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Trump recua do tarifaço em meio a pressões globais

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou um recuo em sua política tarifária, após uma semana em que o governo havia imposto tarifas agressivas sobre produtos chineses e de outros parceiros comerciais. A decisão gerou controvérsia, com assessores de Trump descrevendo-a como uma jogada estratégica, enquanto o próprio presidente afirmou ter mudado de ideia […]

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REUTERS/Carlos Barria

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou um recuo em sua política tarifária, após uma semana em que o governo havia imposto tarifas agressivas sobre produtos chineses e de outros parceiros comerciais.

A decisão gerou controvérsia, com assessores de Trump descrevendo-a como uma jogada estratégica, enquanto o próprio presidente afirmou ter mudado de ideia apenas nas últimas horas.

O anúncio, feito por meio de uma coletiva de imprensa com a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, e o secretário de Comércio, Scott Bessent, reduziu as tarifas de 125% para 10% em uma série de produtos importados. A medida foi uma reviravolta significativa, especialmente após o governo dos EUA ter anunciado semanas antes a imposição de tarifas que visavam pressionar a China e outros países.

A decisão de recuar foi apresentada por Leavitt como parte de uma estratégia calculada para obter concessões comerciais, e não como uma concessão, como poderia parecer à primeira vista.

Bessent, em suas declarações, defendeu a ação como parte de um plano previamente articulado por Trump. Segundo o secretário de Comércio, a estratégia visava “colocar a China em uma posição difícil”. Para ele, a economia chinesa era “a mais desequilibrada da história do mundo moderno” e “a maior fonte dos problemas comerciais dos Estados Unidos”.

Esse posicionamento foi endossado por figuras como o megainvestidor Bill Ackman, que declarou nas redes sociais que a medida foi “executada brilhantemente” por Trump.

No entanto, a versão do presidente contrastou com essa narrativa estratégica. Em entrevista ao lado de assessores no Salão Oval, Trump afirmou que a decisão foi tomada repentinamente, apenas na manhã de quarta-feira, após refletir sobre a situação nos dias anteriores.

“Pensei muito nos últimos dias e achei melhor recuar”, declarou Trump, sem fazer referência a um plano estratégico previamente definido. A discrepância entre as declarações de Trump e seus assessores gerou questionamentos sobre a coerência e estabilidade da política comercial do governo.

Especialistas econômicos sugeriram que a mudança abrupta nas tarifas e a falta de consistência nas explicações podem ser um reflexo da instabilidade da política comercial de Trump.

A adoção de tarifas elevadas foi criticada por vários analistas, que apontaram os riscos de deterioração nas relações comerciais dos Estados Unidos com seus aliados tradicionais e uma possível perda de imagem como parceiro comercial confiável.

Além disso, a medida também foi vista como uma ameaça ao crescimento econômico do país, com a possibilidade de agravar uma desaceleração econômica global.

A decisão foi tomada no contexto de crescente pressão econômica e política. Na véspera do anúncio, três pesquisas indicaram uma queda na aprovação de Trump.

A crescente preocupação com uma possível recessão nos Estados Unidos, junto com os impactos negativos de uma guerra comercial prolongada com a China, levaram economistas a alertar sobre os riscos de políticas econômicas imprevisíveis.

A instabilidade da política tarifária de Trump foi apontada como um dos fatores que contribuíram para a queda da confiança dos mercados.

A situação foi exacerbada pelo movimento de venda recorde de títulos americanos, observado na terça-feira (8), o que foi interpretado como um sinal de desconfiança dos investidores.

Charlie Gasparino, correspondente da Fox Business, relatou que a decisão de Trump de recuar nas tarifas foi uma resposta às dificuldades econômicas que começaram a surgir, com uma possível “capitulação” do governo diante das pressões dos mercados financeiros.

A política econômica de Trump também enfrenta resistência interna. Dentro do próprio Partido Republicano, há uma crescente pressão para moderar a postura radical e imprevisível de sua administração.

Membros do partido sugerem que as políticas comerciais agressivas, especialmente as tarifas elevadas, podem prejudicar o crescimento econômico a longo prazo e afetar negativamente as relações diplomáticas com países aliados.

A mudança na estratégia tarifária de Trump pode ser vista à luz de seus princípios apresentados em seu livro “A Arte da Negociação”, publicado em 1987. A obra se tornou um pilar da imagem pública de Trump e contém orientações sobre como alcançar o sucesso nos negócios. Entre os princípios defendidos no livro, destacam-se a importância de “pensar grande”, “negociar com base na força” e “ser durão”.

A aplicação desses conceitos na política externa dos EUA ficou evidente quando Trump impôs tarifas elevadas logo no início de seu mandato, criando um ambiente de tensão que, quando suavizado, poderia ser interpretado como uma concessão vantajosa.

Outro aspecto do livro é o uso da mídia como ferramenta de negociação. Trump acredita que a atenção pública, mesmo negativa, pode ser transformada em uma vantagem estratégica. Isso poderia explicar sua disposição para fazer anúncios controversos e desafiadores, buscando sempre manter a atenção dos meios de comunicação.

Entretanto, a obra de Trump também é alvo de críticas. Críticos apontam que o livro omite falhas e fracassos significativos de sua carreira empresarial, como a tentativa malsucedida de criar uma liga de futebol americano nos anos 1980.

Além disso, biógrafos sugerem que o império de Trump foi em grande parte sustentado por empréstimos financiados pelos bens de seu pai, o que contrasta com a imagem de sucesso autossustentado promovida por ele ao longo dos anos.

A reviravolta nas tarifas impõe uma nova questão sobre o futuro da política comercial dos EUA e suas implicações para a economia global. O desafio agora é equilibrar os interesses nacionais com as pressões de mercados e aliados, em um cenário econômico volátil e politicamente tenso.

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