O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, suspendeu a maior parte das tarifas recentemente impostas a dezenas de países, provocando reações nos mercados financeiros e entre líderes internacionais.
A decisão foi anunciada menos de 24 horas após a entrada em vigor das novas medidas comerciais, em um contexto de instabilidade crescente nos mercados globais.
A reversão parcial das tarifas ocorreu após um período de forte volatilidade nos mercados financeiros, considerado o mais intenso desde o início da pandemia de Covid-19.
Os principais índices acionários dos Estados Unidos registraram alta com a notícia, movimento que se estendeu às bolsas da Ásia e da Europa na manhã desta quinta-feira, 10.
As tarifas anunciadas inicialmente por Trump incluíam aumentos generalizados sobre produtos de diversos parceiros comerciais.
Antes do recuo, o temor entre investidores provocou perdas bilionárias nos mercados de ações e aumento nos rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano, fator que, segundo analistas, teria influenciado a decisão do presidente.
Apesar do recuo em relação a diversos países, as tarifas mais elevadas sobre importações da China foram mantidas. Os produtos chineses continuam sujeitos a uma alíquota de 125%, em comparação aos 104% anunciados anteriormente. Trump também assinou um decreto para reduzir a influência da China no setor de transporte marítimo global e promover a indústria naval dos Estados Unidos.
A China respondeu às medidas com a imposição de tarifas de 84% sobre produtos norte-americanos, além de sinalizar a possibilidade de novas retaliações.
O porta-voz do Ministério do Comércio chinês, He Yongqian, afirmou que o país “seguirá até o fim” caso os Estados Unidos mantenham sua posição. “A porta da China está aberta para o diálogo, mas ele deve se basear no respeito mútuo”, disse em coletiva de imprensa.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mao Ning, publicou uma declaração na plataforma X com a frase “nós não recuamos”, acompanhada de um vídeo com trecho de um discurso de Mao Zedong feito em 1953, durante a Guerra da Coreia. O conflito terminou com um impasse no mesmo ano.
Embora tenha mantido a pressão sobre Pequim, Trump indicou que está aberto a uma possível resolução com a China, afirmando que o objetivo das tarifas é corrigir desequilíbrios comerciais.
No entanto, assessores da Casa Branca afirmaram que, no momento, o governo dos Estados Unidos dará prioridade às negociações com países como Vietnã, Japão e Coreia do Sul.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, declarou que a medida de Trump representa um passo relevante para a estabilidade econômica global.
“Condições claras e previsíveis são essenciais para que o comércio e as cadeias de oferta funcionem”, publicou na rede X.
Após o anúncio do recuo, houve impacto nos mercados financeiros europeus. Os rendimentos dos títulos públicos da zona do euro subiram, os spreads entre títulos de diferentes países diminuíram e os mercados ajustaram as projeções de cortes de juros pelo Banco Central Europeu. As ações de empresas europeias também registraram alta.
Na Ásia, o iuan atingiu seu menor valor frente ao dólar desde a crise financeira global de 2008. O banco Goldman Sachs revisou para baixo suas estimativas de crescimento da economia chinesa em 2025, de 4,5% para 4%, citando os impactos das novas tarifas impostas pelos Estados Unidos.
A Índia foi um dos países que manifestaram interesse em avançar rapidamente com um acordo comercial com os Estados Unidos após a flexibilização das tarifas. Segundo fontes diplomáticas, o governo indiano considera a mudança norte-americana uma oportunidade para fortalecer as relações bilaterais.
Trump declarou a jornalistas que os efeitos nos mercados após os anúncios de 2 de abril influenciaram sua decisão. “É preciso ser flexível”, afirmou, sem detalhar quais países continuarão sujeitos às medidas.
A Casa Branca esclareceu que a suspensão não será total. Uma tarifa geral de 10% sobre quase todas as importações norte-americanas continuará em vigor. Além disso, a medida não altera as tarifas existentes sobre automóveis, aço e alumínio.
Os produtos do Canadá e do México também permanecem sujeitos a taxas de 25%, relacionadas ao combate ao tráfico de fentanil. A aplicação das tarifas dependerá do cumprimento das regras de origem previstas no acordo comercial entre os três países da América do Norte.
Apesar da suspensão parcial, a política tarifária dos Estados Unidos segue como fator de tensão nas relações comerciais internacionais. Autoridades de diversos países aguardam definições nos próximos dias para avaliar os efeitos práticos das mudanças e o andamento das negociações com Washington.
Com informações da Reuters
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