A Comissão Europeia anunciou a suspensão temporária da adoção de contramedidas comerciais contra os Estados Unidos, em resposta às tarifas impostas pelo governo norte-americano sobre aço e alumínio provenientes do bloco europeu.
A decisão, com validade de 90 dias, foi comunicada pela presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, em publicação na plataforma X (antigo Twitter), nesta quarta-feira, 9.
Segundo von der Leyen, a medida tem como objetivo abrir espaço para negociações com Washington.
“Tomamos nota do anúncio feito pelo presidente Trump. Queremos dar uma chance às negociações. Enquanto finalizamos a adoção das contramedidas da UE que tiveram forte apoio de nossos Estados-membros, nós as colocaremos em espera por 90 dias”, afirmou.
A iniciativa europeia seria uma reação às tarifas de 25% aplicadas pelo governo norte-americano às importações de aço e alumínio originárias da União Europeia.
As contramedidas estavam programadas para entrar em vigor na próxima terça-feira e abrangeriam produtos norte-americanos equivalentes a aproximadamente 21 bilhões de euros em exportações.
O anúncio da Comissão Europeia ocorre após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, indicar uma mudança na política tarifária anunciada anteriormente.
Há uma semana, o governo norte-americano divulgara um plano de aumento generalizado de tarifas, incluindo uma taxa de 125% sobre produtos importados da China e elevações entre 20% e 30% para mercadorias de outros países parceiros.
Nesta quarta-feira, no entanto, o governo norte-americano reviu parte das medidas. As tarifas foram reduzidas para 10% em vários casos, excetuando-se os produtos chineses, que seguem sujeitos à alíquota mais elevada.
Com a decisão europeia, o bloco suspende temporariamente a implementação de sua resposta comercial, sinalizando a intenção de resolver o impasse por meio do diálogo diplomático. As contramedidas da União Europeia já haviam sido aprovadas pelos Estados-membros e estavam prontas para entrar em vigor.
As tarifas adotadas pelo governo dos Estados Unidos fazem parte de uma política comercial mais protecionista adotada pela administração Trump, com o objetivo declarado de reduzir o déficit comercial do país e fortalecer a indústria nacional. A medida, contudo, gerou reações de diversos parceiros comerciais, incluindo a União Europeia e a China.
A decisão de Bruxelas de adiar a retaliação por 90 dias é vista como uma tentativa de evitar uma escalada imediata nas tensões comerciais entre os dois blocos. Durante esse período, representantes da União Europeia e dos Estados Unidos devem buscar alternativas para evitar a implementação mútua de novas barreiras tarifárias.
O montante previsto nas contramedidas europeias foi calculado com base no impacto estimado das tarifas norte-americanas sobre o comércio bilateral. Produtos como motocicletas, sucos, roupas e bens industriais estavam entre os itens que seriam atingidos pelas taxas adicionais da União Europeia.
A imposição de tarifas norte-americanas também motivou reações de outros parceiros comerciais além da União Europeia. A China, principal alvo das medidas mais severas, indicou que poderá adotar respostas similares caso as tarifas de 125% sejam mantidas. O governo chinês classificou as medidas como injustificadas e incompatíveis com os princípios da Organização Mundial do Comércio (OMC).
No contexto europeu, a suspensão das contramedidas não encerra o processo legal de adoção das mesmas. Fontes da Comissão Europeia informaram que os instrumentos legais permanecerão prontos para ser acionados caso as negociações não avancem durante o prazo de 90 dias.
Representantes do setor industrial europeu expressaram preocupação com os efeitos das tarifas dos Estados Unidos sobre a competitividade das empresas do bloco.
Em nota, associações do setor do aço e do alumínio destacaram que as medidas norte-americanas criam distorções de mercado e prejudicam cadeias de produção integradas entre os dois lados do Atlântico.
Os próximos passos nas tratativas comerciais entre União Europeia e Estados Unidos devem ocorrer nas próximas semanas. Diplomatas europeus esperam que o recuo parcial do governo norte-americano abra margem para um acordo que evite a adoção de novas tarifas e permita a normalização das relações comerciais bilaterais.
A Comissão Europeia informou que continuará monitorando os desdobramentos e manterá consultas permanentes com os Estados-membros e parceiros comerciais. O prazo de 90 dias estabelecido para a suspensão das contramedidas poderá ser prorrogado ou encerrado, a depender do progresso das negociações em curso.
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