Ontem, na breve “coletiva” que deu diante da grade do Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro voltou a produzir provas contra si mesmo.
Ele mostrou o seu celular para as câmaras, para que todos pudessem ver as mensagens trocadas com o ministro Sergio Moro.
Algumas observações:
- Bolsonaro confirmou a veracidade das mensagens apresentadas por Moro. Alguns amigos juristas, preocupados com o Estado de Direito, lembravam que era preciso fazer a perícia. Eu dizia que, neste caso, a palavra de um ministro de Estado, abrindo suas próprias mensagens, deixava pouca margem de dúvida. Agora não há mais dúvida nenhuma.
- Bolsonaro inclusive mostrou mensagens anteriores e posteriores, permitindo que entendêssemos o contexto, e o contexto era exatamente aquele enunciado por Moro, a saber, interferência política na PF para poupar aliados.
- Na coletiva, Bolsonaro tenta desviar o foco, mostrando uma resposta de Moro em que este usa a expressão “isso é fofoca”. A resposta de Moro não tem o sentido que Bolsonaro tenta atribuir. Moro quer dizer que era fofoca que a PF estaria investigando deputados bolsonaristas. de moto-próprio, como se a PF fosse “adversária” do governo.
- O único trunfo de Bolsonaro é que as mensagens também dão a entender que ele é, antes de tudo, boçal. O presidente não parece sequer entender que suas mensagens e seu desejo de demitir o diretor da PF por causa de seus temores, constituíam claramente interferência política ilegal. Os textos privados do presidente nos fazem suspeitar que Bolsonaro não tem noção do que seja autonomia.
- A boçalidade não constitui, todavia, desculpa. Não se perdoa um assassino maior de idade, com suas plenas capacidades mentais, por ser um boçal. Os atos de Bolsonaro constituem crimes de responsabilidade e são suficientes para impedi-lo.
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