Na Fenae
O resultado, 103% superior ao alcançado em 2018, foi obtido principalmente às custas de venda de ativos
A Caixa Econômica Federal registrou lucro líquido de R$ 21,1 bilhões em 2019, o que representa avanço de 103% em relação a 2018. O resultado, divulgado nesta quarta-feira (19), foi motivado, principalmente, pela venda de ativos na ordem de R$ 15,5 bilhões, como IRB, ações da Petrobrás, banco Pan e do Banco do Brasil.
“O lucro da Caixa está baseado na venda de ativos do banco e na redução do seu papel social. Não foi a atividade bancária que gerou o bom resultado. Esse resultado não mostra que a empresa está se expandindo, gerando empregos e sim que está se desfazendo de ativos fundamentais”, avalia o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Jair Pedro Ferreira.
A representante dos empregados no Conselho de Administração da Caixa, Rita Serrano, também avalia que o banco está se distanciando do seu papel social: “o lucro líquido de R$ 21,1 bilhões reflete perseguição idêntica aos demais bancos do sistema financeiro, por ganhos cada dia mais altos, algo incoerente com um pais em crise econômica e que carece de investimentos e empregos”.
Segundo a conselheira eleita, a direção da Caixa já declarou por diversas vezes que pretende privatizar operações de seguros e cartões ainda esse ano. “Além disso, com a mudança da lei sobre o FGTS, o banco terá uma perda estimada em torno de 3 bilhões com arrecadação. Isso mostra que os números de hoje poderão não se sustentar no médio prazo, colocando em risco seu papel público”, ressalta Rita Serrano.
O secretário de Finanças da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT), Sergio Takemoto, lembra que o lucro da Caixa é fruto do esforço realizado pelos empregados, que não está sendo reconhecido pela direção da empresa. “A recompensa dada pela direção da Caixa é a reestruturação que retira direitos dos trabalhadores, com ameaça de redução de remuneração e transferências compulsórias, gerando intranquilidade. Esperamos que a direção do banco reconheça esse esforço e reveja as medidas que estão prejudicando milhares de trabalhadores”, argumentou.
Os números da Caixa em 2019 revelam a importância do banco para os programas sociais do país. No ano passado, foram pagos R$ 319 bilhões de benefícios aos trabalhadores, sendo R$ 29 bilhões de FGTS e PIS, para 60 milhões de pessoas; 318 mil unidades habitacionais entregues do Minha Casa Minha Vida, e R$ 17 bilhões arrecadados de loterias que serão investidos em programas sociais.
Retração
A participação no mercado de crédito vem caindo. O market share, que em 2017 era de 22,37%, caiu para 19,74% em 2019, enquanto o Bradesco cresceu sua carteira de crédito em 11,4% e o Santander em 15,3%. Ressalva-se a ampliação do crédito Imobiliário que cresceu 4,6% em 2019.
Com esse novo patamar rebaixado de operações de crédito, o banco teve mais um resultado negativo, que não ocorreu em função da melhoria da carteira, mas sim da diminuição de seu volume: a queda das despesas com PCLD (Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa), que foram reduzidas de R$ 14,92 bilhões para R$ 10,75 bilhões, com um impacto positivo nos resultados de cerca de R$ 4,17 bilhões.
O resultado foi alavancado também pelo crescimento dos “Resultados da intermediação financeira”, que saltou de algo em torno de R$ 36 bilhões para 47 bilhões, totalizando um incremento de 10 bilhões nos resultados de 2019.
Goebbels
19/02/2020 - 21h40
O lucro é somente para nós. Qual parte vcs ainda não entenderam?
Paulo
19/02/2020 - 21h25
Vão deixar a CEF prontinha pra ser privatizada. Porco Guedes em ação e seu liberalismo de araque…