Apesar da instabilidade global, Índia supera os US$ 821 bilhões em exportações, com destaque para serviços e acordos bilaterais em negociação
Nesta terça-feira (15), a Índia anunciou um marco histórico em seu comércio exterior, com exportações totais ultrapassando US$ 821 bilhões no ano fiscal 2024-25. O desempenho foi impulsionado por vendas robustas de serviços e mercadorias, mesmo diante de desafios econômicos globais. O governo indiano atribui parte desse sucesso às negociações de acordos bilaterais de livre comércio, especialmente com os Estados Unidos e a União Europeia, considerados essenciais para driblar barreiras tarifárias.
Recentemente, o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, impôs uma tarifa de 26% sobre produtos indianos, mas suspendeu as medidas por 90 dias. Atualmente, a taxa incremental sobre as exportações da Índia para o mercado americano é de 10%. Sunil Barthwal, secretário de Comércio da Índia, destacou que as estimativas de exportação para março foram conservadoras e que o valor real pode superar os US$ 821 bilhões.
Dados do comércio exterior
No ano fiscal 2024-25, as exportações totais (bens e serviços) somaram US$ 820,93 bilhões, um aumento de 5,5% em relação ao ano anterior (US$ 778,13 bilhões). Enquanto isso, as importações cresceram 6,85%, alcançando US$ 915,19 bilhões, resultando em um déficit comercial de US$ 94,26 bilhões – 20% maior que em 2023-24.
O setor de serviços foi o grande destaque, com exportações subindo 12,45%, para US$ 383,51 bilhões. Já as exportações de mercadorias mantiveram-se estáveis, em US$ 437,42 bilhões. Entre os produtos mais exportados estão bens de engenharia, eletrônicos, medicamentos, têxteis e commodities agrícolas, como arroz, algodão e especiarias.
Negociações comerciais em andamento
Autoridades do Ministério do Comércio afirmam que a Índia está em negociações avançadas com os EUA para um acordo comercial bilateral (BTA), com expectativa de conclusão até setembro-outubro de 2025. Há ainda a possibilidade de um acordo preliminar com a UE, seguindo o modelo do tratado com a Austrália em 2022.
Aditi Nayar, economista-chefe da ICRA, observou que as exportações de mercadorias não apresentaram o esperado “carregamento antecipado” antes da imposição de tarifas, contribuindo para um déficit maior. Já SC Ralhan, presidente da FIEO, destacou a resiliência do setor exportador, mas pediu mais apoio governamental diante das tensões comerciais globais.
Com os EUA e a China envolvidos em uma disputa tarifária – com taxas de 145% e 125%, respectivamente –, a Índia pode se beneficiar ao ocupar espaços deixados pela China nas cadeias de suprimentos globais.
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