
Pequim – O primeiro-ministro da China, Li Qiang, afirmou nesta terça-feira que o país enfrenta impactos negativos decorrentes de mudanças no cenário externo e instou empresas chinesas a diversificarem seus mercados de exportação.
Em declaração transmitida pela rádio estatal, o chefe do governo ressaltou a necessidade de fortalecer o consumo interno como forma de compensar os efeitos da crescente tensão comercial com os Estados Unidos.
“As mudanças profundas no ambiente externo afetaram negativamente o comércio exterior e as exportações da China”, disse Li, em pronunciamento feito em Pequim.
Sem mencionar diretamente os Estados Unidos ou o ex-presidente Donald Trump, o premiê enfatizou a importância de uma reação coordenada diante dos desafios impostos por fatores internacionais.
A manifestação ocorre em meio à escalada da guerra comercial entre Pequim e Washington. Na semana passada, os Estados Unidos anunciaram um aumento nas tarifas sobre importações chinesas, elevando as taxas para até 145%.
Em resposta, o governo chinês impôs tarifas de até 125% sobre produtos norte-americanos, intensificando o embate comercial entre as duas maiores economias do mundo.
Li destacou que o governo pretende intensificar medidas voltadas ao estímulo do consumo doméstico, como parte de uma estratégia mais ampla para sustentar o crescimento econômico.
“Devemos responder com calma às dificuldades e desafios trazidos pelos choques externos, promover o consumo e expandir a demanda doméstica com mais esforços”, afirmou.
Segundo o premiê, empresas chinesas devem explorar novas possibilidades comerciais, investindo na diversificação geográfica de suas exportações e adotando diferentes canais e métodos de comércio.
O objetivo, de acordo com Li, é estabilizar o comércio exterior diante de um ambiente internacional em transformação.
Além disso, o governo pretende apoiar a integração entre os mercados interno e externo, facilitando a inserção de produtos de exportação no mercado doméstico.
A estratégia busca compensar eventuais perdas com a diminuição da demanda internacional e fomentar o consumo nacional.
No mês de março, as exportações chinesas apresentaram crescimento expressivo, impulsionadas pela antecipação de embarques antes da entrada em vigor das novas tarifas norte-americanas.
No entanto, analistas apontam que a continuidade da guerra comercial poderá comprometer o desempenho do setor industrial e o ritmo de crescimento da economia chinesa nos próximos meses.
Em resposta a esse cenário, Li anunciou que o governo adotará medidas adicionais para apoiar o mercado de trabalho e ampliar a renda das famílias.
“Vamos estabilizar o emprego, promover o crescimento da renda e fortalecer as redes de segurança social para ajudar a impulsionar o consumo”, declarou.
O premiê também comentou sobre o mercado imobiliário, apontando que ainda há margem para crescimento no setor. Segundo ele, serão promovidas ações para liberar o potencial desse mercado como forma de estimular a economia nacional.
O discurso de Li ocorre em um momento de pressão crescente sobre a economia chinesa, que busca reequilibrar sua base de crescimento diante da deterioração das relações comerciais com os Estados Unidos.
A adoção de tarifas mais elevadas por ambas as partes marca uma nova fase no conflito comercial iniciado durante o governo Trump e prolongado nos anos seguintes.
Apesar do aumento pontual das exportações no início do ano, o ambiente de incertezas tem afetado as perspectivas do setor produtivo.
As tensões comerciais, combinadas a desafios internos como o endividamento e a desaceleração do setor imobiliário, têm exigido maior intervenção do Estado na tentativa de preservar o dinamismo econômico.
As autoridades chinesas reiteraram o compromisso com a estabilidade econômica e com a busca de alternativas para mitigar os impactos da conjuntura internacional.
A estratégia inclui incentivos ao consumo interno, fortalecimento das cadeias produtivas domésticas e estímulo à inovação nos setores exportadores.
A declaração do premiê insere-se em uma série de esforços por parte do governo central para sinalizar aos agentes econômicos que medidas estão sendo adotadas para preservar a trajetória de crescimento da China, mesmo diante de um cenário global adverso.
Li Qiang não forneceu detalhes sobre novas ações específicas, mas indicou que a orientação do governo é ampliar o suporte às empresas exportadoras, garantir a continuidade do investimento em infraestrutura e fortalecer políticas sociais como alicerce para o crescimento do consumo.
O governo também deve manter interlocução com seus principais parceiros comerciais na tentativa de conter a deterioração das relações multilaterais.
A China, que nos últimos anos tem buscado reduzir sua dependência do comércio exterior e estimular o mercado interno, vê na diversificação de mercados e no incentivo à demanda doméstica caminhos possíveis para enfrentar a instabilidade internacional.
A expectativa é de que as novas diretrizes anunciadas sejam detalhadas nas próximas semanas, com foco na implementação de políticas coordenadas entre os diferentes setores da economia.