Por Altamiro Borges
Para os que tentam se viabilizar como “terceira via” nas eleições presidenciais de 2022, a situação não está nada fácil. Que o digam os tucanos, com as suas bicadas sangrentas no ninho. Só nos últimos dias, o governador paulista João Doria entrou em confronto com Aécio Neves e Geraldo Alckmin – dois ex-presidenciáveis do conflagrado e abatido PSDB.
O bate-boca faz parte da disputa interna para definir o candidato do partido no próximo ano. As prévias estão previstas para novembro e já têm quatro postulantes: o demagogo de São Paulo, o governador gaúcho Eduardo Leite, o senador cearense Tasso Jereissati e o ex-prefeito Arthur Virgílio Neto, de Manaus.
Conchavão e BolsoDoria
Nesse quadro de disputa acirrada, o rejeitado Aécio Neves, hoje convertido ao bolsonarismo, aventou a possibilidade do PSDB nem ter candidato próprio em 2022. De imediato, João Doria, aparentemente o postulante mais forte nas prévias, atacou o mineiro, afirmando que ele “gosta de fazer conchavo político com o Centrão para prejudicar o Brasil”.
O governador paulista, que já defendeu a expulsão de Aécio Neves da legenda, ainda atirou: “Eu tenho pena e lamento que ele ainda frequente o PSDB. Deveria ter tido a dignidade e ter pedido para sair… O fracasso subiu à cabeça de Aécio Neves. Ele não gosta de eleição, gosta de conchavão”.
O ex-cacique tucano, que parecia ter virado pó, não se intimidou e retrucou. Afirmou que João Doria “nunca foi do PSDB” e que “deveria usar sua verve para explicar a humilhação a que está submetendo seu padrinho, o ex-governador Geraldo Alckmin, e para explicar o inesquecível Bolsodoria, esse sim, o único conchavo político que o PSDB fez com Bolsonaro”.
Estilo agressivo do “João vacinador”
As bicadas no ninho tucano devem ficar ainda mais sangrentas nos próximos meses. Humilhado por sua criatura na briga interna para definir o candidato à sucessão em São Paulo, Geraldo Alckmin ameaça deixar o PSDB. Aliados do “picolé de chuchu” dizem que ele está sendo sabotado pelo atual governador no seu sonho de voltar ao Palácio dos Bandeirantes.
No seu estilo agressivo e sem escrúpulos, João Doria joga pesado para se viabilizar como candidato da sigla, como aponta a Folha: “Filiações de prefeitos, vídeo com o mote ‘João vacinador’ e um site de divulgação de material para militantes marcam a ofensiva de João Doria para obter maioria de votos entre filiados nas prévias presidenciais para 2022”.
“Doria deu início à campanha interna no último fim de semana, quando compareceu a eventos tucanos em Mato Grosso do Sul e Goiás. Na noite de quarta-feira (14), o diretório do PSDB de São Paulo, controlado pelo governador por meio de seu secretário Marco Vinholi, filiou 65 prefeitos e vice-prefeitos, alcançando 231 prefeitos no estado de 645 cidades”.
“No evento, foi divulgado um vídeo de propaganda que dá o tom da campanha, com críticas ao presidente Jair Bolsonaro e ao ex-presidente Lula, descritos como ‘negacionista’ e ‘corrupto’, respectivamente. Já Doria é apresentado como ‘João, o vacinador’ e ‘a cara limpa da paz e do consenso’, alguém que ‘não viveu em berço de ouro’ como se pensa”.
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