Em entrevista à Folha de São Paulo, o deputado federal e pré-candidato à prefeitura de São Paulo pelo PCdoB, Orlando Silva, falou sobre sua candidatura e o futuro das esquerdas.
Orlando Silva mencionou também os candidatos Guilherme Boulos (PSOL-SP) e Jilmar Tatto (PT-SP), adiantando que se solidarizará com o petista caso surjam mais declarações de petistas “como Haddad ou Dilma” apoiando Boulos, repetindo o gesto de Celso Amorim.
Leia alguns trechos abaixo:
Pretende fazer uma campanha voltada a questões locais ou mais nacionalizada, com ênfase na oposição ao presidente Jair Bolsonaro?
São Paulo é uma cidade-estado, o maior colégio eleitoral do país, o que faz com que o interesse nacional repercuta sobre a vida do município, e vice-versa. Isso dá dimensão nacional à disputa, mas há que se fazer um enfrentamento levando em conta a realidade local.
E o que a realidade local apresenta?
Decidi que meu partido deveria ter candidato no segundo turno da eleição de 2018, quando vi Mano Brown falar que, se [um partido] deixou de entender o povão, já era. Se não falar a língua do povo, vai perder de novo. Ali passei a refletir: temos que aprender com o povo. A esquerda precisa ser mais humilde. Perceber que derrotas, quando nós as sofremos, deixam lições. É preciso se reconectar com o povão.
Como essas pautas podem se converter também em apoio da classe média, da elite?
Em estratos médios e mesmo nos altos, quem tem capacidade crítica se comove com o drama da realidade na periferia e se mobiliza para apoiar um projeto que coloque foco em ajudar primeiro quem mais precisa.
É um discurso próximo do de Jilmar Tatto (PT) e Guilherme Boulos (PSOL), ambos do campo da esquerda.
O Tatto e o Boulos são amigos [meus]. Pode haver identidades porque compomos o mesmo campo. Mas uma liderança política negra enfrentar o racismo estrutural é diferente de uma que ouve dizer o que é o racismo.
Como pretende se diferenciar dos dois?
O PT é parte do passado. E o PSOL é uma espécie de PT retrô, dos anos 1980. Vou, com a minha experiência de vida e pessoal, valorizar a minha condição de negro e debater a representatividade na política. Não serão os brancos que vão romper com o racismo estrutural.
Como será fazer campanha por um partido que tem no nome o comunismo, demonizado por Bolsonaro e a direita?
Olha, pelo Bolsonaro, 80% do Brasil é formado por comunista. A minha perspectiva sempre foi a de construir uma sociedade justa, com igualdade de oportunidades e comunhão. Um governo comunista é como o do Maranhão, que o Flávio Dino (PCdoB) faz. Quero governar São Paulo inspirado em Flávio Dino.
O sr. também cita a China, outro “bicho-papão”.
A China, que é um país onde estive três vezes, é uma experiência comunista, com muito desenvolvimento, e que pode ser um local de muitas parcerias para a nossa gestão.
Existe chance de retirada da sua candidatura?
Nenhuma.
A inédita ausência do PT em uma campanha do PC do B na capital enfraquece ou fortalece seu nome?
Apresentar um projeto para a cidade é o nosso desafio. Tenho muitos amigos no Partido dos Trabalhadores, o Lula foi um extraordinário presidente, mas nós temos que olhar para a frente.
O que motivou a cisão?
Nós, do PCdoB, entendemos que é necessário estruturar um projeto político para a cidade de São Paulo que não será feito à sombra do PT e que precisa de um líder. Foi-se o tempo em que São Paulo melhor seria governada por um gerente. Aliás, tem gente que se agarrou a esse conceito de ser gerente e teve um péssimo resultado, inclusive eleitoral.
Jerson7
13/08/2020 - 10h26
Querer se inspirar no Flavio Dino tudo bem mas pelo menos que nao declare isso em publico se ele quiser ganhar as eleiçoes….caso contrario a gente acha que nao està qurendo ser eleito.
Miramar
13/08/2020 - 00h08
O respeitável Orlando Silva parece fazer parte da ala do PC do B que está cansada do Bolsolulismo. Parece pouco mas se levarmos os últimos trinta anos veremos que já é um começo. É nenhum incêndio começa grande.
Paulo Cesar Cassin
12/08/2020 - 18h31
Seria louvável se após fragorosa derrota o mesmo não retornasse ao cargo de Deputado Federal. Explico: Esses são políticos profissionais, de carreira e fazem leis em benefício próprio. Se afastam de seus cargos, nesse caso, o de deputado federal, se ganhar as eleições para cargo superior ao seu entra seu suplente, se perde retorna ao seu cargo anterior. A maioria desses políticos arrecadam fortunas R$$$ por onde passam para se elegerem a cargos públicos de invejável remuneração sem mexer com seu dinheiro próprio. Fazem centenas de aliados nas prefeituras espalhadas pelo estado e em conluio com prefeitos distribuem milhares de cargos para seus correligionários em troca de favores que vão desde os repasses das opolutas Emendas Parlamentares a cargos comissionados e de confiança. Além disso, no seus partidos, não permitem concorrência… querem se eternizar no controle partidário e de seus benefícios e mordomias digno de congressistas brasileiro, onde a maioria são picaretas, todos nós sabemos disso. Falta a sociedade por um fim nisso, quando? quando Deus quiser!!!
Mancini
12/08/2020 - 17h32
“O PT é parte do passado. E o PSOL é uma espécie de PT retrô, dos anos 1980.” Pisou na bola! Irão ficar eternamente se digladiando. E a direita aproveita. http://refazenda2010.blogspot.com/