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Irã propõe acordo nuclear com EUA em negociações mediadas por Omã

O chanceler iraniano Abbas Araghchi afirmou neste sábado, 12, durante visita oficial a Omã, que o Irã está disposto a firmar um acordo com os Estados Unidos, desde que as negociações ocorram sob condições de igualdade. A declaração foi feita no contexto das conversas indiretas entre os dois países, previstas para ocorrer na capital omanense, […]

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REUTERS

O chanceler iraniano Abbas Araghchi afirmou neste sábado, 12, durante visita oficial a Omã, que o Irã está disposto a firmar um acordo com os Estados Unidos, desde que as negociações ocorram sob condições de igualdade.

A declaração foi feita no contexto das conversas indiretas entre os dois países, previstas para ocorrer na capital omanense, Mascate. A informação foi divulgada pela rede Al Mayadeen.

Durante o encontro com o ministro das Relações Exteriores de Omã, Badr al-Busaidi, Araghchi destacou o papel do país anfitrião na mediação do processo.

“O fato de Mascate sediar essas conversas é uma prova do papel responsável que o país desempenha nas questões e desenvolvimentos regionais”, disse o diplomata iraniano.

Al-Busaidi, por sua vez, agradeceu ao Irã pela confiança depositada em Omã como sede de um diálogo classificado como sensível e relevante.

Araghchi estabeleceu limites ao escopo das conversas. “As negociações são indiretas e, da nossa perspectiva, estão limitadas apenas à questão nuclear”, afirmou.

O chanceler também afirmou que o Irã está pronto para avançar nas tratativas, condicionando qualquer progresso à postura da parte americana:

“Se o lado americano tiver as mesmas intenções, haverá uma oportunidade de chegar a um entendimento inicial que abra caminho para um processo de negociação sério.”

A posição iraniana foi reiterada nas redes sociais pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Esmaeil Baqaei, que declarou:

“Estamos determinados a usar todas as nossas capacidades para proteger a autoridade e os interesses nacionais.”

Segundo Baqaei, a delegação enviada a Mascate inclui diplomatas especializados em negociações nucleares.

As tratativas entre Teerã e Washington ocorrem após o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que estaria disposto a retomar o diálogo com o Irã.

Trump declarou na segunda-feira, 7, que novas negociações seriam iniciadas, e na quarta-feira alertou que o uso da força militar não está descartado: “Se for necessário recurso militar, teremos recurso militar.”

O enviado especial de Trump, Steve Witkoff, que liderará a delegação americana nas negociações, afirmou ao Wall Street Journal que os Estados Unidos exigem o desmantelamento total do programa nuclear iraniano.

“Onde estiver nossa linha vermelha, não poderá haver militarização de sua capacidade nuclear”, disse Witkoff, reconhecendo que outras alternativas de entendimento também estão em análise.

Do lado iraniano, o conselheiro do líder supremo Ali Khamenei, Ali Shamkhani, afirmou recentemente que Teerã busca “um acordo real e justo” e que “propostas importantes e implementáveis estão prontas.” Segundo Shamkhani, caso Washington demonstre boa vontade, “o caminho a seguir será tranquilo.”

As conversas em Mascate representam o mais alto nível de aproximação diplomática entre Irã e Estados Unidos desde a retirada norte-americana do acordo nuclear em 2018.

O formato do diálogo ainda não está completamente definido: enquanto o governo americano indica tratar-se de uma negociação direta, o Irã insiste na intermediação omanense. A agência iraniana Tasnim confirmou que Badr al-Busaidi atuará como facilitador na rodada inicial.

Desde a ruptura diplomática formal entre Teerã e Washington em 1980, os dois países alternam momentos de tensão e tentativas de diálogo.

Os Estados Unidos alegam que as sanções visam impedir o desenvolvimento de armas nucleares pelo Irã. Teerã, por sua vez, afirma que seu programa nuclear tem fins exclusivamente civis.

Em resposta à mais recente ameaça militar feita por Trump, o governo iraniano considerou expulsar inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o que foi qualificado por autoridades americanas como uma escalada.

A visita de Araghchi a Omã também se insere em um esforço diplomático mais amplo do Irã para ampliar suas relações com países do Sudeste Asiático e com a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).

Embora o bloco não esteja diretamente envolvido nas negociações nucleares, o governo iraniano tem intensificado diálogos em áreas como energia, comércio e segurança regional.

A aproximação com países como Malásia, Indonésia e Vietnã tem ocorrido principalmente após a entrada em vigor do Acordo de Parceria Econômica Abrangente Regional (RCEP, na sigla em inglês).

O tratado, que reúne 15 países da região Ásia-Pacífico, entre eles China, Japão, Coreia do Sul, Austrália e os dez membros da ASEAN, forma o maior bloco de livre comércio do mundo em termos de população e Produto Interno Bruto agregado.

Embora o Irã ainda não integre o RCEP, a estrutura do acordo é considerada pelo governo iraniano como um modelo de cooperação multilateral e uma alternativa à atual dependência comercial de mercados ocidentais.

Teerã vem buscando aproximações com países signatários, com o objetivo de diversificar parceiros e reduzir os efeitos das sanções econômicas impostas por Washington e seus aliados.

A expectativa do governo iraniano é que a retomada das negociações nucleares contribua para ampliar suas relações internacionais. No entanto, o avanço desse processo dependerá das decisões adotadas pelos Estados Unidos.

Conforme declarou Abbas Araghchi: “Esperamos que essas negociações sejam conduzidas com a vontade necessária para chegar a um acordo justo, baseado no princípio da igualdade, e que leve à consecução dos interesses do povo iraniano.”

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