Mercado melhora projeções de déficit primário e dívida bruta para 2025 e 2026

AGÊNCIA BRASIL

Expectativas de mercado mostram déficits menores e leve recuo na trajetória da dívida pública, mas metas do governo seguem distantes

O relatório Prisma Fiscal, divulgado nesta terça-feira, 9, pelo Ministério da Fazenda, mostrou revisão nas expectativas de mercado para o resultado primário e a dívida pública bruta do governo nos anos de 2025 e 2026.

Os dados revelam uma ligeira melhora nas projeções, embora as estimativas ainda estejam aquém das metas fiscais oficiais estabelecidas para o período.

Para 2025, os economistas consultados projetam agora um déficit primário de R$ 73,657 bilhões, número inferior ao apontado no relatório anterior, que estimava um saldo negativo de R$ 75,088 bilhões. Em 2026, a previsão de déficit também foi ajustada para baixo, passando de R$ 79,469 bilhões para R$ 78,157 bilhões.

Em relação à dívida pública bruta do governo geral, a mediana das projeções indica uma redução nas estimativas. Para o final de 2025, a dívida é esperada em 80,50% do Produto Interno Bruto (PIB), frente aos 80,73% estimados no relatório de março. Em 2026, a projeção foi revisada de 84,89% para 84,55% do PIB.

As metas fiscais oficiais estabelecidas pelo governo federal preveem déficit zero em 2025 e superávit primário de 0,25% do PIB em 2026. As projeções atuais de mercado indicam, no entanto, uma distância considerável em relação a esses objetivos, refletindo as incertezas sobre a trajetória das contas públicas no médio prazo.

Entre os fatores que influenciam a percepção dos agentes econômicos está a sustentabilidade do novo arcabouço fiscal, que substituiu o antigo teto de gastos.

Além disso, o ambiente pré-eleitoral de 2026 e as pressões sobre o orçamento federal são apontados como riscos adicionais. Outro ponto de atenção é o custo da dívida pública, que tende a se elevar diante do nível atual da taxa básica de juros definida pelo Banco Central.

O relatório também apresentou ajustes nas estimativas de receitas e despesas do governo central. Para 2025, a previsão mediana de receita líquida passou de R$ 2,302 trilhões para R$ 2,307 trilhões. Em 2026, a projeção foi de R$ 2,457 trilhões para R$ 2,463 trilhões.

No lado das despesas, o Prisma Fiscal registrou aumento nas projeções. Para o ano de 2025, os gastos totais do governo central foram ajustados para R$ 2,381 trilhões, ante R$ 2,380 trilhões na estimativa anterior. Já para 2026, a previsão subiu de R$ 2,541 trilhões para R$ 2,559 trilhões.

O Prisma Fiscal é um sistema coordenado pela Secretaria de Política Econômica (SPE) da Fazenda que compila as expectativas de instituições financeiras e consultorias especializadas sobre indicadores fiscais.

O relatório é publicado mensalmente e serve como referência para a formulação de políticas públicas e para o acompanhamento da execução orçamentária.

As projeções indicam que, apesar de uma leve melhora no cenário, o governo terá de adotar medidas adicionais para alcançar as metas fiscais anunciadas. Entre os desafios estão a ampliação da arrecadação, a contenção de despesas obrigatórias e a gestão dos impactos do ciclo de política monetária.

Analistas de mercado acompanham com atenção os próximos movimentos do Executivo, especialmente no que diz respeito à implementação de medidas estruturais e ao cumprimento das metas fiscais definidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

A expectativa é de que as discussões sobre o orçamento de 2026 ganhem força no segundo semestre deste ano, em meio ao calendário eleitoral e à definição de prioridades legislativas.

O desempenho das contas públicas também será influenciado por fatores externos, como a evolução da economia global, o comportamento das commodities e o ambiente de crédito internacional. Essas variáveis podem afetar tanto a arrecadação quanto o custo de financiamento da dívida pública brasileira.

Com os números divulgados nesta edição do Prisma Fiscal, o Ministério da Fazenda reforça o monitoramento contínuo das projeções do mercado, que servirão de insumo para a elaboração das políticas econômicas nos próximos trimestres.

O resultado final dependerá da capacidade do governo em compatibilizar os objetivos fiscais com a conjuntura macroeconômica e as restrições orçamentárias vigentes.

Com informações da Reuters

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