No Estadão
Distribuição de absorventes em locais públicos ganha apoio de bancada feminina
Apresentada pela deputada Tabata Amaral, proposta provocou discussões acaloradas nas redes sociais
Camila Turtelli e Julia Lindner, O Estado de S.Paulo
10 de março de 2020 | 09h53
Atualizado 10 de março de 2020 | 13h02
BRASÍLIA – Alvo de discussões acaloradas nos últimos dias, o projeto de lei que prevê distribuição gratuita de absorventes higiênicos em locais públicos ganhou o apoio de deputadas e senadoras de diferentes partidos. A proposta foi apresentada pela deputada Tabata Amaral (PDT-SP) às vésperas do Dia Internacional da Mulher, sob a justificativa de dar mais dignidade a mulheres pobres sem acesso ao produto, mas acabou despertando reações contrárias até mesmo de integrantes do governo, como o ministro da Educação, Abraham Weintraub.
O tema é tabu, mas as discussões em tempos de polarização política uniram de representantes que vão do PCdoB ao MDB. “Não estamos falando só de absorvente, estamos falando de saúde da mulher”, disse a primeira-secretária da Câmara, Soraya Santos (PL-RJ).
A proposta prevê a distribuição gratuita de absorventes higiênicos em espaços públicos. Os custos ficariam a cargo do governo. Essa é uma das razões para as fortes críticas disparadas por alguns grupos nas redes sociais. A iniciativa, no entanto, tem apoio não só da bancada feminina do Congresso, mas também de profissionais de saúde e educação.
Soraya avaliou que a pauta deve mobilizar a bancada das mulheres, que hoje tem 76 deputadas no exercício do mandato – a maior na história da Câmara. “Devemos discutir isso mais para frente”, disse a deputada.
Na justificativa do projeto, Tabata afirma que algumas propostas já pretendiam estabelecer a distribuição gratuita dos absorventes em escolas públicas e unidades básicas de saúde, mas o objetivo do novo texto é expandir esse alcance. A ideia, segundo ela, é que o material contemple mulheres de baixa renda e esteja à disposição também em presídios.
Tabata estima um custo aproximado de R$ 119 milhões ao ano, a depender da regulamentação. A ideia é focar em mulheres com até um salário mínimo per capita domiciliar. A proposta deixa a cargo do governo os critérios de quantidade, tipo de absorventes a serem disponibilizados e locais de distribuição.
Quem defende o projeto explica que a iniciativa pode contribuir para queda da evasão escolar, das ausências no trabalho e até de problemas de saúde femininos. Sem dinheiro para comprar absorventes, mulheres de baixa renda acabam ficando em casa no período da menstruação, que pode variar de dois a sete dias, atrapalhando atividades rotineiras.
Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Líder da minoria na Câmara
A proposta tem apoio também no Senado. “A mulher mais carente, que não tem condições, utiliza-se de outros artifícios para resolver um problema da natureza humana”, disse a presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, Simone Tebet (MDB-MS). “É óbvio que isso tem um impacto financeiro que precisa ser analisado, mas a princípio, com regramentos e objetivos específicos, tem sim o meu apoio.”
Nas redes sociais, por sua vez, usuários – em sua maioria, homens – proferem xingamentos e questionam as prioridades de Tabata, sob o argumento de ser um gasto desnecessário para o governo. O ministro da Educação também entrou na discussão. “A nova esquerda (colar de pérolas e financiada por monopolistas) quer gastar R$ 5 bilhões (elevando impostos) para fornecer ‘gratuitamente’ absorventes femininos. Como será o nome da nova estatal? CHICOBRÁS? MenstruaBR?”, escreveu em seu perfil no Twitter.
Ministro da Educação, Abraham Weintraub. Foto: Dida Sampaio/Estadão
Para Tabata, a reação é fruto do preconceito contra a agenda feminina. “Enfrentei a Previdência, Weintraub (ministro da Educação) e Olavo de Carvalho, mas nunca fui tão xingada”, afirmou a autora da proposta. “Pautas femininas são invisíveis e ainda um grande tabu na sociedade.”
O economista Pedro Nery foi um dos que reagiram à onda de críticas ao projeto nas redes. Segundo ele, diferentes pesquisas e estudos têm identificado efeitos positivos da distribuição gratuita de absorventes sobre o desempenho escolar de meninas, alguns deles significativos. Um artigo científico compartilhado por ele mostra que a frequência escolar em Uganda aumentou 17% entre jovens que passaram a receber absorventes gratuitos.
“Acho que abre um debate importante sobre o acesso de meninas pobres à educação e de mulheres pobres ao mercado trabalho. Observou-se alguma evidência favorável em países como Gana e Uganda, que são tão pobres quanto os pobres brasileiros”, afirma Nery. Segundo ele, a vantagem do projeto é que a regulamentação poderá ajudar a delimitar um gasto que caiba no Orçamento.
“Pobreza menstrual”
A diretora escolar Edicleia Pereira Dias acompanhou de perto o impacto da chamada “pobreza menstrual” e os resultados de iniciativas para combatê-la. Ela coordena 250 estudantes de 10 a 17 anos na escola municipal Cosme de Farias, no bairro do Phoc I, na periferia de Camaçari, na Bahia. Em 2015, um ano após ter assumido a função, notou uma grande evasão de meninas. “Elas não falavam, davam desculpas, mas percebi que as faltas coincidiam com um ciclo menstrual e comecei a perguntar de forma discreta para elas”, diz.
Dias descobriu que muitas alunas deixavam de frequentar as aulas no período menstrual por não terem condições de comprar absorvente. “Algumas usavam materiais alternativos como panos e papel higiênico, mas ficavam inseguras”, afirma. A diretora começou então a montar um “banco de absorventes” a partir de doações de funcionários da própria escola. Desde então, ela estima que a evasão das alunas caiu em 70%. “Homem não vivencia isso, não menstrua e não sabe o que é. Muita gente também não sabe o que é a pobreza”, afirma. “Vi gente dizendo que se déssemos absorventes, as meninas iriam vender. Eles não sabem o que é o rosto de alívio delas quando recebem um pacotinho para usar no mês.” COLABOROU IDIANA TOMAZELLI
Andressa
10/03/2020 - 20h36
Distribuição gratuita por 120 mi ao ano…? Kkkkkkkkkkkkkkkkk
Paulo
10/03/2020 - 18h17
Esse seria o “bolsa tampão” em espécie? Quando eu digo que os homens estão afrouxando demais pras mulheres sou tido como machista. Só falta passar mais essa.
Paulo
10/03/2020 - 18h18
Bolsa tampão “in natura”…
Clever Mendes de Oliveira
10/03/2020 - 18h15
Redação,
Por que esta notícia vem sem nenhuma referência à matéria no site da Câmara intitulado “Projeto prevê distribuição gratuita de absorventes para alunas de escolas públicas” de terça-feira, 15/10/2019 às 10:03, portanto, há cerca de 5 meses? O link para a matéria “Projeto prevê distribuição gratuita de absorventes para alunas de escolas públicas” é:
https://www.camara.leg.br/noticias/598808-projeto-preve-distribuicao-gratuita-de-absorventes-para-alunas-de-escolas-publicas
O Projeto de Lei 4968/19 é de autoria de Marília Arraes que, segundo consta no site, teria baseado o seu projeto em lei municipal do Rio de Janeiro. E, ainda segundo o site, o cria um programa de distribuição gratuita de absorventes higiênicos para todas as alunas das escolas públicas de nível fundamental e médio, por meio de cotas mensais.
Ao acessar está matéria aparece a seguinte informação: “[o] conteúdo do portal Câmara Notícias é aberto e pode ser reproduzido, desde que a fonte “Agência Câmara de Notícias” seja citada”.
Então fica aqui a informação da fonte. Fonte: Agência Câmara de Notícias.
Então seria interessante que o projeto de Lei 4968/19 de Marília Arraes fossem mencionado junto com o q
Marcos Videira
10/03/2020 - 19h13
CLEVER: os parlamentares estão aproveitando as boas idéias e dando seguimento. Marília Arraes copiou projeto municipal do Rio de Janeiro (fez muito bem). Tábata Amaral ampliou a abrangência das mulheres atendidas (o que fez muito bem, também). Pega muito mal a Marília dizer que o “projeto é meu”.
Clever Mendes de Oliveira
11/03/2020 - 00h23
Marcos Videira (terça-feirra, 10/03/2020 às 19h13),
Ao ler a matéria da Agência Câmara de Notícias, de outubro de 2019, com referência ao projeto de Marília Arraes, Projeto de Lei 4968/19, é fácil constatar que é ela quem diz que já existe projeto semelhante na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. A obrigação da Tábata Amaral ou de quem fez a matéria era adotar procedimento semelhante.
Abraços,
Clever Mendes de Oliveira
BH, 10/03/2020
Clever Mendes de Oliveira
11/03/2020 - 00h13
Redação,
Ficou faltando o final do meu comentário, porque eu escorreguei o dedo e cliquei comentar antes de finalizar a digitação. E o final é o seguinte:
Então seria bem informativo que o projeto de Lei 4968/19 de Marília Arraes fosse mencionado junto com o que Tabata Amaral apresentou.
Abraços,
Clever Mendes de Oliveira
BH, 10/03/2020
Batista
11/03/2020 - 10h32
Redação, onde tá tu?
Fala que o Clever te escuta.
Manzotim
10/03/2020 - 14h09
O ridiculo não possui limites.
Evandro Garcia
10/03/2020 - 14h08
Gratuitas o que significa… alguém vai doar ?
Tem gente minimamente normal no Brasil ou só doidos ?
fabio maia
10/03/2020 - 20h07
quando o sr faz um 2 no banheiro de um shopping quem paga o papel higiênico? o raciocínio é o mesmo. pense um pouquinho.
Evandro Garcia
10/03/2020 - 20h34
Shopping é lugar público agora ?
Oblivion
10/03/2020 - 22h40
Os doidos estao no governo do miliciano… E claro nas suas tietes doentes.
Sobre a materia, em minha opiniao a pergunta principal seria:
– isso realmente afeta a dignidade e a saude publica?
Se especialistas (nao os tam tans do miliciano e o proprio miliciano) afirmarem que sim, nao vejo problema nenhum.
Deverias ver problema no empobrecimento da nacao a passos largos que esse governo tem nos levado.
Evandro Garcia
11/03/2020 - 07h18
Os especialistas… kkkkkkkkk kkkk
Oblivion
14/03/2020 - 07h56
Materia “velha”, nao sei se o evandro vai ver, mas aí Vai.
Caro evandro, obviamente nao estou dizendo que as parlamentares dos projetos sao especialistas. O que eu estou dizendo é que se medicos sanitaristas (medicos de verdade – do tipo Drauzio Varela) disserem que aquilo é realmente um problema, OK. Como Estado, abrimos mao de impostos sobre lucros e dividendos de bancos (bilhoes), isso sim é um problema pra se preocupar.
Tulio
10/03/2020 - 14h07
Deveriam distribuir fraldas para absorver as cagadas que essa gente fala.