Os Estados Unidos elevaram o tom contra a cooperação entre China e América Latina nos últimos dias. Segundo a Associated Press, o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, afirmou na quarta-feira que “os militares chineses têm uma presença grande demais no Hemisfério Ocidental” e, um dia antes, havia declarado que a China representa “uma ameaça ao Canal do Panamá”.
Há muito tempo, os EUA tratam a América Latina e o Caribe como seu “quintal”. Para deslegitimar as atividades legítimas de outros países na região e forçar os países latino-americanos a escolherem um lado, Washington insiste em encenar farsas inspiradas na velha “Doutrina Monroe”.
Ao alarmar sobre uma suposta “presença militar” da China ou associá-la maliciosamente ao Canal do Panamá, os EUA recorrem à velha tática de “o ladrão que grita ‘pega ladrão’”, tentando afastar a China da região. Para Pan Deng, diretor do Centro de Direito para a América Latina e Caribe da Universidade de Ciência Política e Direito da China, essa acusação é falsa. Segundo ele, os EUA é que mantêm presença militar expressiva — cerca de 76 bases na região —, enquanto a China não tem nenhuma base ou tropa destacada na América Latina. A narrativa de que Pequim está conquistando “vantagem militar” seria, portanto, infundada.
Durante sua visita, Hegseth chegou a sugerir abertamente o retorno de tropas norte-americanas ao Panamá para “proteger” o canal estratégico. Para Lin Hua, pesquisador adjunto do Instituto de Estudos Latino-Americanos da Academia Chinesa de Ciências Sociais, essa postura revela a intenção de Washington de exercer pressão militar e política para submeter os países latino-americanos à sua vontade. Segundo ele, desde a formulação da Doutrina Monroe há mais de dois séculos, os países da região têm demonstrado crescente repúdio ao hegemonismo e unilateralismo dos EUA.
A Doutrina Monroe se tornou sinônimo do domínio que os EUA impõem sobre seus vizinhos. A política de intimidação continua até hoje — e de forma ainda mais intensa. Washington exige o controle do Canal do Panamá, pressiona a Colômbia a aceitar migrantes deportados… Está claro quem realmente força os países vizinhos a se tornarem “estados vassalos”. Não é à toa que os mexicanos dizem: “Pobre México, tão longe de Deus e tão perto dos EUA”.
Em contraste, a relação entre China e América Latina é marcada pela cooperação de ganhos mútuos. Nos últimos anos, os laços econômicos e comerciais entre as duas partes se aprofundaram, trazendo resultados concretos. Do porto de Chancay, no Peru, ao projeto fotovoltaico de Mauriti, no Brasil, passando por produtos agrícolas latino-americanos e eletrodomésticos e automóveis chineses, a rota para uma parceria próspera se amplia. Esses projetos têm amplo apoio das comunidades locais, vistas como uma “escada para o desenvolvimento”.
O presidente Xi Jinping enviou uma mensagem de felicitações à 9ª cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) na quinta-feira. Ele afirmou que China e América Latina aprofundaram a confiança política mútua, expandiram a cooperação prática e fortaleceram os intercâmbios entre os povos, gerando benefícios concretos para ambos os lados e criando um exemplo de cooperação Sul-Sul.
A China apoia parcerias que promovam, de fato, o desenvolvimento. Se os EUA continuarem a tratar a América Latina com base na lógica e nos princípios da Doutrina Monroe — difamando a cooperação legítima da China, interferindo nas escolhas soberanas dos países latino-americanos e buscando controlá-los com visões coloniais ultrapassadas —, acabarão apenas enfraquecendo ainda mais sua própria influência na região.
Autor: Global Times
Data de publicação: 10 de abril de 2025
Fonte: Global Times
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