Vice-presidente nacional do partido, ex-prefeito de Maricá rebate críticas de Walter Pomar, defende foco nas periferias e reforça disputa interna por um PT mais popular .
O ex-prefeito de Maricá e atual vice-presidente nacional do PT, Washington Quaquá, voltou a provocar o debate interno no partido ao defender com veemência sua estratégia de filiações em massa nas periferias do Rio de Janeiro. Em entrevista recente, ele rebateu as críticas de setores da legenda, especialmente do dirigente paulista Walter Pomar, e afirmou que sua atuação tem como base o enraizamento popular. “O PT mudou a vida de milhões de pessoas no Brasil. Eu não acho que o PT possa continuar sendo um partido de classe média, um partido da zona sul do Rio de Janeiro, dos jardins de São Paulo. Nós temos que voltar a ter um partido popular, como sempre foi.”
Quaquá tem liderado o movimento que colocou o Rio como o estado com mais novas filiações petistas nos últimos meses. Segundo ele, o volume se deve ao trabalho nas comunidades e não a manobras políticas. “Eu tenho trabalho popular. Eu filio porque tenho trabalho popular. O Walter Pomar não enche um fusca. Entendeu? Entra na USP e não enche um fusca. Eu tenho trabalho em favela do Rio de Janeiro. Eu tive 23 mil votos em São Gonçalo para deputado federal sem ter ido lá.”
Além da defesa do fortalecimento da base social do PT, Quaquá também critica o que chama de “dogmas” e “patrulhamento de comportamento” que, segundo ele, afastam o partido do povo. “O PT é o partido de massa. O PT não é o partido da União Soviética. Embora esse fóssil que chama Walter Pomar… aqui no Rio nós temos fóssil, mas em Miguel Pereira, naquele parquinho de dinossauro.”
Quaquá destacou ainda seu papel em eventos importantes durante a campanha de Lula. “Fiz para o presidente Lula um ato evangélico, que vocês lembram. Foi eu que organizei um ato evangélico para o presidente Lula.” E usou o exemplo do próprio filho como símbolo de continuidade do trabalho nas bases. “Aqui no Rio, você vai ver: meu filho vai ser candidato a deputado federal, terá mais de 40 mil votos.”
🇧🇷Mais um trecho da entrevista de @Quaqua13_ ao Jogo de Poder. Desta vez, falando de sua decisão de disputar mais espaço dentro do PT:
“O PT mudou a minha vida e a de milhões. Não pode ser um partido da zona sul do Rio ou dos jardins de São Paulo. Temos que voltar a ser o… pic.twitter.com/QmMNsD24Cp
— O Cafezinho ☕️🗞 (@ocafezinho) April 11, 2025
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Transcrição desse trecho da entrevista de Quaquá:
Quaquá, há cerca de 30 dias foi noticiado que o Rio de Janeiro é a unidade da federação em que o PT mais fez filiações nos últimos meses.
E por trás dessas filiações está a sua presença, está o seu trabalho político. Você foi quem mais filiou, com vistas, obviamente, ao PED, o processo de eleição interna que vai acontecer agora em meados do ano. E aí tem oposição, vem o Walter Pomar lá de São Paulo pedindo uma auditoria nas filiações e tal.
Você está se preparando para realmente ter uma presença preponderante não só no Rio, como também nacionalmente nesse processo de eleição interna?
“Olha, Ricardo, eu lancei o meu livro Diálogos com a Utopia. Entreguei ao presidente Lula e esse livro serve de base para uma disputa mais geral em relação ao PT. Eu já disse que vou começar a ter uma disputa mais forte do PT nacional sobre o futuro do partido, sobre o que significa esse partido importante da história do Brasil.”
“Eu sou um favelado que virei o que sou por conta do PT. O PT mudou a vida de milhões de pessoas no Brasil. Eu não acho que o PT possa continuar sendo um partido de classe média, um partido da zona sul do Rio de Janeiro, dos jardins de São Paulo. Nós temos que voltar a ter um partido popular, como sempre foi.”
“Eu tenho trabalho popular. Eu filio porque tenho trabalho popular. O Walter Pomar não enche um fusca. Entendeu? Entra na USP e não enche um fústico. Eu tenho trabalho em favela do Rio de Janeiro. Eu tive 23 mil votos em São Gonçalo para deputado federal sem ter ido lá.”
“Fiz para o presidente Lula um ato evangélico, que vocês lembram. Foi eu que organizei um ato evangélico para o presidente Lula. Aqui no Rio, você vai ver: meu filho vai ser candidato a deputado federal, terá mais de 40 mil votos. Então, no Rio, na cidade do Rio, nós temos que trabalhar de favela.”
“O que nós fizemos? Filiamos o nosso povo. Nossas lideranças filiaram. O PT é o partido de massa. O PT não é o partido da União Soviética. Embora esse fóssil que chama Walter Pomar… aqui no Rio nós temos fóssil, mas em Miguel Pereira, naquele parquinho de dinossauro.”
“Isso é brincadeira. Nós somos um partido de massa, partido de povo. Eu fiz o que todo petista tem que fazer, que é ter presença popular, filiar gente, trazer gente de massa pra dentro do PT. Os que amam o Lula, a velhinha evangélica da comunidade ama o Lula, se filia com orgulho ao PT.”
“Agora não tem aqueles dogmas, né? Essa classe média fala cada coisa que a gente não consegue nem entender mais o que esses caras falam. É um patrulhamento de comportamento. Viraram os fiscais do comportamento, os fiscais do politicamente correto. Ninguém mais aguenta esse tipo de esquerda.”
“Eu quero voltar à esquerda da luta de classe. Eu quero defender as mulheres, mas para defender creche, lavanderia pública, para tirar o peso de ter que lavar a roupa das mulheres pobres. É isso que a gente tem que defender.”
“Eu não quero defender visibilidade trans. Eu quero defender emprego para as transsexuais. Quero defender qualificação profissional como para qualquer pessoa. A opção sexual de cada um é problema dela, não é problema meu. Eu não posso transformar isso em bandeira política, minha gente.”
“Então assim, eu estou defendendo luta de classe, o que a esquerda sempre defendeu. E a esquerda hoje fica defendendo comportamento, parece uma ONG. Então, eu tô filiando, vou disputar o PT agora e mais ainda.”
“Fiquem calmos, eu filiei pouca gente. Eu vou filiar muito mais ao longo dos anos, porque nosso trabalho político cresce no Rio de Janeiro, vai crescer muito mais no Brasil inteiro e nós vamos disputar o PT.”
“Paciência! Se vocês estão presos na zona sul do estado de vocês e se vocês estão acostumados a não filiar ninguém, acabou, porque eu vou passar a filiar mais ainda do que filiei.”
E com essa predominância da sua força política no PT do Rio, quem você está preparando para presidir o partido?
“Cara, eu acho Humberto Costa um bom presidente.”
Nacionalmente?
“Nacionalmente. Eu acho que Humberto Costa é um bom presidente, porque eu acho que esse rapaz de São Paulo, Edinho… Mano Brown disse que o PT devia voltar para as periferias. Tinha saído e abandonado as periferias.”
“Eu não consigo ver o Edinho, aquele cabelo engomado, aquele sapato engraxado, subindo a Mangueira comigo ou indo num assentamento do MST. Eu prefiro um cara que é senador, por exemplo, como Humberto Costa, que continue na presidência do PT.”
“Aqui no Rio, quero anunciar aqui de primeira pra você — vai ser um furo que eu sempre dou quando venho aqui: será o secretário de Habitação do Eduardo Paes, o meu filho Diego será o presidente estadual do PT.”
“Porque Fabiano tem que se concentrar em viabilizar a candidatura dele a vice-governador, vai chefiar o GTE, vai organizar a chapa de deputados estaduais e federais. E Diego será o presidente estadual do PT.”
“É uma revelação, um furo aqui no programa essa informação.”
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