vão agradecer muito.
E a empresa-mãe do futuro da energia pode até ser estatal que eu não vou me importar, embora, sendo uma estatal, eu vá continuar preocupado com ineficiéncia e corrupção, como acontece com a Petrobrás. e preferisse que fosse financiada a iniciativa privada para fazer a transição.
Edson Luiz Pianca.