Os países do BRICS expressaram séria preocupação com a política de “tarifas recíprocas” adotada pelos Estados Unidos, alertaram para as tensões comerciais geradas por essas medidas e defenderam uma posição conjunta contra o unilateralismo e o protecionismo. A manifestação ocorreu durante a segunda reunião do Grupo de Contato sobre Questões Econômicas e Comerciais do BRICS, realizada por videoconferência entre quinta e sexta-feira, informou neste sábado o Ministério do Comércio da China (MOFCOM).
Criado em 2011, o grupo é um canal essencial de diálogo entre os membros do BRICS sobre temas ligados à economia, comércio e investimentos, segundo o site oficial do Departamento de Tecnologia, Indústria e Concorrência da África do Sul.
Durante a reunião, a China destacou que a recente imposição das chamadas “tarifas recíprocas” pelo governo dos EUA prejudica gravemente o sistema internacional de comércio, desorganiza cadeias globais de produção e suprimento, e causa impactos prolongados sobre a economia mundial. Segundo o governo chinês, trata-se de uma expressão clássica de unilateralismo, protecionismo e intimidação econômica.
A China também enfatizou que o BRICS representa uma plataforma fundamental para que países emergentes e em desenvolvimento fortaleçam a solidariedade, ampliem a cooperação e defendam interesses comuns. Os países do grupo exercem papel relevante na promoção da reforma da governança global e na defesa da liberalização e facilitação do comércio e dos investimentos. Neste momento crucial, os membros do BRICS devem manter firme o rumo da globalização, proteger conjuntamente o sistema multilateral de comércio baseado em regras e zelar pela estabilidade da economia global, segundo nota divulgada pelo ministério chinês.
Os países do BRICS expressaram grave preocupação com os efeitos das tarifas recíprocas dos EUA sobre o sistema multilateral. Vários membros destacaram que essas tarifas violam as normas da Organização Mundial do Comércio (OMC), representando uma política unilateral e protecionista que pode comprometer seriamente o crescimento econômico global e prejudicar os países em desenvolvimento, segundo o comunicado.
Diante desse cenário, os membros do BRICS defenderam o fortalecimento da solidariedade e a apresentação de uma posição unificada diante do mundo. Todos os países se comprometeram a manter o diálogo econômico e comercial para responder às medidas tarifárias dos EUA, melhorar a coordenação de suas posições, proteger o sistema multilateral baseado em regras e enfrentar de forma conjunta as tensões atuais do comércio internacional.
Segundo o MOFCOM, na sexta-feira o ministro do Comércio da China, Wang Wentao, realizou uma videoconferência com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços do Brasil, Geraldo Alckmin. Ambos discutiram o fortalecimento da cooperação econômica e comercial entre China e Brasil, a resposta à imposição das chamadas “tarifas recíprocas” dos EUA, e o papel dos fóruns multilaterais como o BRICS e o G20.
A agência Bloomberg informou na sexta-feira que o ministro de Minas e Energia do Brasil, Alexandre Silveira, viajará à China na próxima semana em busca de parcerias em armazenamento de energia com empresas como Huawei Technologies e a montadora BYD.
A agenda também inclui reuniões com a State Grid Corp. da China para tratar de possíveis investimentos em linhas de transmissão que possam resolver gargalos no sistema elétrico brasileiro, segundo a Bloomberg.
Na sexta-feira, um erro no sistema de códigos para isenção de tarifas — que afetava mercadorias em trânsito que deveriam estar livres das novas taxas impostas pelo governo dos EUA — foi corrigido, de acordo com a rede CNBC. A falha durou mais de 10 horas, segundo o último alerta da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA. A agência atualizou o status às 8h19 (horário local), reconhecendo que o código de entrada não funcionava e que o problema estava sob análise.
Importações no maior porto dos EUA, em Los Angeles, podem cair já em maio, à medida que empresas interrompem pedidos diante do agravamento das tarifas dos EUA contra a China e outros parceiros comerciais, informou o diretor-executivo do porto, Gene Seroka, à agência Reuters.
“O comércio global vai desacelerar enquanto as empresas tentam entender o que isso significa”, disse Seroka, que reiterou sua previsão de queda de pelo menos 10% nas importações no segundo semestre deste ano.
Autor: Global Times
Data de publicação: 12 de abril de 2025
Fonte: Global Times
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