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Antes crítico do “mi-mi-mi”, Bolsonaro sobrevive da vitimização

A gente sabe que alguém está perto da derrota quando começa a sofrer exatamente aquilo que fez o outro sofrer. Bolsonaro ganhou fama em programas como o CQC e o SuperPop com opiniões polêmicas e ataques a outras pessoas. Quando essas pessoas reagiam, acusando-o de feri-las, ele costumava responder com desprezo, chamando de vitimismo. Nem […]

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Reprodução/redes sociais

A gente sabe que alguém está perto da derrota quando começa a sofrer exatamente aquilo que fez o outro sofrer.

Bolsonaro ganhou fama em programas como o CQC e o SuperPop com opiniões polêmicas e ataques a outras pessoas. Quando essas pessoas reagiam, acusando-o de feri-las, ele costumava responder com desprezo, chamando de vitimismo. Nem mesmo os doentes escaparam: basta lembrar dos pacientes de Covid-19, quando Bolsonaro perguntou “vai chorar até quando?” e mandou parar com “frescura e mi-mi-mi”.

Outro sinal claro de derrota é quando alguém não aceita as regras do jogo que ele mesmo criou — e tenta mudá-las no meio da partida. Quem apela assim, na vida, logo ouve a velha máxima: “não sabe brincar, não desce para o play.”

Pois é exatamente esse provérbio que hoje encurrala a família Bolsonaro. Hipócritas que ganharam fama chamando os outros de “mimizentos” ou vitimistas, agora sobrevivem de um espetáculo cuidadosamente montado para a própria vitimização, transformando a lamentação pública em estratégia de sobrevivência política.

É claro que é desumano ver alguém ser interpelado pela Justiça numa UTI. Mas quem escolheu esse campo de batalha — a lei da selva — foram os próprios Bolsonaros. Foram eles que provocaram e ameaçaram o STF e o próprio Xandão diversas vezes. Foram eles que transformaram uma UTI em palco de espetáculo e propaganda pessoal. Foram eles que decidiram desacreditar a política e apostar no conflito humano direto.

É fácil verificar que, durante todos esses anos, os Bolsonaros desafiaram o STF e Alexandre de Moraes: chamaram pra briga, ameaçaram, provocaram (daria até para montar uma coletânea só disso). Agora que Xandão desceu pro play, correm pro canto e clamam por misericórdia — como valentões que chamam pra briga e depois gritam pela mãe.

A essa altura do jogo, fica muito difícil explicar que o “grande” líder da direita, o “antissistema”, aquele que prometia derrotar as velhas raposas, tenha como principal arma política o choramingo nas redes sociais, posando de vítima incompreendida. Ou, ainda, o filho que foge para os EUA depois de provocar seu adversário dizendo que “um cabo e um soldado” bastariam para derrotá-lo.

Tudo pode acontecer nesse cenário instável — inclusive Xandão sair derrotado, dependendo dos próximos capítulos da disputa. O que vemos hoje é o jogo do poder escancarado, nu e cru. Ele tem suas próprias regras — e o que está escrito no papel, como leis e normas, vale pouca coisa ou quase nada.

Mas há algo que ninguém pode negar: foi Bolsonaro quem escolheu a barbárie como campo de batalha. E agora, o mínimo que lhe resta é aceitar as consequências das próprias escolhas.


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Tadeu Porto

Petroleiro e Secretário adjunto de Comunicação da CUT Brasil

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