Por Ricardo Capelli
Ciro Gomes é um dos quadros mais extraordinários do Brasil. Sua indignação com a situação nacional é a mesma de milhões de patriotas. O ex-governador exala uma rebeldia que contagiou parcelas expressivas da juventude.
Comecei minha vida política como brizolista, com muito orgulho. Em 1989, com apenas 17 anos, saí de casa com o peito estufado e um lenço vermelho no pescoço para votar no saudoso Leonel. Se pudesse voltar no tempo, faria tudo de novo.
Minha simpatia pelo nacionalismo trabalhista me rendeu muitos rótulos. Vivemos a era do instantâneo líquido de Bauman. Duas palavras e dois segundos já são suficientes para te marcar para sempre. Antipetista e Cirista foram alguns dos rótulos que colecionei.
Tenho na minha estante com orgulho o livro “Projeto Nacional: O Dever da Esperança”. Leitura obrigatória para todos aqueles que amam o nosso chão. Pode-se concordar ou discordar de Ciro, mas é impossível ignorá-lo.
O adversário de Ciro em 2022 não é alguém com posições mais à esquerda ou um programa econômico mais revolucionário e transformador. Talvez o pedetista não tenha se dado conta, mas ele luta contra a própria história.
Não existe justiça na história, ela não é decidida através de um concurso. A história é uma mistura da famosa luta de classes com um conjunto de acasos e coincidências que vão tratando de encaixar personagens no tempo.
E não há qualquer dúvida de que ainda vivemos o tempo histórico de Lula. O ex-presidente ainda mora no coração dos brasileiros. É a nossa maior liderança popular viva, talvez a maior de todos os tempos.
Viveremos em 2022 uma batalha sem precedentes. Nunca antes um presidente no cargo enfrentou um ex-presidente. Nunca o país foi governado por forças assumidamente de extrema-direita. Nunca estivemos tão perto de consolidar uma República das Milícias.
Como escreveu o insuspeito Elio Gaspari, escritor consagrado da autopsia do Regime Militar, nunca estivemos tão perto de um novo AI-5.
Partido político existe pra disputar poder, claro. E o PDT não teria sentido se não fosse para disputar a liderança da esquerda brasileira. Partido político que se contenta em ser coadjuvante planeja a irrelevância.
Ciro tem todo o direito de seguir com a sua candidatura e defender as suas ideias durante a campanha eleitoral. Ninguém tem o direito de exigir dele a renúncia às suas convicções.
E é justamente por essas convicções e por seu compromisso com o povo brasileiro que o dia 1◦ de outubro de 2022 será o dia em que Ciro poderá “chutar a porta da história”.
Teríamos um final épico se a batalha de todos os tempos entre dois gigantes fosse decidida na véspera do primeiro turno por um inesperado ato de rebeldia patriótica.
Há muitas formas de entrar para a história. Existe uma vaga reservada para Ciro nela.
José Almeoni
17/05/2022 - 12h55
Ciro prefere oferecer decência.
Valter Duarte Ferreira Filho
16/05/2022 - 10h56
Pura chantagem. Roland Barthes disse muito bem: “O fascismo não é impedir de dizer; é obrigar a dizer. Digo eu: o fascismo não é impedir de votar; é obrigar a votar.
Joao Carlos Holanda Cardoso
15/05/2022 - 23h15
Não se iluda. Ciro jamais fará o que sugere que ele pudesse e deveria fazer. Embora no PDT, Ciro não é Brizola. Também Defendi Brizola em 89. Foi a única eleição na qual não votei em Lula no primeiro turno. E Brizola, após ataques baixos, digamos assim, de um Lula ainda incendiário, não titubiou em abraçar o “sapo Barbudo” contra Collor. Até me surpreendi à época. Ciro jamais esquecerá que a existência de Lula o impedirá de tornar-se presidente. Seu amor a si mesmo é maior que qualquer coisa. Brizola percebeu que sua chance histórica havia passado. E a aceitou. Foi governar o Rio e fazer CIEPES. Ciro prefere cair atirando. Tem o devaneio autoritário de que o Brasil precisa dele e somente dele.
Fanta
14/05/2022 - 17h52
Não precisa desfarçar muito…a missão clara com esses textos é tentar convencer os eleitores de Ciro Gomes a votar para o lavador de dinheiro profissional no primeiro turno.