Em visita oficial à China, o presidente do governo da Espanha, Pedro Sánchez, reuniu-se nesta sexta-feira, 11, com o presidente chinês Xi Jinping, em Pequim.
O encontro foi divulgado pela agência estatal chinesa Xinhua e marca um novo momento nas relações entre a China e a União Europeia, com foco no fortalecimento da cooperação bilateral e multilateral.
Durante a reunião, Xi Jinping declarou que China e União Europeia devem “resistir conjuntamente à intimidação unilateral”.
A fala do presidente chinês ocorre em meio a disputas comerciais e políticas envolvendo os Estados Unidos, cuja política externa nos últimos anos tem sido marcada por sanções, tarifas e medidas protecionistas.
Xi defendeu o multilateralismo como forma de enfrentar os desafios internacionais e destacou a importância da construção de uma estrutura global de desenvolvimento compartilhado.
Segundo ele, é necessário promover a cooperação entre diferentes países e regiões, de maneira a fortalecer os laços econômicos e diplomáticos, especialmente diante das atuais tensões geopolíticas.
Pedro Sánchez, por sua vez, utilizou sua conta oficial na rede social X (antigo Twitter) para comentar o encontro.
“Com o presidente Xi Jinping, discuti o novo ímpeto que estamos dando a essa parceria hoje, com o objetivo de desenvolver relações equilibradas e mutuamente benéficas e aproximar nossas sociedades”, escreveu.
Ele também expressou a intenção da Espanha de atuar como um elo entre a União Europeia e a China, com base em interesses comuns como estabilidade internacional, transição energética, inovação tecnológica e enfrentamento das mudanças climáticas.
A reunião ocorre em um contexto de reconfiguração das alianças internacionais. Enquanto a política externa dos Estados Unidos tem adotado medidas unilaterais e restritivas, países como a China têm intensificado esforços para ampliar parcerias com outras economias, sobretudo por meio de canais multilaterais.
Xi Jinping vem promovendo uma agenda voltada à integração regional e ao desenvolvimento conjunto, com destaque para projetos como a Iniciativa do Cinturão e Rota (BRI, na sigla em inglês), que visa estabelecer novas rotas comerciais e conexões econômicas entre a Ásia, a Europa, a África e a América Latina.
Ao demonstrar interesse em aprofundar o diálogo com a União Europeia, a China busca consolidar uma rede de relações baseada em equilíbrio, reciprocidade e respeito à soberania dos Estados. Nesse contexto, a visita do líder espanhol é interpretada como um movimento estratégico voltado à ampliação da influência europeia no eixo diplomático Ásia-Europa.
A Xinhua destacou o caráter estratégico da conversa entre os dois chefes de governo, mencionando a disposição de ambas as partes em ampliar canais de diálogo e cooperação. A agência também relatou que foram discutidos temas de interesse mútuo, como comércio internacional, inovação em tecnologias limpas, segurança energética e questões climáticas.
Internamente, o governo chinês tem utilizado esses encontros para reforçar sua imagem de ator central na promoção da estabilidade global. A busca por novos acordos e entendimentos com países europeus responde tanto a interesses econômicos quanto à necessidade de contrabalançar o cenário geopolítico atual, marcado por incertezas e disputas de liderança internacional.
Especialistas observam que a diplomacia chinesa tem apostado na construção de uma ordem internacional mais distribuída, em contraste com estruturas tradicionais de poder centradas em polos específicos.
A atuação junto à União Europeia, nesse sentido, é considerada fundamental para alcançar maior equilíbrio nas decisões globais e diminuir a dependência de blocos hegemônicos.
A visita de Pedro Sánchez se insere nesse processo, indicando uma possível reconfiguração das relações internacionais em direção a um sistema mais multipolar. A aproximação entre Europa e China pode gerar desdobramentos em fóruns multilaterais e influenciar negociações em áreas como comércio, clima e segurança digital.
Até o momento, não foram anunciados acordos concretos resultantes do encontro, mas representantes de ambos os governos afirmaram que novos diálogos estão previstos para os próximos meses.
A agenda de cooperação deverá incluir reuniões técnicas entre ministros, participação conjunta em cúpulas internacionais e o aprofundamento de iniciativas já em curso.
O movimento diplomático protagonizado por Espanha e China amplia as possibilidades de articulação de blocos alternativos diante da instabilidade gerada por políticas externas unilaterais.
A disposição de ambos os lados em fortalecer uma parceria de longo prazo pode influenciar o posicionamento de outros países-membros da União Europeia, ampliando o espaço para novos acordos de cooperação com o governo chinês.
Com essa visita, a diplomacia europeia sinaliza abertura para uma interlocução mais direta com a China, enquanto Pequim reafirma sua estratégia de expandir relações com diferentes regiões do mundo, em especial aquelas que compartilham interesses estratégicos na governança internacional.
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