Na manhã da última sexta-feira, 20, encontrei Bira Marques, secretário estadual do PSB no Rio de Janeiro, no tradicional Cavé, para uma conversa e uma entrevista.
O Cavé fica na Sete de Setembro, rua que é o coração do velho centro e que hoje se tornou uma espécie de “corredor” da esquerda partidária, porque abriga, a pouca distância uma da outra, as sedes de PT, PDT e PSB. A sede do PCdoB fica um pouco mais adiante, na Praça Tiradentes, e do PSOL, na Joaquim Silva, Lapa, também não muito longe.
Com 45 anos, Bira Marques já é um político relativamente experiente. Foi vereador em Niteroi, pelo PT, migrou para o PSB em 2018, e exerceu, durante alguns meses, a função de secretário de Governo do prefeito de Niteroi, Rodrigo Neves (PDT).
Na conversa que precedeu a entrevista, Marques admitiu a hipótese do PSB ter candidatura própria para o Rio de Janeiro, com o próprio Alessandro Molon, deputado federal e presidente da legenda no Rio, mas deixou claro, aí já na entrevista, que o foco do partido, neste momento, não é propriamente definir um nome, e sim encontrar um ponto de equilíbrio na política, que permita ao campo progressista fugir da polarização identitária, e costurar acordos em torno de programas e projetos.
Trechos:
(…) Nós [estamos] fugimos da polarização porque as últimas duas eleições, seja a nacional, em que Bolsonaro saiu vitorioso, ou a municipal, onde o Crivella saiu vitorioso, a polarização não ajudou o campo progressista. É uma pauta de muito mais interesse dos conservadores.
(…) Aqui na capital, tivemos, mês passado, uma longa conversa com o presidente do PDT, Carlos Lupi, com a Martha Rocha, com o Ismael, secretário geral do PDT, e o deputado federal Alessandro Molon. Depois, convidamos o PV, até o PCdoB e o PCB. Estamos inaugurando semana que vem um ciclo de debates para conversar sobre pautas para a capital. Mais do que dizer que estamos com A ou com B, o importante é afirmar uma posição neste campo, que possa não só fazer um amplo debate com a sociedade, mas que comece do jeito certo, que é por um programa. Isso pode culminar em um nome que tenha a chance não só de competir mas sobretudo governar a cidade do Rio de Janeiro.
(…) É importante destacar, quando falamos da soberania nacional e da questão econômica, sobre a importância de ter um Projeto Nacional Desenvolvimentista, que dê ao povo e à população a clareza de que defender o Brasil e a Soberania Nacional é defender as indústrias nacionais, com geração de emprego agregando valor à economia. Temos que pensar bastante sobre isso. Que indústria nacional é essa? Que indústria gera valor agregado, transforma matéria prima e gera renda e capital pro Brasil? É importante nos debruçarmos sobre esse debate no próximo período.
Abaixo, a íntegra da entrevista. Os áudios dela, para quem quiser conferir, estão aqui e aqui (há muito ruído, por ter sido feita num café).
***
O CAFEZINHO: Na avaliação do PSB, há um campo aberto dentro da centro-esquerda, já que o PT, empurrado pelas circunstâncias históricas, acabou voltando para uma área da esquerda mais identitária, juntando-se ao PSOL, enquanto o PSB tem preocupações diferentes dessas. Você acha que isso pode causar alguma dificuldade em uma aliança com Freixo?
BIRA: O PSB está fazendo um grande debate interno. Presidente Siqueira está conduzindo o que chama de “autorreforma”. É um partido histórico, de 72 anos de vida, que está repensando todo seu programa e sua forma de organizar o partido, deixando-o mais atualizado, dinâmico e transparente. Sobretudo, queremos ser um partido mais popular e capaz de dialogar com a população. Usando toda forma de diálogo para que coloquemos no centro do debate em nosso partido o combate à desigualdade. Temos a avaliação de que a desigualdade é o maior problema do Brasil, seja ela econômica, social, de gênero, de raça… O Brasil ainda é um país desigual e todo o debate que temos feito é para consolidar dentro de nosso campo uma política que se transforme em políticas públicas e projetos de lei no futuro que devolvam para a população o protagonismo e a defesa da soberania nacional. É nosso grande desafio a nível nacional.
Aqui no Rio de Janeiro, sob a liderança do Presidente Molon [presidente do partido no estado], estamos fazendo um amplo debate interno no partido porque, ao longo dos últimos anos, antes de assumirmos a executiva estadual, o partido perdeu um pouco sua identidade. Estamos retomando essa identidade partidária em um momento muito interessante, pois a nível nacional também se está discutindo um projeto para o Brasil do PSB. Estamos nessa fase de conversar com diretórios municipais, fazer mudanças, reorganizar rumos. Estamos fazendo o diálogo também através da Fundação João Mangabeira, aqui no RJ, que é uma fundação que nos ajuda a discutir programas e projetos políticos. É uma fase muito interessante e gostosa.
Aqui na capital, tivemos, mês passado, uma longa conversa com o presidente do PDT, Carlos Lupi, com a Martha Rocha, com o Ismael, secretário geral do PDT, e o deputado federal Alessandro Molon. Depois, convidamos o PV, até o PCdoB e o PCB. Estamos inaugurando semana que vem um ciclo de debates para conversar sobre pautas para a capital. Mais do que dizer que estamos com A ou com B, o importante é afirmar uma posição neste campo, que possa não só fazer um amplo debate com a sociedade, mas que comece do jeito certo, que é por um programa. Isso pode culminar em um nome que tenha a chance não só de competir mas sobretudo governar a cidade do Rio de Janeiro.
Nós fugimos da polarização porque as últimas duas eleições, seja a nacional, em que Bolsonaro saiu vitorioso, ou a municipal, onde o Crivella saiu vitorioso, a polarização não ajudou o campo progressista. É uma pauta de muito mais interesse dos conservadores. Queremos discutir com a sociedade como um “todo”, obviamente com a identidade clara de um programa. Esse é o momento que estamos vivendo e temos convicções de que seja o melhor caminho para o município.
O CAFEZINHO: o estado do RJ, e a capital também, têm uma população evangélica muito grande, sendo o estado com mais evangélicos do país. O Crivella foi eleito, segundo pesquisas que analisei, com até 80% dos votos de evangélicos. Os evangélicos são cerca de 30-40% da população [na verdade, dos eleitores] do Rio de Janeiro. Você não acha que um candidato a prefeito que tem 70-80% dos votos de evangélicos inviabiliza a vitória de qualquer outro candidato?
B: O maior problema do Brasil, como falamos, e o RJ não é diferente, é a desigualdade. O campo progressista precisa voltar a ter a capacidade de dialogar com evangélicos porque as dores e dificuldades dos evangélicos não são diferentes das dificuldades que elencamos como prioritárias para a política funcionar. Temos uma leitura de que quando saímos da polarização, também conseguimos entrar nesse campo de diálogo. O caminho para a gente é o diálogo, apresentar alternativas e dizer que precisamos nos reorganizar.
Particularmente, o PSB tem uma relação muito boa com o mundo religioso. É só você ver a caminhada do Presidente e Deputado Federal Alessandro Molon, que ao longo de sua vida, tanto na igreja católica quanto na evangélica, sempre teve votações extraordinárias. Sabendo fazer o trabalho com honestidade e clareza, conseguimos furar esses bloqueios. É um momento delicado, mas é um momento em que se tem que combater fake news, já que tem muita mentira nesse processo. Mas tenho convicções de que no campo político, eleição ajuda a esclarecer muita coisa.
O auge dessa disputa mais acirrada, na nossa leitura, foi a eleição do ano passado. Então estamos voltando para o campo da racionalidade. Será uma campanha muito racional. Embora a política seja feita de paixão, temos que discutir as cidades. É botar a bola no chão e jogar. E nesse sentido, os debates sobre trânsito, transporte, segurança pública, educação de qualidade, SUS, o turismo no Rio de Janeiro, a cultura… tudo precisa ser colocado em debate. Vamos trabalhar nessa direção. Por isso os seminários, por isso os segmentos sociais… para montar um projeto para o Rio de Janeiro que seja viável e devolva o caminho do Rio, que está passando muita dificuldade. Temos clareza de que o mundo evangélico será um mundo com o qual conversaremos, até porque é o nosso caminho. Não há “nós contra eles”. Tem pessoas sofrendo nas ruas, nos bairros, nas comunidades e precisamos compreender os medos e tudo isso que aconteceu nesse recente período. Interpretar, compreender e ajudá-los numa relação dialética a também compreender. Ouvi-los também e, trazendo as pautas para dentro de nosso partido, poderemos, no período eleitoral, apresentar uma candidatura, seja ela qual for, para que vençamos as eleições.
O CAFEZINHO: Um debate muito intenso que o campo progressista vem enfrentando já há algum tempo e que acaba se acentuando muito com a eleição do Donald Trump é a maneira como foram conduzidas as discussões identitárias nos EUA, que acabaram levando a classe média, pobre, trabalhadora e branca a votar em Trump, e que antes votava em peso no Partido Democrata. Na sua opinião, como conciliamos, dialeticamente, a necessidade de termos políticas identitárias – afinal, são justas e importantes – mas não fazer com que isso se torne uma armadilha para a esquerda perder a eleição?
B: Temos três coisas muito importantes nessa discussão. Primeiro, que deveríamos trabalhar novamente um projeto de soberania nacional. Essa pauta sempre foi nossa: a de defender o povo brasileiro. Mas quando as coisas se acirram, parece que a bandeira brasileira não é nossa e é do campo da direita. Dizem que somos os vermelhos. Isso é uma mentira.
A segunda é a questão do trabalho. Isso nos religa de maneira clara à população que se afastou do campo mais progressista quando se radicalizou a questão identitária, que fala por uma parcela, mas não pelo todo. Estamos com desemprego altíssimo.
Por fim, o que é fundamental é garantia dos direitos individuais. Isso também é muito caro para a população brasileira e precisamos fazer o debate no lugar correto. Respeitando o mundo religioso, respeitando os dogmas religiosos, não ultrapassando os limites que as igrejas colocam, garantindo também que os indivíduos tenham sua posição de livre escolha.
Esse é nosso grande desafio, por isso coloco numa forma mais ampla: a soberania nacional, a questão do trabalho e a questão dos direitos. Quando apenas pegamos um e intensificamos, como é o caso da narrativa dos direitos individuais, e isso é expresso claramente nas pautas identitárias, acabamos nos afastando da população mais pobre, na nossa leitura. Nosso grande desafio é religar realmente a população a um programa que as pessoas pensem “esse está me defendendo e defendendo o povo brasileiro”.
Por isso que lá nos EUA os operários que votavam sempre em democratas gradativamente foram deixando de votar. Pois quando se começa a perder o emprego, você percebe que eles rejeitam os imigrantes por acharem que são adversários. Aí, se começa a ver onde estão as figuras defendendo a população, mesmo que seja uma falsa defesa. Temos essa leitura, porque quando falamos que o problema é a desigualdade, percebemos que quando o discurso conservador coloca os costumes como pauta central, ele camufla os maiores problemas do Brasil. O Brasil precisa voltar a discutir seus problemas e apresentar soluções para seus problemas. Nesse sentido, é com muita conversa e com as pessoas entendendo que isso é sério e pra valer. É o caminho.
O CAFEZINHO: Recentemente, o PSB reformulou sua posição em relação à Venezuela. Você não tem receio de que esse reposicionamento possa acabar jogando água no moinho do imperialismo norte-americano para golpear a Venezuela?
B: Essa é uma deliberação do Partido de, se não me engano, três semanas atrás. É importante falar da resolução completa. O PSB surge para ser o socialismo democrático, então defendemos a democracia. Somos contra quaisquer ditaduras, sejam de esquerda ou de direita. Defendemos a democracia. A mesma resolução que fala dessa questão do Maduro também diz que defendemos a soberania da Venezuela e que os problemas da Venezuela têm que ser resolvidos na Venezuela. Nós somos contra qualquer tipo de movimento dos EUA ou de qualquer outro país, inclusive o Brasil, intervir na Venezuela. Acreditamos no diálogo, mas combatemos a radicalização. A decisão está calcada no relatório que a Bachelet fez, onde ela diz que direitos humanos na Venezuela estão sendo negados a diversos venezuelanos. É nesse contexto.
O CAFEZINHO: Voltando agora para o RJ, apesar de não estarmos em época eleitoral, os cariocas estão todos por aí nos bares e cafés discutindo política sobre quem votar no ano que vem. Já tem o esboço de algum programa econômico para recuperação do RJ?
B: Vamos iniciar o ciclo de debates nesse campo progressista com PDT, PSB, PCdoB, PCB, PV e trazer várias autoridades da área para nos ajudar a elaborar de maneira participativa e colaborativa e certamente no mês de abril teremos concluído esse ciclo para apresentar ao município um programa viável, sério e comprometido feito por várias mãos.
Nós compreendemos que, ao mesmo tempo que é importante uma rede de proteção pública, é muito importante olhar para o mundo produtivo e empresarial, obviamente colocando o emprego como centro do debate, além do empreendedorismo. Consideramos que as iniciativas empreendedoras precisam ser valorizadas cada vez mais nesse mundo que é diferente do mundo do século XIX.
O CAFEZINHO: Uma coisa que mudou muito é a questão do trabalho. Hoje temos 24 milhões de brasileiros trabalhando por conta própria, mais de 10 milhões de trabalhadores do setor privado sem carteira de trabalho; no geral, já temos menos trabalhadores com carteira assinada que a metade do total de trabalhadores. Você acha que a esquerda perdeu a maneira de se comunicar com essa população [sem carteira, por conta própria, etc] porque ela pensa diferente e é mais empreendedora, tem uma mentalidade diferente do pensamento clássico sindical, raciocinam de maneira diferente? Como a esquerda pode voltar a se comunicar com essa população?
B: Temos observado algo que veio com o advento do neoliberalismo, Thatcher, Reagan, tudo aquilo vem junto com uma mudança no mundo do trabalho. Na esquerda clássica, o trabalho organiza a luta. Os sindicatos, e o próprio PT surge e é fruto do movimento sindical, [os sindicatos] sempre foram muito importantes. Então há agora um ataque brutal ao mundo sindical. Isso é importante resgatar também, é muito importante para a gente. A organização é importante, fundamental e estratégica. Por outro lado, precisamos ter a capacidade de dialogar com aqueles que estão fora dessa organização. Voltar a gerar emprego no Brasil, logo, capital nacional ser valorizado com estratégias de defesa da indústria nacional, que é fundamental. E, por outro lado, abrir um campo de diálogo com empreendedores, dando mais garantias, mais suporte, mais qualificação para que os negócios não terminem no primeiro ou no segundo ano. Não podemos deixar isso virar movimentos individuais. Na nossa leitura, os governos precisam e devem contribuir para que as pessoas tenham um trabalho de formação e que essa formação ajude na construção de empregos e renda sobretudo.
O CAFEZINHO: O discurso da relação patrão-empregado num país que já tem 24 milhões trabalhando por conta própria, 4 milhões de empreendedores, uma população tão grande que ela também “é” patrão, tem relação diferente com o capital. Ela quer contratar pessoas. Não é que ela quer “pagar um salário menor”, é que a burocracia do Estado, muitas vezes, pro pequeno. é muito mais cruel que para o maior. O grande não paga imposto, fica devendo milhões, faz o REFIS. O pequeno não, o pequeno a Receita vai lá e pega ele. Bota uma ação trabalhista e “mata” ele. Enquanto o grande tem um escritório de advogados enorme… Você acha que a esquerda perdeu também o diálogo com esse pequeno empreendedor e deixou ele ir pra direita?
B: Acho que faz parte deste ciclo. Quando se conhece um pouco a história, sabe-se que é feita de ciclos. Há o esgotamento de um modelo e ele precisa se repensar. Por isso o PSB está fazendo sua autorreforma. Repensar práticas, repensar organização, as pautas, mas nunca perdendo de vista a garantia do direito. Não podemos flexibilizar aquilo que é garantia do trabalhador. Precisamos fazer uma reforma tributária, porque hoje se acaba taxando mais aqueles que estão na classe média e na classe trabalhadora. Isso precisa ser repensado. Em todos os países desenvolvidos do mundo, quem ganha mais paga mais, ajuda a equilibrar um pouco a sociedade. Um dos problemas que nós temos no Brasil da desigualdade são os privilégios, que tem muitos para os superricos. O problema é que muitas vezes a gente comunica mal e a classe média compra a ideia de que é ela que será mais taxada. Pelo contrário, ela é a mais taxada hoje. No Brasil 1% da população tem quase 50% da renda. É nesse 1% que a gente tem que chegar para ter um pouco mais de garantias, e aí fazemos a reforma que tenha um pouco mais de condições de garantir que o menor sobreviva. Tudo tem que ser repensado.
Mas quem historicamente fez os direitos no Brasil são os que têm os privilégios e usufruiam melhor dos benefícios da lei. O PSB está disposto a encarar esse debate. Estamos encarando ele. Por isso, por exemplo, não éramos contra a Reforma da Previdência. Fomos contra aquela Reforma da Previdência. Consideramos necessário fazer uma Reforma, mas aquela que não protege o povo trabalhador não nos interessa. Compreendemos e até achamos importante a expectativa de vida do povo brasileiro aumentar. Se olhar 50 anos atrás, a expectativa era muito menor, mas isso não pode ser um sacrifício para aquele que comece a trabalhar mais cedo trabalhe muito mais e ao final de sua vida de trabalho tenha uma renda muito pequena.
É importante destacar, quando falamos da soberania nacional e da questão econômica, sobre a importância de ter um Projeto Nacional Desenvolvimentista, que dê ao povo e à população a clareza de que defender o Brasil e a Soberania Nacional é defender as indústrias nacionais, com geração de emprego agregando valor à economia. Temos que pensar bastante sobre isso. Que indústria nacional é essa? Que indústria gera valor agregado, transforma matéria prima e gera renda e capital pro Brasil? É importante nos debruçarmos sobre esse debate no próximo período.
Netho
23/09/2019 - 19h01
O PT agarra-se à direita de Reinaldo Azevedo e Demétrio Magnoli para justificar sua hegemonia eleitoral. O PT e Lula persistem no erro em não abrir mão das demais forças do espectro ampliado do centro democrático à esquerda popular, como se fossem apenas “Vassalos Úteis”.
O PT e Lula apostaram tudo em 2014 com Dilma e perderam.
O PT e Lula dobraram a aposta em 2018 e perderam tudo.
O PT e Lula não têm mais condições de triplicar a aposta que levou a extrema-direita ao poder como se o anti-petismo generalizado tenha desaparecido do ambiente eleitoral claustrofóbico.
O ciclo do lulo-petismo teve o começo esperançoso, o meio exitoso e o fim calamitoso.
Com Lula e o PT liderando o polo antagônico à Era Beócia capitaneada por um “Mau Militar”, a extrema-direita continuará no poder.
Como dizia Brizola, o PT e Lula são “a esquerda que a direita gosta”.
Brizola apenas cometera um erro de avaliação em relação a Lula, porque o ex-metalúrgico que virou presidente nunca foi de esquerda, conforme suas próprias declarações aos jornalões paulistanos no final dos anos 70.
Àquela época, enquanto a “esquerda” era dependurada nos paus de arara da ditadura, o sindicalista do ABC era servido com “lulas fritas” na delegacia de política comandada pelo delegado Romeu Tuma.
O tempo passou e só a Carolina lulo-petista não viu.
Não se pode levar para debaixo do tapete o fato de que existe um “Italiano” cujas alcaguetagens regiamente premiadas encontram-se empilhadas aguardando a melhor oportunidade para municiarem as denúncias engatilhadas pelo Ministério Público.
O erro crasso de Lula foi a rendição à republiqueta curitiboca, quando sua única decisão justificável seria o asilo político.
A justiça é para os ricos, não para os pobres. Lula esqueceu dessa lei social ontológica da luta de classes.
Lula imaginou que não era mais um peão da classe trabalhadora com os pés na Senzala e que havia sido aceito nos salões da Casa Grande, ou surtou de vez imaginando que, em lugar de se juntar aos picaretas na penitenciária, na verdade estava sendo recepcionado com pompa e circunstância em uma nova ordem hagiográfica.
Paulo
23/09/2019 - 22h21
Não me lembro de Brizzola dizendo isso.
Lembro dele como vice de Lula em 1998.
E está bem claro como a direita odeia e teme o PT.
Gostaria que Ciro e seus eleitores decidissem de uma vez.
Estão à esquerda ou ao centro do PT?
A esquerda não pode ser , pois quem quer esquerda vota no Boulos.
Certo?
Brizzola ja teria expulso Ciro do PDT há muito tempo , se estivesse vivo.
A verdade é que dói em você ver que até Demetrio e Reinaldo tem mais bom senso do que Ciro.
Demetrio recomendou voto em Haddad no segundo turno.
Fez mais do que Ciro para evitar a eleição de Bolsonaro.
Para os eleitores de Ciro o mundo está errado , PT , PSOL , PC do B , conservadores sensatos que se opões ao Bolsonaro , só Ciro está certo , só Ciro salva.
É Ciro ou a extrema-direita governará por mil anos.
Alexandre Neres
23/09/2019 - 23h11
Às vezes fico assustado com a falta de noção e o desconhecimento histórico. Só uma personagem pequena, talvez com a estatura de uma formiga, um gestor, poderia ousar sugerir a um homem da grandeza de Lula, o maior líder popular brasileiro, se asilar em outro país. Porém, a minha interpretação não é esta. Suponho que a finalidade de Ciro era o agir estratégico, ou seja, tirar Lula do seu caminho. Nesse sentido, seu conselho foi astuto.
O que teria sido de Sócrates se tivesse seguido o raciocínio de seus discípulos e fugido do país, não se submetendo ao processo farsesco que o condenou à morte? Se tivesse agido deste modo pragmático não teria sido Sócrates. Simples assim. Lula tem a perfeita noção do seu nome na História, sabe que se sagrará como um dos grandes mártires brasileiros. Lula não é um sem noção, um boquirroto, não precisa ficar à cata de cada holofotes para falar mal dos outros. Não é para qualquer um protagonizar a maior farsa judicial brasileira de todos os tempos. Já dizia o saudoso Brizola: a política adora a traição, mas abomina o traidor.
Justiceiro
23/09/2019 - 17h29
Polarização na esquerda? Qual? Ano passado, assistimos a promessa de união das esquerdas SEM o PT, para a eleição presidencial.
Antes do primeiros turno, vimos a humilhação da Manuela D´’Avila aceitando caninamente ser vice do vice de Lula.
O Psol, que marcharia com Ciro, voltou a ser o puxadinho do PT mesmo com a candidatura risível de Boulos.
Pior mesmo foi o PSB que descumpriu a promessa de se aliar a Ciro Gomes e foi beber nas mãos do kit gay.
Continuem assim. Não mudem. Adoramos surrar vocês.
Alexandre Neres
23/09/2019 - 17h22
A esquerda descolada decidiu que esse troço de luta de classes não existe mais, defendem com unhas e dentes reformas modernizadoras como a da Previdência. Ela não polariza, todos devemos nos unir e chegar a um consenso acerca do caminho a ser trilhado. Acha possível fazer uma conciliação a la Tony Blair, no Brasil se daria o pacto por cima como de costume. Não à toa matéria do Valor Econômico informa que deputados do PDT e do PSB compõem a bancada do Moro, afinal de contas defendem o combate à corrupção nos moldes lavajateiros. Enfim…
Francisco
23/09/2019 - 14h52
No inesquecível “Domingão Com Deus & a Família”, em 17 de abril de 2016, em que a câmara dos deputados aprovou a abertura de processo contra a presidente Dilma Roussef, por alegado “Crime de Responsabilidade”, na verdade forçada jabuticaba a justificar o novo modelo de golpe, o ‘golpeachment’, que substituía antigos quartéis pelo congresso, associado a parceria jurídica-midiática lavajateira, em operação desde março de 2014, para criminalizar o PT e destruí-lo.
O governo necessitava de 172 votos para impedir o golpe e conseguiu 137, que somados a 7 abstenções e 2 ausentes, totalizaram 146 votos, faltando exatamente 26 votos para atingir os 172 necessários para impedir que os golpistas atingissem os 342 votos exigidos para abrirem o processo e assim derrubarem o PT do governo, como feito.
Dos ditos progressistas, o PT deu 60 votos contra o golpe e nenhum a favor, o PC do B, 10 contra e nenhum a favor, o PSOL, 6 contra e nenhum a favor, o PDT com ‘questão fechada’, 12 contra e 6 a favor e o PSB, também com ‘questão fechada’, 3 contra e 29 a favor, totalizando ambos, 35 votos a favor que implicaram na falta dos 26 votos contra que impediriam o Golpeachment e todo o mais que se seguiu, até chegar-se a Bolsonaro presidente.
Na entrevista, o secretário do PSB do RJ, dispara: “Mais do que dizer que estamos com A ou com B, o importante é afirmar uma posição neste campo, que possa não só fazer um amplo debate com a sociedade, mas que comece do jeito certo, que é por um programa”
FALA SÉRIO!!! Taí Felipe Rigoni, Tabata & Outros, nesse tal de Mudar para Tudo Continuar onde sempre esteve, quer no PSB, quer no PDT, onde a fala é uma e a prática é outra, sempre.
Redação
23/09/2019 - 15h00
Concordo plenamente, Francisco. Mas o PT era o partido no governo. É óbvio que votaria contra o impeachment. O PSB e PDT tiveram que cortar na própria carne, punindo, expulsando, purgando parlamentares que votaram em favor do impeachment, empurrados por suas bases eleitorais (não esqueça que Dilma era muito impopular).
Paulo
23/09/2019 - 14h19
Quem não ajudou o campo progressista foi o PSB golpista.
E esse discurso de que a relação patrão/empregado não existe mais?
Esses quatro milhões de ” empreendedores” são escravos dos bancos e os 24 milhões que trabalham ” por conta própria” escravos dos aplicativos ou miseráveis tentando sobreviver.
Ainda assim a IMENSA maioria dos brasileiros é diretamente escrava do patrão.
Desculpas de traidores que abandonaram a luta de classes.
Olha os conselhos do Cafezinho: abandonem a luta de classes , abandonem as pautas identitárias.
Melhor passar logo pra direita , então.
Redação
23/09/2019 - 14h53
Paulo, o “discurso” é na verdade uma pergunta do entrevistador. E não fala que não existe mais e sim que houve mudanças na relação.
NeoTupi
23/09/2019 - 14h17
O que é não polarizar? É render-se à anti-política. É o eleitor não ver a diferença entre votar no Tarcísio Mota ou no Witzel. Achar que o Witzel foi juiz, foi militar, então era “mais preparado”. Isso que elegeu Dória, Witzel, Zema e, em parte do eleitorado, o próprio Bozo.
Marina não polarizou. Ciro tentou não polarizar em 2018. Não deu certo.
A polarização existe. A turma do Bozo soube usar e venceu.
Nós precisamos é saber polarizar, sabendo mostrar causas e efeitos no cotidiano das pessoas. Fazer o eleitor enxergar a diferença em suas vidas se votar em um ou no outro.
Alan C
23/09/2019 - 13h48
Polarização ajuda PT e bozolândia, mais nada.
Francisco
23/09/2019 - 15h23
Divertido!
Fica a impressão que polarização política é opção que veste melhor, se decide e adquire, mais intensa, dura, light, menos intensa, ou não, na internet ou na loja da esquina, conforme manequim, número, desejo e/ou vontade do freguês partido.
Mas não, no Brasil, antes mesmo de qualquer divagação, conluio ou reza que seja, tem-se que obrigatoriamente debruçar-se sobre o cenário da secular, “O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro”, o “Patrimonialismo” dos Casagrande entrelaçado à “Desigualdade” dos Senzala.
E olha que passa na Globo, né?